“O governador tem razão quando diz que nós somos diferentes. Sergipe inteiro conhece mesmo Edivan e Déda. Edivan tem palavra, Déda não tem palavra. Essa foi a coisa mais certa que Déda falou”. Com essa frase, o empresário e líder político Edivan Amorim respondeu ao governador Marcelo Déda durante entrevista ao radialista Edivanildo Santana, da FM Princesa, em Itabaiana, na manhã desta segunda-feira, 27. A dura afirmação se deveu ao fato de Déda, quando falou a mesma emissora, ter insinuado que não gostaria de ser confundido com Edivan em sua vida pública.
Fazendo referência a diversas passagens do relacionamento político entre os dois, Edivan lembrou que o comportamento de Déda era bem diferente antes do rompimento político ocorrido em fevereiro deste ano. “Durante os seis anos em que apoiei o governo eu não tinha defeitos, era um cara legal. Agora sou acusado de várias coisas”, disse Edivan, destacando que os ataques de Déda não o intimidarão. “Sempre fui comedido. Mas o governador vem tentando denegrir a imagem dos irmãos Amorim. E certas mentiras não podem ficar sem resposta”.
Assembleia
Sobre o episódio que ocasionou o rompimento dos governistas com o seu grupo, Edivan Amorim esclareceu que, caso o governador quisesse, não se envolveria na escolha da mesa diretora. “Antes da eleição na Assembleia, um ano e dois meses depois que nos reunimos, voltei a me reunir com Déda. Ele pediu essa reunião. E me perguntou se haveria mesmo a reeleição para a mesa da casa. Eu fui claro e disse ‘governador, chame Angélica (Guimarães, presidente da Assembleia Legislativa) e diga a ela o que o senhor acha’. E disse também que o que ele e Angélica acertassem, eu acataria”, explicou Edivan.
Mas Edivan Amorim destacou que o governador não se reuniu com a presidente do Legislativo e que, para piorar, pouco antes da eleição, a secretária de Déda foi quem ligou para Angélica, querendo saber a idade dela. “A presidente entendeu isso como uma manobra para colocar uma candidatura de alguém mais velho, o que, em caso de empate na escolha da nova mesa, daria a vitória ao candidato de Déda. E assim ela seguiu com o processo de escolha e aí eu ajudei, conversando com os deputados de nosso grupo”.
Para Edivan, tudo isso se deveu a falta de humildade de Déda. “Ele queria que eu desmanchasse o que já tinha sido feito. Ou seja, que eu faltasse com minha palavra. Aí é não me conhecer, pois eu jamais faria isso”, destacou o entrevistado, lembrando ainda que o governador parece ter esquecido um dos princípios da política. “O meu poder, diante do poder do governador, é nada. Mas Déda esquece que o dialogo é o mais importante”.
Apoio eleitoreiro
“Déda, depois da eleição na Assembleia, acertou o apoio a Luciano (Bispo, prefeito de Itabaiana). Eu não acho que esse tipo de apoio em vésperas de eleição é correto. Quem se elege tem que governar os 365 dias de cada ano e não fazer acordo de 4 em 4 anos”, avaliou Edivan ao falar sobre o que ele considera oportunismo em período eleitoral, e que isso não leva benefícios para a população.
Para Edivan, o ideal seria que as obras prometidas fossem realizadas. “Eduardo (Amorim, senador da República) colocou emenda para liberar R$ 18 milhões para o Ceasa em Itabaiana. E não havia projeto por parte do governo estadual. Eduardo era deputado federal, e até hoje, nada. Faltam apenas dois anos e quatro meses até o final do mandato. Como acreditar que ele vai fazer o Ceasa depois desse tempo todo. A mesma coisa é a reforma do Murilo Braga. Há mais de dois anos que Déda falou que ia reformar. E nada até hoje.”
Déda fora do tempo
Outro tema debatido durante a entrevista foi a afirmação de Déda de que o Peixe, símbolo do PSC, seria uma ‘traíra’. “O governador fala isso em Itabaiana. Aqui ele fala uma coisa, em Aracaju outra, em Canindé outra, Lagarto também. Em Canindé e Lagarto ele vai carregar a bandeira dos traíras? Acho que Déda anda meio atrapalhado, fora do tempo”.
Outro ponto avaliado como contraditório nas falas do governador sobre ele e seu grupo é o que faz referência as citações sobre o caso Banestado. “Essa denuncia, em Aracaju Déda cita João Alves. Mas em Itabaiana ele só falou em Amorim. É assim: em cada local ele fala conforme a conveniência. Talvez ele não pudesse falar por conta de quem estava ao seu lado”.
“Em junho de 2004, o Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, retirou os nomes de José Edivan do Amorim e de João Alves dessa pendenga do Banestado. Eu, Edivan Amorim, não tenho nada a ver com isso. E o que o governador veio fazer aqui foi requentar noticia velha”.
Sugestão e cobrança
Ao saber que Déda iria a Itabaiana conceder entrevista para atacar ele e seu agrupamento, Edivan revelou que fez uma indicação para que a visita tivesse maior proveito. “Eu disse que ele aproveitasse para visitar o hospital. Mas isso não era uma ordem, era uma sugestão, e que, enquanto pessoa física, ele levasse lá uma caixa de esparadrapos, de luvas descartáveis, pois como governador ele não fez. Mas foi ele que disse que seria secretário de saúde. Mas não fez nada pela saúde. Ou seja, essa é a nossa diferença. Quando eu falo algo, eu realizo. Ele, não”.
E em relação ao atual estado da saúde pública sergipana, Edivan aproveitou para cobrar mais ações. “Já vamos para dois anos da emenda de Eduardo Amorim para o hospital do câncer. Aí ele fala que estamos fazendo política. E o povo não precisa do hospital? Ou seja, por picuinha política ele não vai construir?”, disse.
Itabaiana
“Um governador que diz que realizou tanto por Itabaiana, porque será que as propagandas eleitorais do candidato que ele apóia não têm a foto dele?”, também foi um dos questionamentos feitos por Edivan, que finalizou a entrevista reiterando sua postura objetiva em termos políticos. “Em Itabaiana ele disse que quer me derrotar. Então, nada do que ele falar sobre mim ficará sem resposta. Eu não faço jogo duplo. O meu discurso é um só. Por isso vim aqui desmentir o governador”, encerrou Edivan Amorim.
Da Assessoria de Comunicação