Por Paulo Sousa
O projeto que trata do Proinveste, que está em discussão na Assembleia Legislativa, continua dando muito que falar e gerando polêmica, de certa forma, desnecessária. Ao invés de abrir o diálogo de forma clara, transparente, o governo vem optando pelo sensacionalismo e arrogância, usando veículos de comunicação, por sinal, bancados por ele, para tentar jogar o povo contra os deputados que, simplesmente, pedem cautela na aprovação deste projeto.
Um projeto desta natureza, que não mostra claramente onde o montante de R$ 727 milhões será investido, compromete as finanças do estado, segundo dezenas de especialistas da área econômica, não pode e não deve ser votado num simples piscar de olhos como se este fosse um projeto qualquer.
Nesta segunda-feira, em entrevista a Ilha FM, o presidente do Sindifisco – Sindicato do Fisco de Sergipe, Abílio Castanheda, revelou que o estado de Sergipe tem direito a executar R$ 3,5 bilhões de dívidas de contribuintes. Ou seja, centenas de contribuintes devem ao estado este valor bilionário.
Ainda segundo o sindicato, baseado em relatório oficial da Secretaria da Fazenda, o estado tem em caixa R$ 536 milhões que não foram gastos em anos anteriores. Para o presidente do Sindifisco, o estado não precisa pedir o referido empréstimo.
O PSTU, bravo partido de esquerda que vem conquistando a cada dia a simpatia e a admiração do povo sergipano, também discorda desse empréstimo. A militante Vera Lúcia declarou que o dinheiro é bem vindo em forma de doação, mas não em forma de empréstimo.
Outro que também coloca o Proinveste em dúvida é o presidente da CUT, professor Dudu, que teme que o empréstimo venha inviabilizar futuras gestões.
Como se percebe aqui ninguém está sendo contra o estado e muito menos ao povo de Sergipe, como tentam induzir setores da comunicação e da política, que são patrocinados pelo governo, para tentar denegrir a imagem dos que são contra a aprovação deste projeto.
O que todos querem neste momento, é transparência do governo e a garantia que os R$ 727 milhões serão aplicados corretamente na saúde, educação, segurança, infraestrutura, e tantas outras importantes áreas sociais.
Se o governo não dá aos parlamentares e a própria sociedade essa garantia, é por que ele tem segundas intenções, é por que esse dinheiro tem outra finalidade.
Ao invés do governo brigar por um empréstimo que terá de ser pago em forma de juros, por que não brigar junto ao governo federal pela liberação dos quase R$ 300 milhões de emendas parlamentares que Sergipe tem direito?
Por que ao invés de comprometer o estado com empréstimos milionários o governo não cobra dos grandes contribuintes a dívida bilionária que eles têm com o estado? Será que é por que esses devedores são pessoas influentes na sociedade, na classe política, e o governo não quer, digamos que, contrariar seus interesses, seus objetivos?
Será que o pequeno contribuinte que paga suas contribuições em dia, que não sonega impostos, que não tem influencia política, e que cumpre com suas responsabilidades teria esse mesmo privilégio que estão tendo os tubarões, ou melhor, os grandes empresários? Reflita um pouco sobre isso.
Dizer que deputado a ou deputado b é contra o estado é muito fácil, agora o difícil é este governo explicar e convencer a população para onde foi parar o montante de R$ 1 bilhão deixado nos cofres do estado pelo então secretário da Fazenda Nilson Lima e não ficar com esse jogo baixo de querer colocar um contra o outro.
A sociedade, que já está escaldada de tantas promessas desse e de outros governos, exige a máxima transparência do projeto enviado à Assembleia. A sociedade não aceita que um projeto que compromete as finanças do estado pelos próximos 20 anos seja aprovado a qualquer custo.
Se o governo quer a aprovação do Proinveste, que ele seja transparente e trate o assunto com responsabilidade. Afinal de contas, são R$ 727 milhões que terão de ser pagos pelo estado, dinheiro que sairá do meu bolso, do bolso de você, leitor.
Por isso, cautela é o mínimo que devem ter os parlamentares na discussão desse projeto.
*É jornalista e diretor de Jornalismo do Caju News