O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) anunciou hoje que não será candidato à Presidência neste ano após a pressão de seu partido para que desistisse de sua campanha. A cúpula tucana praticamente chegou a um consenso sobre o apoio à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB).
Em seu discurso, de cerca de dez minutos, o tucano disse aceitar “a realidade com a cabeça erguida”.
“Sou um homem que respeita o bom senso, o diálogo e o equilíbrio. Sempre busquei e seguirei buscando o consenso, mesmo que ele seja contrário a minha vontade pessoal. O PSDB saberá tomar a melhor decisão no seu posicionamento para as eleições deste ano”, afirmou.
O ex-governador afirmou que o país precisa de uma alternativa para atender aos eleitores que não querem os extremos. “Que não querem aquele que foi envolvido em escândalos de corrupção. E nem aquele que não deu conta de salvar vidas, não deu conta de salvar a economia e que envergonha nosso país em todo o mundo”, disse ele, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL), os mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto.
Doria discursou com uma bandeira do Brasil ao fundo, foi aplaudido pelos presentes e se emocionou ao fim da fala. O tucano estava acompanhado de aliados, da esposa, Bia Doria, e do presidente da legenda, Bruno Araújo, com quem se desentendeu recentemente.
“Há algo maior que a vontade de João Doria ou algo maior que minha vontade, a vontade agora é coletiva. A vontade é o que o Brasil precisa, o Brasil não precisa de mais divisão interna no nosso campo”, disse Araújo.
Ao longo de sua fala, Doria resumiu sua história na política e sua carreira como empresário, com menções ao pai, João Doria, deputado cassado pelo golpe militar de 1964 e relembrou que saiu vitorioso das três prévias que disputou no PSDB – para disputar a prefeitura de São Paulo, o governo paulista e a Presidência.
Doria também fez um aceno a Rodrigo Garcia (PSDB), seu vice até ele renunciar o governo paulista. “Rodrigo será, com muita justiça, reeleito governador de São Paulo.”
A executiva do PSDB deve bater o martelo em torno da candidatura de Tebet em reunião amanhã. MDB, PSDB e Cidadania têm um acordo para lançar uma candidatura única da chamada “terceira via”, bloco político que busca viabilidade para tentar derrotar Lula e Bolsonaro.
Até então, Doria não descartava judicializar a questão com base no resultado da vitória das prévias vencidas por ele.
Conforme mostrou o colunista do UOL Tales Faria na semana passada, a pesquisa encomendada pelos partidos, feita pelo Instituto Guimarães, apontou que Doria praticamente não tinha mais espaço para crescer nas pesquisas eleitorais, enquanto Simone teria uma margem maior. A rejeição do tucano, segundo o levantamento, é mais que o dobro da taxa da emedebista.
Segundo mostra o agregador de pesquisas do UOL, ele vinha oscilando entre 2% e 5% nas pesquisas e não conseguia ir além do quarto lugar nas sondagens.
Em nota divulgada logo após o pronunciamento do tucano, a senadora disse que “Doria nunca foi adversário. Sempre foi aliado” e que trabalhará para unir todo o centro democrático.
“Gostaria muito de ter o PSDB e o Cidadania junto conosco. Vamos aguardar a decisão das direções partidárias”, acrescentou ela.
Vencedor das prévias internas do PSDB, em novembro do ano passado, o tucano renunciou ao governo paulista em março na expectativa de sair candidato ao Planalto, mas perdeu apoio e foi preterido na disputa pela vaga.
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Stella Borges, do UOL, em São Paulo