Em Sergipe, 253 pacientes com problemas de visão estão aguardando por transplantes de córnea, de acordo com a Central de Transplantes do Estado. O mês de setembro é marcado por diversas campanhas de conscientização para os cuidados com a saúde, entre elas o Setembro Verde, que busca incentivar a doação de órgãos e tecidos.
A córnea é uma estrutura transparente e avascular que cobre a parte anterior do olho e funciona como uma lente natural, desempenhando um papel crucial na focalização da luz que entra no olho para formar uma imagem clara na retina.
Este ano, o estado já registrou 100 doações de córnea, mas essa ação tão benéfica ainda enfrenta desafios, como o preconceito e a falta de informação. A realidade se estende para outros órgãos, como coração e tecidos.
O presidente da Sociedade Sergipana de Oftalmologia, Dr. Allan Luz, explicou que o transplante de córnea pode recuperar a visão em mais de 90% dos casos de pessoas com algum tipo de deficiência visual.
“É muito importante conscientizar as pessoas sobre a necessidade de doação, pois sem doação não há transplante. Muitas pessoas estão na fila aguardando um transplante de córnea. É essencial que os familiares estejam cientes do desejo de doar”, diz.
Desde abril deste ano, quem quer ser doador de órgãos pode manifestar e formalizar sua vontade por meio de um documento oficial, feito digitalmente, reconhecido em cartório, a partir do site www.aedo.org.br. Depois da declaração, a Central Nacional de Doadores de Órgãos vai saber, a partir da consulta por CPF, que a pessoa é doadora e avisar a família antes da decisão.
Pode doar córneas qualquer pessoa entre dois e 80 anos, falecida por parada cardíaca em até seis horas ou por morte encefálica. Não é preciso ter a visão perfeita – pessoas com miopia, hipermetropia, astigmatismo, que usam óculos ou lentes de contato, já curaram conjuntivite, ou que têm cânceres não relacionados à leucemia, linfoma e mielomas também podem ser doadoras.
Em Sergipe, o recolhimento das córneas é feito pelo Banco de Olhos, e o transplante pode ser realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através do Hospital de Olhos.
Procedimentos
Segundo Allan Luz, existem diversos tipos de transplantes de córnea, sendo o convencional aquele em que toda a córnea é substituída. Este procedimento possui uma durabilidade menor e apresenta um risco maior de rejeição.
“As técnicas mais tecnológicas atualmente são os transplantes lamelares. Neste procedimento apenas uma pequena camada córnea é transplantada. Você tem uma durabilidade maior e tem uma chance de rejeição menor”, explicou o oftalmologista.
Novas terapias podem reduzir os números de pessoas nas filas
Uma pesquisa da faculdade de Medicina de Harvard publicada no The American Journal of Pathology revela que o hormônio estimulador do neuropeptídeo a-melanócito (a-MSH) controla o edema e a opacidade da córnea após uma lesão no endotélio, camada interna da córnea.
“As inovações vão surgindo ao longo dos anos na medicina para que tratamentos menos invasivos sejam feitos para evitar o transplante, como é o caso desse novo tratamento para camada posterior”, pontuou Allan Luz.
Sobre o Dr. Allan Luz
Especialista em transplante de córnea, no tratamento da ceratocone e na realização de cirurgia refrativa, Dr. Allan Luz é formado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e iniciou suas atividades acompanhando o Dr. Mário Ursulino, fundador do Hospital de Olhos de Sergipe (HOS), referência em oftalmologia no estado. Atualmente é professor e coordenador do curso de especialização do HOS, pioneiro e único na área em Sergipe, e está como presidente da Sociedade Sergipana de Oftalmologia.
Dr. Allan Luz possui doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e premiações nacionais e internacionais. Também é palestrante, acumulando em sua trajetória mais de 100 aulas em congressos e simpósios nacionais e internacionais, além de 40 artigos reproduzidos nas mais respeitadas publicações científicas.
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Fonte: ascom/diculgação