Um estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe investiga a circulação do vírus da febre amarela no estado. A análise é feita através da identificação de vetores e da sorologia de macacos.
Tudo iniciou após a epidemia de febre amarela ocorrida no Sudeste do Brasil entre 2016-2017, quando 261 pessoas e 1.412 macacos morreram em decorrência da doença. “Foi uma epidemia que acabou se expandindo no país e ocorreram muitos casos na Bahia, com uma mortalidade muito grande de macacos, principalmente de sagüis. Então, ficou a dúvida, será se esse vírus já está circulando em Sergipe? Temos vetores silvestres no estado? Quais são esses vetores?”, explica Roseli La Corte, coordenadora do Laboratório de Entomologia e Parasitologia Tropical (LEPAT).
Iniciada há dois anos, a investigação abrange três áreas de vegetação de três municípios sergipanos: Grota do Angico, em Poço Redondo, no Alto Sertão; Mata do Junco, em Capela, no Leste sergipano; e Morro do Urubu, no Parque da Cidade, no bairro Industrial, na zona norte de Aracaju.
Captura de vetores
Para identificar a presença de vetores silvestres da febre amarela nas três áreas de Caatinga e Mata Atlântica do território sergipano, os pesquisadores fizeram a captura de mosquitos e larvas dentro e no entorno da vegetação.
A coleta de amostras foi feita com o uso de duas armadilhas: ovitrampas – recipiente com água instalado em árvores a 1 e 5 metros do solo – e aspirador manual – equipamento de sucção para captura de mosquitos ao ar livre.
Os resultados preliminares do trabalho não identificaram a existência de vetores silvestres da febre amarela no Morro do Urubu e na Grota do Angico. No entanto, foi possível localizar espécies silvestres na Mata do Junco.
“Coletamos mosquitos tanto dentro da mata fechada para tentar encontrar espécies silvestres que se transmitem febre amarela entre os macacos, bem como fizemos a coleta em áreas de entorno para identificar mosquitos de áreas urbanas como o Aedes aegypti,” aponta a mestranda em Biologia Parasitária da UFS, Iracema Bispo dos Santos.
Anticorpos em macacos
Houve também a coleta de sangue de 55 sagüis para a realização de exame sorológico. A análise do material está em andamento, em parceria com o Instituto Evandro Chagas, no Pará. O objetivo é identificar a presença de anticorpos da febre amarela, ou seja, se os primatas já tiveram contato com a doença.
“Foi possível encontrar mosquitos de área urbana dentro da mata, sendo as espécies mais abundantes. Isso representa um risco até para as espécies naturais, porque elas competem entre si, sendo que as exóticas são vetores de muitas arboviroses que afetam a população,” complementa a professora Roseli La Corte.
Acompanhe também o SE Notícias no Twitter, Facebook e no Instagram
Fonte: A8SE.com.br