A Polícia Federal (PF) cumpre, na manhã desta sexta-feira (17), 309 mandados judiciais em sete estados do Brasil. Entre eles, o Paraná. A operação, batizada de “Carne Fraca”, apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Logo nas primeiras horas desta sexta-feira, diversos fiscais do Mapa já tinham sido presos. Segundo a polícia, a “Carne Fraca” é a maior operação já realizada pela Polícia Federal no país. As investigações chegaram às principais empresas do setor, como a BRF Brasil e a JBS.
Segundo as investigações, o esquema no Paraná era comandado pelo ex-superintendente regional do Mapa, Daniel Gonçalves Filho, e pela chefe do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Maria do Rocio Nascimento, que trabalham em Curitiba.
Na casa do atual superintendente regional do Mapa, Gil Bueno, a polícia apreendeu R$ 65 mil reais nesta manhã. Os três são alvos de prisão preventiva.
Há, ainda, ramificações em Londrina, no norte do estado, e em Foz do Iguaçu, na região oeste do Paraná.
O G1 tenta contato com as defesas das empresas e dos servidores públicos citados pela Polícia Federal.
Operação nacional
A operação detectou, em quase dois anos de investigação, que as Superintêndencias Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, de Minas Gerais e de Goiás atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público.
Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva.
Entre as ilegalidades praticadas no âmbito do setor público, está a remoção de agentes públicos com desvio de finalidade para atender a interesses dos grupos empresariais. A conduta permitia a continuidade delitiva de frigoríficos e empresas do ramo alimentício que operavam em total desrespeito à legislação vigente.
No caso goiano, o sistema operava de forma parecida com o paranaense, sendo chefiado pelo chefe local do Dipoa, Dinis Lourenço da Silva. Em Minas Gerais, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva afirma que as investigações foram insuficientes para aprofundar o tamanho dos atos de corrupção envolvidos.
Aproximadamente 1,1 mil policiais federais cumprem os 27 mandados de prisão preventiva; os 11 de prisão temporária; os 77 de condução coercitiva; e os 194 de busca e apreensão em residências e em locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao grupo criminoso.
As ordens judiciais foram expedidas pela 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba e estão sendo cumpridas: em São Paulo, no Distrito Federal, no Paraná, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e em Goiás.
O nome da operação faz alusão à conhecida expressão popular em sintonia com a própria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos corporativos do ramo alimentício. Conforme a PF, a expressão popular demonstra uma fragilidade moral de agentes públicos federais que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos a sociedade.
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Por Alana Fonseca, Samuel Nunes e Marçal Dias Jordan, do G1 PR e da RPC