O deputado Adailton Martins (PSD) iniciou um debate na sessão desta terça-feira, 27, na Assembleia Legislativa de Sergipe, contra uma postagem da colega Kitty Lima (Cidadania) nas redes sociais afirmando que “agora é hora de saber quais os deputados estão no bolso do governador”.
“A deputada Kitty Lima foi muito deselegante com os colegas do Parlamento. Deixo o meu repúdio ao que ela postou nas redes sociais contra os colegas, querendo forçar que todos os deputados assinassem uma CPI que já mostrou lá em Brasília como foi através do senador Jorge Kajuru que é do partido da deputada e o papelão que ele fez junto com o presidente Jair Bolsonaro, encaminhando uma CPI que seria para apurar a irresponsabilidade do Governo Federal contra a vacina e o enfrentamento do novo coronavírus, levando a pandemia na brincadeira. A CPI não seria para investigar os governadores, mas os dois juntos quiseram tumultuar”, critica.
Adailton Martins acrescentou que a nota publicada pela deputada Kitty Lima deve ser repudiada. “Faltou à deputada, um pouco mais de responsabilidade para postar uma coisa dessas contra os colegas que sempre tiveram um carinho muito grande por ela; foi muito infeliz e eu espero que haja uma retratação”, destaca.
Gualberto
Para o deputado Francisco Gualberto, a postura da colega demonstra um grande despreparo. “Essa declaração é de uma leviandade sem tamanho e é preciso a gente compreender que a imunidade parlamentar é para que a gente exerça o total direito de expressão, o nosso mandato; mas isso é diferente de cometer crime e quando a deputada faz uma acusação dessa sem provas, ela está cometendo um crime tipificado no código penal; extrapolou a sua quota de liberdade de expressão e imunidade parlamentar ao acusar o governador de ser corruptor e os deputados de serem corruptos; e não apenas os da bancada do Governo, mas qualquer deputado que não assine essa CPI”, acredita.
Garibalde
O deputado Garibalde Mendonça (MDB) disse que as declarações de Kitty foram muito pesadas. “Estou há seis mandatos nesta Casa que registrou vários embates, mas nunca se viu um deputado ou deputada denegrir a imagem de um colega dessa forma. Seria bom que a deputada repensasse tudo o que falou e uma retratação em público seria o mais justo”, entende.
Iran Barbosa
O deputado Iran Barbosa (PT) disse ter recebido da deputada Kitty Lima no último dia 20, o requerimento que propõe a instalação da CPI da Covid em Sergipe, tendo passado para a assessoria jurídica analisar.
“Na quinta-feira, 22, fui surpreendido por alguns colegas dizendo que se eu não assinei a CPI é porque tem algo errado e eu estava sem entender porque imaginei estarmos no processo de discussão pela adesão de assinaturas. Não gosto de analisar apenas o ponto de vista político, mas também o técnico. Estava ainda no processo da análise, embora já tenha uma convicção política firmada, mas fui surpreendido com cards dizendo que apenas três deputados defendem a CPI. Fui deputado federal na gestão do presidente Lula e não tive nenhum constrangimento de assinar uma CPI, cuja orientação era pra não assinar. Fui vereador em Aracaju quando Déda era prefeito e assinei CPI; assinei CPI aqui nesta Casa, proposta pelo deputado Samuel Carvalho e que não surtiu efeito”, relembra.
“Cada um é livre pra falar o quer e responder pelo que fala. Me pareceu da forma como foi colocada, que é fazer a promoção de alguns colegas e atacar outros. A esse papel eu não me presto. Eu ia até dar algumas sugestões para ajudar no processo, mas o procedimento atropelado dificultou tudo. A deputada Kitty Lima conhece quais são os meus procedimentos e que eu não me deixo ser colocado no bolso nem de governador, nem de prefeito, nem de presidente e muito menos de liderança nenhuma. Eu dialogo, respeito, sigo as orientações com as quais concordo. Agora, ficar no bolso, eu não fico. Não sou enquadrado por aqueles que querem fazer pressão quando eu sei que cedem a propostas de pessoas que apoiam a política de atraso nesse país”, avisa.
