Na tarde deste domingo (29), a Diocese de Propriá, no Baixo São Francisco sergipano, realizou a tradicional procissão de Bom Jesus dos Navegantes. Milhares de ribeirinhos acompanharam o ato religioso que completa 113 anos neste trecho do Velho Chico.
A festa religiosa ocorre dentro do XXX Encontro Cultural de Propriá, celebrado desde o dia 21 de janeiro. E a procissão é um dos momentos mais aguardados que atrai milhares de pessoa dos estados de Sergipe e Alagoas, unidos pela fé e pelas águas do rio.
No município de Propriá a festa ocorre há 113 anos e chegou ao Brasil em 1808, trazida pela Família Real. Para quem nasceu às margens do rio, participar desta tradição é mais do que uma obrigação. “Enquanto saúde e vida Ele me oferecer estarei sempre participando”, conta a aposentada Maria Joana dos Santos.
A imagem com o Bom Jesus dos Navegantes saiu da Catedral Metropolitana e seguiu em cortejo até as margens do rio, que fica há menos de 200 metros, onde por volta das 15h30 iniciou a procissão fluvial.
Um grupo, com cerca de 40 pessoas, vindo da Bahia, aproveitou que estava conhecendo a cidade para participar da festa. “Eu sou voluntária nas Obras da Irmã Dulce, lá em Salvador, e resolvemos participar deste ato de muita fé. Aproveitei para pedir mais graças e agradecer pela vida”, disse a voluntária Marlene Pitanga.
A procissão fluvial foi acompanhada por dezenas de embarcações, muitos barcos de pescadores da região, e chegou até a margem alagoana no município de Porto Real do Colégio. Em todo o percurso, muitas demonstrações de fé com cantos e salva de fogos de artifício.
“É uma fé inabalável ao Bom Jesus. Um amor que transforma o coração e traz multidões para a cidade, que vem louvar e agradecer a proteção do santo. É Jesus presente nos corações desses fiéis. Jesus que acalma a tempestade, àquele que com a mãe levantada acalma a nossa tempestade, nos dando a esperança de uma nova vida”, conta o padre da diocese de Propriá, Clébson Moura.
Velho Chico
A procissão também faz muita gente refletir sobre a atual situação do Rio São Francisco na região entre os estados de Sergipe e Alagoas. “A cada ano que venho participar da festa a gente encontra um cenário diferente. No passado havia água em abundância, hoje muita areia no rio formando verdadeiras ilhas. O rio esta morrendo”, lamenta o comerciante José Carlos Moraes.
Um sofrimento que nos últimos anos está nas orações dos fieis que não se cansam de pedir a ajuda de Jesus Cristo, com o título de Bom Jesus dos Navegantes.
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB/SE) também participou da procissão e lamentou a situação enfrentada pelos ribeirinhos. “A gente vem orar pelo Rio da Integração Nacional. Ele que vem sofrendo o impacto da seca, com a vazão mínima que atinge 700 m3/s. Significa dizer que é menos peixe para os pescadores, que a navegação está sofrendo as consequências da longa estiagem”, observa.
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Anderson Barbosa, do G1 SE