Helder Júnior, enviado especial, Gazeta Esportiva, em Brasília (DF)
O Brasil enfim teve uma atuação convincente em sua Copa do Mundo. No final da tarde desta segunda-feira, a equipe comandada por Luiz Felipe Scolari justificou os gritos de “o campeão voltou” que ecoavam das arquibancadas do Mané Garrincha, superou o descompromisso do eliminado time de Camarões e fez 4 a 1 para ir às oitavas de final. Os gols foram de Neymar (2), o melhor em campo, Fred, que desencantou, e Fernandinho, pronto para ser titular na vaga de Paulinho.
Na próxima fase, o adversário brasileiro será o Chile, segundo colocado do grupo B. Na chave A, o Brasil totalizou os mesmos 7 pontos do México, que bateu a Croácia por 3 a 1 na Arena Pernambuco e avançou para enfrentar a Holanda nas oitavas. Croácia, com 3 pontos, e Camarões, com 0, acabaram eliminados.
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O Brasil terá menos de uma semana para se preparar para o início da fase de mata-mata do Mundial, já que a partida contra o Chile será às 13 horas (de Brasília) de sábado, no Mineirão. No mesmo horário, mas no domingo, o México jogará contra a Holanda no Castelão.
O jogo – O técnico Luiz Felipe Scolari e os seus jogadores disseram durante toda a semana que era impossível repetir o mesmo padrão de jogo da campanha vitoriosa da Copa das Confederações do ano passado em uma Copa do Mundo. Ao menos no início da partida contra Camarões, eles provaram o contrário.
Nos primeiros minutos, o Brasil impôs a pressão característica dos seus jogos na Copa das Confederações. O atacante Hulk, de volta ao time após se queixar de dores na coxa esquerda, foi o primeiro a levar a marcação na base da raça pelo lado direito do campo. Derrubado, sacudiu os braços para pedir o apoio do público.
Com a gritaria vinda das arquibancadas – ninguém dizia que era brasileiro, com muito orgulho e com muito amor, mas todos se faziam escutar –, o Brasil continuou em cima de Camarões. Quase abriu o placar aos dois minutos. Neymar fez um ótimo passe para Daniel Alves, que avançou pelo lado direito da área e rolou para trás. O contestado Paulinho só não marcou o gol porque foi travado pela zaga africana.
Logo depois de voltar a aparecer de surpresa no ataque, Paulinho falhou na defesa. O passe errado para David Luiz obrigou o volante a dar um carrinho para evitar que o ataque de Camarões ficasse à frente do goleiro Júlio César. Era a primeira amostra de que a seleção adversária não estava completamente resignada em sua despedida da Copa do Mundo.
A segunda viria já em seguida. Em uma bola perdida na linha de fundo do ataque brasileiro, Nyom não se deu por vencido e empurrou Neymar ao chão. O astro brasileiro se revoltou e deu de ombros para o pedido de desculpas do camaronês. A sua resposta viria com um gol.
Aos 16 minutos, Luiz Gustavo roubou a bola no lado esquerdo do ataque brasileiro e fez um cruzamento rasteiro. Neymar mostrou oportunismo para esticar o pé dentro da área de Camarões, bater Itandje e abrir o placar no Mané Garrincha. A sua empolgação foi tamanha que, pouco depois, ele quase fez outro com um chute plástico, de primeira. O goleiro espalmou.
Quem também queria aproveitar o bom momento brasileiro na partida era Fred, cobrado pelas más apresentações das duas primeiras rodadas. De bigode grosso no rosto, o centroavante se esforçou para completar um cruzamento da esquerda de Paulinho após passe de Oscar. Enroscou-se com o goleiro e desperdiçou a oportunidade.
Sem nada a perder, o time de Camarões resolveu contra-atacar. E foi bem-sucedido, principalmente porque a marcação brasileira era muito confusa. O primeiro grande susto veio quando Matip subiu para cabecear no meio da defesa amarela e acertou o travessão. Foi um prenúncio do gol.
Aos 25 minutos, Nyom pedalou na frente de Daniel Alves, enganou o lateral adversário com facilidade e cruzou rasteiro da esquerda. Matip apareceu por trás da desatenta zaga da Seleção Brasileira e só teve o trabalho de empurrar para a rede.
O gol camaronês fez a torcida silenciar e deixou mais nítidos os problemas do Brasil. Neymar se incumbiu de escondê-los novamente. Aos 33 minutos, ele recebeu a bola de Marcelo, encarou a marcação até a entrada da área, clareou e concluiu no contrapé do goleiro para desempatar o jogo e descer para o vestiário ovacionado.
Mesmo com a vantagem no placar, Felipão decidiu mudar a sua equipe no intervalo. O técnico que havia dito confiar cegamente em Paulinho no dia anterior abriu os olhos para enxergar o volante sem brilho outra vez. Mandou Fernandinho a campo e foi recompensado com uma melhora considerável da Seleção.
Com a mesma pressão inicial do primeiro tempo – Hulk, de novo, tinha liberdade para correr pela direita –, o Brasil precisou de três minutos para ampliar o marcador no segundo. Fernandinho dominou a bola na entrada da área e acionou David Luiz na esquerda. O zagueiro cruzou para Fred desencantar, de cabeça.
O placar dilatado desanimou a eliminada equipe de Camarões, que passava a chamar o Brasil para o ataque. O técnico alemão Volker Finke buscou algum sinal de reação com Salli no lugar de Moukandjo. Felipão também mexeu, com Ramires na vaga do bastante esforçado (e nada além) Hulk. Depois, trocou Oscar por Neymar, aplaudido de pé.
Àquela altura, o jogo já estava decidido a favor do Brasil. Restava aos comandados de Felipão evitarem as divididas mais duras com os atletas de Camarões, que começavam a abusar da violência. A torcida, satisfeita, começou até a ensaiar novos coros de incentivo. E retornou ao “o campeão voltou” depois que Fernandinho, aos 38, tirou proveito de jogada com Fred e Oscar para bater no canto e transformar a vitória em goleada.