João Marcelo
O deputado João Marcelo (PTC), lamentou o episódio. “É lamentável tornar a imagem como uma Casa que se vende ou que estaria no bolso de qualquer um político do estado de Sergipe. Não somos aqui contrários a qualquer tipo de investigação desde que seja feita através dos órgãos de controle. Políticos investigando políticos só me traz a consciência de que querem realmente formar um palanque e nós não vamos cair em manobras políticas e partidárias”, alerta.
Georgeo Passos
O deputado Georgeo Passos (Cidadania) afirmou que todos têm políticas definidas, uns com mais e uns com menos, mas sempre cada um defendendo o que quer. “Aqui já vimos discursos acalourados e essa legislatura é a mais paz e amor da Assembleia Legislativa; dizer ou querer que os deputados falem o que os colegas desejam é difícil. Não podemos diante disso achar que vamos ser controlados pela bancada do governo porque aqui não devo satisfação a colega nenhum, devo respeito. Só devo satisfação ao eleitor sergipano. A CPI é um instrumento importantíssimo no Parlamento para fiscalizarmos. O discurso que temos órgãos fiscalizadores não me convence. Ou vamos continuar só votando moções e indicações? A Assembleia pode avançar muito mais e vamos continuar pedindo as assinaturas mesmo os colegas indo para as rádios dizer que a CPI não existe, o que não é verdade”, ressalta.
Georgeo enfatizou ainda: “não podemos ter melindre, mi mi mi. Se teve alguma coisa na conduta da deputada Kitty que incomodou, eu tenho certeza que ela tem o coração enorme, bondoso e não fez nada por maldade. Quem conhece essa Casa sabe que, quem comanda a pauta é o presidente, quem decide é a maioria governista e quando chegam os projetos do governador, dizem amém. Vimos isso em projetos importantes e perdemos no voto. Essa Casa é política; aqui todos pensam politicamente e se precisarmos de isenção, vamos fazer concurso para a magistratura”, alfineta.
Kitty Lima
A deputada Kitty Lima ressaltou ter certeza que não cometeu nenhum crime ao fazer a postagem nas redes sociais.
“Não me cabe a carapuça de leviana e não cometi crime. Quantas vezes eu falei que não quero que essa Casa seja anulada, tenha independência? Quando se fala em termos de colocar no bolso, não é de compra, mas de pertencimento; então vamos riscar essa atribuição dos legisladores. Quando se fala em CPI é sempre um problema, mas é nossa atribuição, e sempre falam em palanque político. Essas falas são chatas porque a gente tem que dizer que é uma atribuição nossa; um pedido da população. A pergunta que tenho a fazer é quem tem medo de uma CPI? Essa CPI pode salvar vidas com a mudança de conduta do gestor, a não ser que ele esteja preocupado em se defender. A gente quer é que vocês se posicionem. A nossa obrigação é investigar o governo sim. Tenho quatro anos na vida política e não entendo porque tanta confusão em investigar. Falaram que o povo precisa de comida e não de CPI, mas cada um sabe o que faz individualmente. Eu já doei cestas básicas, tonelada de ração, ajudo as pessoas que nos pedem no privado. Não podemos usar de argumentos para não ter uma CPI. Eu não cometi crime nenhum e cada um interpreta de uma forma”, afirma.
Zezinho Sobral
O deputado Zezinho Sobral (PODE) criticou as postagens nas redes sociais, segundo ele, com a intenção de intimidar e destruir a Alese. “Isso porque na hora que se afirma que aqueles que não assinaram, mesmo alguns não tendo sido consultados e coloca a foto de todos que aqui estão, já entra como diz no jargão do futebol: ‘com o pé na gola e do pescoço pra baixo tudo é canela’. Isso está errado; esse não é um comportamento político, mas desvirtuado da falta de argumento e de uma defesa coerente, preparada e convincente para que se tome uma providência dessa”, acredita.
Zezinho disse ainda que já ouviu discursos inflamados da bancada da oposição cobrando a instalação de uma CPI. “Ouvi em 2019 os deputados Georgeo Passos, Kitty Lima e Dr. Samuel fazerem discursos cobrando a CPI da Pedofilia, afirmando que o Parlamento não podia se abster de investigar as crianças abusadas sexualmente no nosso estado; aqui foram trazidas pessoas para dar palestras e nos mostrar fotos chocantes por esse grupo que agora nos intimida de forma propositada. Não se esperou o resultado, não se fez uma defesa técnica, colocou o pé na parede e tentou inverter a opinião pública para denegrir a imagem desta Casa. Não conseguem porque a mentira tem perna curta. No dia 19 de novembro de 2019, o presidente pautou a CPI da Pedofilia, no dia 26 de março de 2020, expirou-se o prazo sem que um ato tivesse sido praticado a não ser a instalação e a reunião. Será que desapareceu a pedofilia em Sergipe, não existem mais crianças abusadas? Como foi conduzida, por que parou, o que foi encontrado? “, indaga.
