Senadores e deputados federais caíram em um golpe semelhante ao falso sequestro relâmpago e desembolsaram pelo menos R$ 20 mil a bandidos que se passavam por parlamentares. A Polícia do Senado identificou uma quadrilha que aplicava o golpe havia pelo menos um ano. Como não foram pegos em flagrante, os quatro jovens envolvidos chegaram a ser ouvidos pela polícia, mas não acabaram presos. O relatório sobre o crime será entregue ao Ministério Público de Sergipe ou de Alagoas, de onde os suspeitos atuavam. Eles podem ser condenados por estelionato.
O golpe funcionava como uma versão do “disque-sequestro”, geralmente atribuído a presidiários que, em ligações telefônicas, convencem as vítimas de que são parentes sequestrados. Os jovens ligavam para parlamentares e se apresentavam como um senador ou um deputado amigo que precisa de ajuda. “Eram várias mentiras: ‘Perdi meu cartão de crédito’, ‘fui roubado’, ‘meu carro estragou…’ Depois, pediam que depositassem um dinheiro e passavam o número de uma conta”, diz o diretor da Polícia Legislativa, Pedro Carvalho, completando que o crime era baseado na “lábia” dos farsantes.
Segundo Carvalho, alguns parlamentares caíram no golpe e chegaram a fazer o depósito. Ele não quis informar o nome das vítimas. “Segundo os jovens, nos últimos dois meses, eles conseguiram tirar R$ 20 mil dos parlamentares”, diz. Mas a atuação da quadrilha data de mais tempo, e o valor furtado deve ser maior. Um funcionário da senadora Ana Amélia (PP-RS) foi vítima do grupo há mais de um ano, em dezembro de 2011. Um dos suspeitos ligou para o gabinete dela e se identificou como um deputado de Porto Alegre.
De acordo com funcionários do gabinete de Ana Amélia, o funcionário — um motorista — acabou acreditando na mentira e, depois de comunicar à secretária da parlamentar, depositou R$ 1,6 mil na conta dos suspeitos. A senadora só ficou sabendo do caso depois do “empréstimo” e, em um encontro com o parlamentar que teria pedido o dinheiro, descobriu que havia sido vítima de um golpe. Segundo Carvalho, os suspeitos não usavam sempre o mesmo nome, alternando entre senadores e deputados.
Por Correio Brasiliense