Numa imersiva história e pesquisa sobre o cidadão sancristovense, João Nepomuceno Borges que sonhou com o retorno da primeira capital de Sergipe para São Cristóvão, é que os historiadores sergipanos, Adailton Andrade e Wanderley Menezes assinaram a exposição “O Sonho de João Bebe Água”, em homenagem ao popular “João Bebe Água”, que viveu na primeira capital sergipana.
A exposição ficou em cartaz durante três dias no 38º FASC – Festival de Artes de São Cristóvão, no prédio do IPHHAN, de 01 a 03 de dezembro, mas devido o sucesso de público a mostra cultural e educacional prosseguirá até o dia 22 de dezembro, aberta para visitação de segunda a sexta-feira, das 08h às 17h.
“João Bebe Água é um ilustre sergipano sobre o qual a historiografia precisa se debruçar, aprofundando o conhecimento sobre sua vida e sua atuação como um defensor da sua cidade e da sua gente”, ressalta Adailton, historiador e diretor do Arquivo Municipal de São Cristóvão.
Conforme explica o historiador Adailton, a exposição remonta ao “Sonho de João Bebe Água”, de que a sua cidade, São Cristóvão, voltasse a ser a capital da província de Sergipe. O objetivo é mostrar, através de decretos de Leis em solenidades marcantes da história sergipana, que esse sonho se realizou, com caráter simbólico e cultural, em festividades alusivas à Emancipação Política de Sergipe, nas comemorações dos 400 anos de fundação da cidade mãe de Sergipe, na solenidade do Festival de Artes de São Cristóvão (FASC), como também na chancela da Praça São Francisco, Patrimônio da Humanidade.
Para Adailton, os documentos expostos na exposição integram os acervos do Arquivo Público do Estado de Sergipe (APES), do Arquivo Municipal de São Cristóvão (APMSC), do Arquivo das Ordens religiosas sobre a tutela da Confraria Sancristovense (CONSAHM) e do Arquivo do Tribunal de Justiça de Sergipe (AGJSE) e do Memorial do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE).
“Durante o FASC, evento esse que, simbolicamente, designa a cidade de São Cristóvão como a capital sergipana da cultura, a Prefeitura Municipal de São Cristóvão, através do Arquivo Municipal, reúne documentos que contextualizam e fazem uma justiça à história do legado de João Bebe Água, que tinha como sonho ver a sua cidade ser a capital novamente”, explica o historiador”, disse.
“O que dizer do projeto de lei de 1864, redigido pelo advogado José Florêncio dos Santos, defendendo o retorno da capital? Otimista, João Bebe-Água mudou de ocupação depois da falência nos negócios. Descobertas recentes revisitando a literatura sergipana e documentos dentro do Arquivo Municipal Sancristovense, documentos e Atas de sessões da Câmara Municipal revelam que foi vereador e chegou a ocupar cargo de Juiz de Paz na cidade”, ratifica.
Quem foi João Bebe Água?
João Nepomuceno Borges (João Bebe Água) nasceu em São Cristóvão, no ano de 1823. Ao longo de sua trajetória de vida, exerceu cargos públicos e adquiriu influência na cidade de São Cristóvão. Ele não foi só um homem que vendia e bebia cachaça (o que a história rotulou durante estes tempos sem documentos comprobatórios), ao contrário, teve uma vida pública ativa chegando a ocupar o cargo de Presidente da Câmara dos Vereadores de São Cristóvão, época em que foi presidente de uma irmandade, ocupando o cargo de chefe alfandegário em Laranjeiras e Santo Amaro das Brotas. Aprendeu a ler e a escrever, contudo não se sabe onde e/ou com quem estudou. De acordo com as pesquisas do historiador Thiago Fragata (2007), João Bebe Água foi indicado para o cargo de escrivão interino da alfândega e mesa de rendas, em março de 1836 (ano da Revolta de Santo Amaro). Em 1837, foi nomeado como amanuense interino, sendo demitido no mesmo ano. Segundo o historiador Sebrão Sobrinho (2005), em 1837, recebeu um convite para ocupar mais um cargo, o de patrão-mor da mesa de rendas da Barra dos Coqueiros, antes conhecida como Barra da Cidade.
“Que a exposição possa contribuir para o despertar de uma consciência de valorização de João Bebe Água, que vive na memória do povo de Sergipe e nas lembranças do povo sancristovense, através de um sonho que se realiza anualmente no Festival de Artes de São Cristóvão, o nosso querido FASC”, conclui.
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Por Cláudia Meireles