Tossiro Neto, Gazeta Esportiva, em São Paulo (SP)
O São Paulo balançou as redes do Pacaembu cinco vezes na tarde deste domingo e não goleou o Corinthians. Dois dois gols foram contra (do zagueiro Antônio Carlos), o que fez com que o time de Muricy Ramalho precisasse de Paulo Henrique Ganso, Luis Fabiano e Rodrigo Caio para vencer por 3 a 2 e pôr fim a um longo jejum em clássicos. O último vencido havia sido em dezembro de 2012, no mesmo estádio, e diante do mesmo rival.
A contagem começou cedo, aos nove minutos, quando Antônio Carlos marcou seu primeiro gol contra na partida. Mas o São Paulo igualou ainda no primeiro tempo, com um golaço de Ganso, e chegou à virada através dos pés de Luis Fabiano, no início da segunda etapa. Um novo erro de Antônio Carlos ameaçou o triunfo, contudo a tarde estava reservada para a quebra do tabu, e, aos 33 minutos, Rodrigo Caio assegurou a vantagem final.
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Pela competição estadual, os dois rivais voltam a jogar apenas daqui a uma semana. Restando agora duas rodadas, o Corinthians (dois pontos abaixo do Ituano, segundo colocado de sua chave) visita o Penapolense, no mesmo dia em que o São Paulo, cada vez mais líder de seu grupo, agora com 24 pontos ganhos, recebe o Ituano. Antes disso, no entanto, a equipe tricolor estreia no meio de semana na Copa do Brasil, frente ao CSA, em Maceió.
Neste domingo, Muricy Ramalho mostrou ter feito mistério à toa, uma vez que levou a campo o mesmo São Paulo da rodada passada, com exceção da mudança já esperada de Álvaro Pereira, de volta da seleção uruguaia, no lugar de Reinaldo. Mano Menezes, sim, tinha indefinições. E suas escolhas foram Renato Augusto no meio-campo (que ganhou a disputa com Danilo pelo lugar de Jadson, impossibilitado de atuar por questões contratuais) e Romarinho (apesar da recuperação de Paolo Guerrero) como parceiro de Luciano no ataque.
Foi Romarinho quem logo deu o tom de como seria a etapa inicial. O atacante corintiano arrancou com a bola dominada pela faixa esquerda e conseguiu invadir a área, mas, cercado por mais de um defensor, chutou direto para fora. A resposta são-paulina não tardou. No lance seguinte, ainda no primeiro minuto de jogo, o lateral direito Douglas arriscou arremate cruzado da ponta direita, e o goleiro Cássio agachou para agarrar a bola. O clássico seria movimentado.
Com três atacantes – Pabon aberto pela ponta direita, e não mais como um armador -, o São Paulo apertava a saída de jogo do Corinthians, enquanto o adversário contragolpeava, quando podia, com muita velocidade. Como aos seis minutos, quando um chutão para o alto criou indefinição entre Rodrigo Caio e Antônio Carlos, e Romarinho só não levou a melhor porque foi derrubado pelo primeiro zagueiro. A falta à direita da meia-lua seria uma boa oportunidade, mas Bruno Henrique bateu longe da meta de Rogério Ceni.
Pouco depois, porém, aos nove minutos, Romarinho cobrou escanteio pela direita, e a bola atravessou toda a àrea até chegar aos pés de Luciano. O novo xodó corintiano dominou, chutou cruzado e contou com desvio do zagueiro Antônio Carlos para abrir o placar do Pacaembu e comemorar com a torcida do Tobogã. Mas, após ter balançado a rede quatro vezes nas duas partidas anteriores, o jovem atacante não aumentou sua artilharia porque a arbitragem conferiu o gol como contra.
O desenho tático do Corinthians – com Renato Augusto e Luciano se revezando nas pontas, e Romarinho mais avançado – imediatamente se encolheu, à espera de botes certeiros de seu trio de volantes. “É natural”, analisou Ralf (que tinha a companhia de Guilherme e Bruno Henrique), no intervalo, “você dar uma recuada quando faz 1 a 0 em um clássico. Só que a gente recuou muito e trouxe a equipe deles para cima da gente”.
Com mais campo, o São Paulo foi chegando aos poucos. A primeira tentativa de empate saiu dos pés de Luis Fabiano. O centroavante dominou bola no peito, na entrada da área, e bateu à direita do gol de Cássio. Pabon também teve boa oportunidade, porém pegou mal demais na bola, enquanto Rodrigo Caio e Antônio Carlos quase alcançaram uma falta cobrada em direção à área. Mais tarde, foi a vez de Osvaldo ser acionado cara a cara com Cássio; o árbitro, no entanto, apontou impedimento.
A série de chances mal aproveitadas fez com que Muricy Ramalho perdesse a paciência aos 33 minutos, assim que Maicon errou um passe e foi obrigado a parar jogada, em falta que lhe custou cartão amarelo. O treinador reclamou com o meia, que quis se defender e retrucou. Coincidência ou não, o Corinthians teve dois bons suspiros ofensivos na sequência. Primeiramente, com tabela entre Romarinho e Uendel que obrigou Rogério Ceni a sair de carrinho do gol. Depois, em rápido contra-ataque de Romarinho bloqueado por Rodrigo Caio somente no bico da área.
O susto da torcida do São Paulo deu lugar à euforia aos 38 minutos. Ganso recebeu na intermediária e deu dois toques na bola. Um para ajeitar, e outro (de bico, com a perna esquerda) para colocá-la no ângulo esquerdo de Cássio. Um golaço que reacendeu a esperança visitante e tirou a calma dos donos da casa. Cássio foi xingado por cobrar mal um tiro de meta pela terceira vez seguida, e Mano Menezes acabou expulso pouco antes do intervalo por discutir com a arbitragem.
O Corinthians voltou do vestiário sem o meia Renato Augusto, substituído pelo atacante Guerrero, ao passo que o São Paulo trocou o volante Souza (que havia machucado o joelho direito na metade do primeiro tempo) por Wellington. Mal deu tempo para notar qualquer diferença tática. Ainda aos cinco minutos, após boa jogada de Douglas, Pabon cruzou rasteiro para Luis Fabiano desviar dentro da área, no meio do gol, e vazar o goleiro Cássio pela segunda vez na tarde.
“Põe o Jadson”, gritou um corintiano na arquibancada, mesmo ciente de que Sidnei Lobo, auxiliar técnico do expulso Mano Menezes, não tinha o camisa 10 no banco de reservas. Mas a única substituição até então já seria suficiente para buscar a igualdade. Guerrero tentou aos oito e aos dez, mas só teve a insistência premiada aos 14 minutos. Após chute cruzado do peruano pelo lado esquerdo, Antônio Carlos contribuiu de novo com o Corinthians ao tirar a bola do alcance de Rogério Ceni: 2 a 2.
À medida em que a blitz corintiana foi perdendo gás, o São Paulo retomou a confiança em vencer. E, aos 33 minutos, após cruzamento de Osvaldo pelo lado esquerdo, Rodrigo Caio saltou para tocar de cabeça e salvar a pele de seu companheiro de zaga. O gol garantiria a vitória, o fim de um longo jejum da equipe sem vencer um clássico e, de quebra, atrapalharia o Corinthians na busca por uma vaga no mata-mata.