A auxiliar administrativa Thais Santos, de 31 anos, relatou ao Jornal da Fan uma experiência negativa que vivenciou no Pré-Caju, na Orla de Atalaia, no último sábado, 4. Em entrevista nesta segunda-feira, 6, ela narrou detalhes de duas abordagens das quais foi alvo após ter sido apontada pelo sistema de identificação facial da festa como uma pessoa envolvida em delito. A informação é do portal FANF1
“Assim que eu cheguei no Pré-Caju fui abordada por homens, e quando eles me abordaram já vieram me perguntando meu nome, se eu estaria com o meu RG, que infelizmente eu não estava, e pediram para que eu viesse para o canto, me afastasse um pouco mais da população, e assim foi feito, estava com duas amigas, elas presenciaram. Eles começaram a verificar meu nome, pediram meu CPF e eu informei tudo. E depois deles verificarem, eu questionei de quem se tratava, quem eram eles. Porque eles não chegaram, não se identificaram, então um policial se identificou, disse que era a Polícia Civil, que estava à paisana, que ali era um protocolo de segurança. E através desse reconhecimento facial, eu fui reconhecida como uma possível meliante”, disse ela.
Segundo Thais, após a primeira abordagem, foi verificado pelos policiais a inexistência de restrições em seu nome. Com a constatação, conta, ela recebeu liberação para continuar na festa, mas chegou a ser abordada por uma segunda vez em outro trecho.
“Um pouco mais tarde, já no trio da Ivete, ao lado da Polícia Militar, eu estava com minhas amigas, a gente acabou se afastando, e nesse momento eu já fui abordada, acho que por uns quatro policiais que já vieram prendendo as minhas mãos, colocando pra trás, pegando meu celular, jogando meu copo no chão e dizendo: ‘Você sabe o que foi que você fez’. Eu: ‘Moço, eu não fiz nada’. Nesse momento, eu fiquei tão nervosa que eu urinei nas calças, nesse momento, quando eu vi, eles estavam prendendo as minhas mãos e me colocando dentro do carro da polícia que nem uma verdadeira bandida, como se tivesse cometido algo errado”, completou.
De acordo com a mulher, após a segunda abordagem, houve novamente uma verificação de seus dados pessoais, que corroborou o resultado do primeiro levantamento feito pelos agentes.
“Dentro do carro da polícia, a gente fez o percurso praticamente até a entrada do Pré-Caju, e quando chegamos lá um outro policial veio novamente pegar as minhas mãos, apertando as minhas mãos, me levando pelo meio da multidão, todo mundo olhando para mim, para de lá eu ser colocada em uma tenda, onde estavam outros policiais. Lá eles estariam verificando novamente, pediram de novo os meus dados para constatarem e verificarem que foi um erro, que foi admitido por eles, que ocorreu um erro no sistema facial, não tinha nada em meu nome, nunca roubei, nunca matei, nunca fiz nada na minha vida, eu não tinha nada, eles verificaram”, contou Thais.
Durante a entrevista, ela também detalhou o impacto da experiência em sua vida.
“Eu fui humilhada publicamente, as pessoas passavam por mim e me viam chorando, eu pedindo ajuda e ninguém podia me ajudar, eu fui humilhada, eu estou sem conseguir dormir desde o dia do acontecido. O que eu passei não desejo para ninguém”, finalizou.
O coordenador de comunicação da Secretaria de Segurança Pública (SSP/SE), Lucas Rosário, entrou ao vivo no Jornal da Fan para prestar esclarecimentos sobre o caso.
“O alerta continuou depois da primeira abordagem, e ela foi abordada, não foi algemada, e conduzida para a Delegacia de Turismo, onde aconteceu a verificação, onde os policiais verificaram, e isso foi feito exaustivamente durante todo o Pré-Caju, com centenas de pessoas com suspeitas que passaram pela identificação facial. É preciso dizer, a tecnologia, embora seja muito importante, foi crucial, não tem 100% de leitura. No caso da Thais, eu vi a leitura, vi a pessoa com mandado de prisão, era uma pessoa que tinha restrição, com prisão domiciliar, e realmente não era a Thais, era uma outra pessoa”, detalhou.
Em suas palavras, o planejamento operacional de segurança pública e o serviço da identificação facial tiveram efeitos didáticos no Pré-Caju, impedindo, por exemplo, a ocorrência de fatalidades e crimes de grande proporção. Lucas também se colocou à disposição para encaminhar a vítima à Corregedoria da Polícia Militar.
“Foi o caso mais sensível que a gente percebeu com relação ao conflito de informações, ela foi levada para casa em uma viatura da Polícia Militar, e o que nos resta é reforçar a importância da segurança pública num evento como esse, o Pré-Caju, a utilização sim da tecnologia da identificação facial, mas pedir desculpa à Thais pelo o que aconteceu, pelo encaminhamento, se ela, conforme relatou, percebeu qualquer tipo de excesso ou de abuso. Me coloco totalmente à disposição dela para que o corregedor da Polícia Militar possa fazer esse atendimento, tudo o que ela necessitar para fins administrativos e judiciais”, disse ele.
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Matéria publicada originalmente no Portal FANF1