A morte de um adolescente neste fim de semana no litoral sul de São Paulo deixou em alerta pais e professores de todo o País sobre uma perigosa brincadeira, disputada principalmente por meninos, transmitida em tempo real pela internet. É o Jogo do Enforcamento, Jogo da Asfixia ou Jogo do Desmaio (traduções para “The Choking Game”), no qual os participantes usam cordas, cintos, lenços ou qualquer outro objeto para cortar o suprimento de oxigênio ao cérebro, desmaiar e, na sequência, acordar em estado de euforia, semelhante o efeito do uso de drogas.
“É um jogo antigo, muito conhecido no exterior. Até hoje, não havia nenhum registro de algo ligado a essa disputa na Baixada Santista”, disse nesta segunda-feira, 17, o delegado titular de São Vicente, Carlos Topfer Schneider, que comanda as investigações sobre o caso.
Gustavo Riveiros Detter, de 13 anos, morador de São Vicente, estava em casa, na noite do último sábado, 15, e enforcou-se no quarto do pai, com uma corda usada para pendurar um saco de areia para treino de boxe. Durante a transmissão online, três adolescentes que participavam do jogo perceberam que o menino não se mexia e alertaram uma prima, que estava no quarto ao lado. A menina encontrou o primo desacordado e chamou imediatamente o tio.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado às 22h40, prestou os primeiros socorros e encaminhou Gustavo ao Hospital Municipal de São Vicente, onde ele permaneceu internado até as 5h30 de domingo, quando foi transferido para o Hospital Ana Costa, em Santos. O menino faleceu por volta das 8 horas.
De acordo com o delegado Carlos Scheiner, três adolescentes que participavam do jogo online com Gustavo já foram identificados, mas como o caso envolve garotos que têm menos de 18 anos, ele não pode apresentar mais detalhes ou a identificação desses meninos. Apesar disso, o delegado faz um alerta sobre a atenção de pais, ou qualquer pessoa responsável, sobre jogos pela internet.
Um tio materno do menino contou à imprensa que vasculhou mensagens no smartphone do sobrinho e também as conversas dele nas redes sociais. “Eles (os adolescentes) propõem a morte das pessoas como se isso fosse um desafio, uma brincadeira, para saber quem consegue resistir mais tempo ao ser estrangulado”, afirmou Marcos Riveiros.
“Os meninos chegaram a dizer que ele ‘brincava mais uma vez de enforcamento’. Como assim, mais uma vez? Isso já aconteceu antes e não deu certo? Quantas tentativas foram feitas?”, comentou o tio do menino.
Gustavo Riveiros Detter foi sepultado no começo da tarde desta segunda-feira, 17, no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos.
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Redação Estadão