Por Márcio Iannacca, Globo Esporte da Buenos Aires, Argentina
Nada melhor do que um pênalti após o outro… Depois de desperdiçar cobrança no empate por 1 a 1 com a Colômbia, em amistoso nos Estados Unidos, Neymar foi decisivo nesta quarta-feira e converteu a penalidade que tornou a seleção brasileira bicampeã do Superclássico das Américas. Após derrota por 2 a 1 no tempo normal, em La Bombonera, em Buenos Aires, o Brasil venceu por 4 a 3 nos pênaltis.
– Acabei afundando o pé lá e mandei a bola longe. Agora, pude concluir bem e fazer o gol – disse Neymar após a partida, durante a comemoração no gramado.
Como tinha vencido por 2 a 1 em Goiânia, no último dia 19 de setembro, a Seleção jogava pelo empate nesta quarta-feira. Mas com direito a pênalti polêmico em favor dos “hermanos”, o time de Mano Menezes perdeu por 2 a 1, gols de Scocco, duas vezes, e Fred, descontando para o time verde e amarelo. Nas penalidades, porém, o Brasil afastou o fantasma da Copa América.
No ano passado, também na Argentina, a Seleção de Mano foi derrotada pelo Paraguai nas quartas de final, depois de desperdiçar quatro cobranças. Essa partida do Superclássico das Américas era para ter sido no dia 3 de outubro, em Resistencia, mas uma queda de energia no estádio Centenário fez o duelo ser adiado e transferido para Buenos Aires.
A seleção brasileira, com seu time principal, volta a campo apenas no dia 6 de fevereiro, contra a Inglaterra, no estádio de Wembley, em Londres. No próximo ano, o principal desafio do time verde e amarelo será a Copa das Confederações, que será realizada no Brasil, do dia 15 a 30 de junho.
Brasil à vontade
Nem de longe a pressão em La Bombonera no duelo entre Argentina e Brasil era igual aos jogos do Boca Juniors, dono do estádio. Talvez por isso a seleção brasileira tenha se sentido tão à vontade nos primeiros minutos de partida. Com bom toque de bola, a equipe de Mano Menezes teve as melhores chances.
É verdade que quando tinha a bola, principalmente nas jogadas pelas laterais, a Argentina levava perigo. Mas, no geral, foram do Brasil das melhores chances. Ambas com Neymar. O atacante do Santos, mesmo sem ser brilhante, era a melhor válvula de escape diante da forte marcação dos “hermanos”.
Como aconteceu aos 12 minutos, logo depois de a torcida argentina ensaiar um “olé” a cada toque dos jogadores. Neymar disparou do campo de defesa, passou por quatro marcadores e quando tentou tocar para Fred, que ficaria livre, na cara do gol, viu a zaga dos donos da casa interceptar.
A resposta da Argentina veio em tom alvinegro. Após cruzamento de Sebá Dominguez, ex-Timão, o corintiano Martinez bateu de voleio, assustando o estreante Diego Cavalieri. O goleiro, que ficou com a vaga de Jefferson na partida, apenas olhou a bola passar à direita, perto da trave.
Mais rápida quando tinha a posse de bola, a seleção brasileira chegou mais uma vez com Neymar aos 32 minutos. O atacante recebeu bom passe de Arouca e tentou encobrir o goleiro Orión. Mas o toque saiu forte demais e bola passou por cima do gol. Aos 36, Thiago Neves tentou chute colocado. Mas não teve sucesso.
Fred decisivo!
Em qualquer jogo é complicado deixar as oportunidades passarem, mas contra a Argentina é pior ainda. Logo no começo do segundo tempo, Paulinho perdeu grande chance após lindo passe de Fred. E o Brasil só não foi vazado na sequência porque Diego Cavalieri salvou depois que Martinez apareceu livre na pequena área.
Depois do susto, a seleção brasileira se recompôs rapidamente. Compensando a falta de entrosamento com bom toque de bola, o time de Mano Menezes chegou com perigo aos sete minutos. Novamente com Neymar. O atacante cabeceou por cima ótimo cruzamento de Paulinho pela direita.
Percebendo a boa troca de passes da Seleção, os argentinos apertaram ainda mais a marcação no meio de campo e na saída de bola do time de Mano. Aos poucos, a partida ficou morna, sem muitas chances. Ou melhor, nenhuma oportunidade para os dois lados. O empate, no entanto, dava o título à seleção brasileira.
Como precisava de pelo menos um gol para levar a decisão para os pênaltis, a Argentina resolveu se arriscar mais ao ataque. E aos 24 minutos, Martinez e Lucas Marques se enroscaram na área. Os argentinos reclamaram pênalti, mas o árbitro chileno Enrique Osses não marcou nada.
Ele deixou para marcar uma penalidade que não ocorreu. E em favor da Argentina. Jean tirou a bola de Martinez e Osses viu pênalti. Só que o desarme do brasileiro foi legal e, para piorar, fora da área. Na cobrança, aos 36 minutos, Scocco bateu forte e não deu chance para o goleiro Diego Cavalieri.
Desse jeito, a decisão do Superclássico das Américas iria para os pênaltis. Mas Fred apareceu. Logo na sequência, aos 37, Jean bateu mascado da entrada da área e o artilheiro do Fluminense desviou para o fundo do gol. Na comemoração, dança com Neymar. Cedo demais para comemorar, porque Scocco marcou de novo aos 44 e levou a decisão para os pênaltis.
Na cobrança das penalidades, o Brasil venceu por 4 a 3 e levou o bicampeonato do Superclássico das Américas. Thiago Neves, Jean, Fred e Neymar converteram para a Seleção (Carlinhos errou). Sebá Domingues, Scocco e Orión fizeram para a Argentina (Martinez e Montillo desperdiçaram).
ARGENTINA 2 (3) X 1 (4) BRASIL
Orión; Lisandro López, Sebá Domínguez e Desábato; Peruzzi, Cerro (Ahumada), Guiñazu, Montillo e Vangioni; Martínez e Barcos (Scocco).Técnico: Alejandro Sabella.
Diego Cavalieri; Lucas Marques (Bernard), Réver, Durval e Fábio Santos (Carlinhos); Ralf, Paulinho, Arouca (Arouca) e Thiago Neves; Neymar e Fred.Técnico: Mano Menezes.
Gols: Scocco, aos 36 e aos 44, e Fred, aos 37 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Guiñazu (ARG); Réver, Fred (BRA)
Local: estádio La Bombonera, em Buenos Aires (Argentina). Árbitro: Enrique Osses (Chile).