Maisa Mitidieri
A deputada Maisa Mitidieri (PSD) contou que ninguém nunca a procurou para falar sobre CPI da Covid em Sergipe. “A calúnia é tão grande e ninguém pode dizer que eu não assinei; assinei o quê? Não estou sabendo, pois em momento nenhum Kitty Lima me procurou. Eu assinei a CPI de Dr. Samuel e não deu em nada. Em momento nenhum a deputada teve respeito com nenhum parlamentar. Ela não fez uma fala incisiva; ela caluniou cada deputado dessa Casa; isso foi crime sim. Falou que somos corruptos e comprados pelo governador e deveria provar que cada um daqui está no bolso do governador. O papel de Kitty hoje deveria se redimir e dizer que realmente abusou das suas palavras. A gente quer que tenha respeito dentro dessa Casa. Meu pai foi deputado por seis mandatos e eu nunca ouvi uma história dentro da Assembleia Legislativa onde houvesse tamanho desaforo e desrespeito com o Parlamento”, lamenta.
Goretti Reis
A deputada Goretti Reis também se somou ao repúdio por parte dos colegas. “Eu conheço a deputada Kitty, sua forma de ser, o seu coração como mulher e política, mas fiquei bastante triste, pois durante toda a minha vida política nunca me senti no bolso de governo nenhum; sempre tive muita independência, determinação, autonomia e defendo o que acredito, respeitando o eleitor. Precisamos ter maturidade na hora de nos expressarmos para não agredirmos os colegas. Essa Casa é política, mas temos que agir com respeito. Não sou de bancada do Amém e me manifesto contrário aos projetos do governo nas minhas posições. Nosso mandato deve ser de soma e não podemos entrar no descrédito por causa da ânsia em externar nas redes sociais, coisas que não aconteceram nos bastidores para dar uma de boazinha”, observa informando que também não recebeu o requerimento.
Maria Mendonça
Para a deputada Maria Mendonça (PSDB) a postagem da colega foi infeliz. “A fala da deputada Kitty Lima nas redes sociais foi infeliz, inconsequente e maldosa ao dizer que ‘agora é hora de saber quem está no bolso do governador; quem defende ou não a transparência’, como forma de pressão para que todos os parlamentares assinassem a CPI da Covid. A minha trajetória como mulher pública me credencia a repudiar tal afirmação pois nunca estive em bolso de governo e de ninguém. Não voto em projetos em troca de favores ou seja lá de que ordem for. Sempre defendi a transparência e sou contrária à CPI pois isso contribui para a retirada do foco das pessoas que estão morrendo em virtude da infecção por esse vírus maldito”, diz.
Rodrigo Valadares
O deputado Rodrigo Valadares (PTB) disse que entendeu a postagem da colega como um grande equívoco. “Já falei com a deputada, orientei que pedisse desculpas . Eu posso assinar essa CPI, mas o caminho não deve ser da intimidação, colocando reputações em xeque, que a gente vai conseguir isso. Admiro e respeito profundamente os deputados do Cidadania, mas sem um pouco de inteligência e de respeito, a gente não vai conseguir chegar a lugar nenhum nesse estado. Antes de assinar a CPI, já tinha cards rolando, antes mesmo de eu tomar uma posição. Estão criando uma votação de algo que nem existe e a gente sabe como é a narrativa das redes sociais”, enfatiza.
Luciano Pimentel
O deputado Luciano Pimentel (PSB) disse que para ele não houve equívoco. “No dia que eu vi essa postagem, fiquei estarrecido. Achei extremamente inadequado, antiético dizer que estamos no bolso do governador, além de exibir um card com as nossas fotos. Isso não cabe, não é salutar para convivência de nós parlamentares, um colega praticar um ato como esse, Fiquei absolutamente contrariado e não vou dizer que foi um equívoco. Falhou muito forte; não se faz isso e não é assim que a deputada Kitty vai convencer os pares. Busque a sua CPI, mas não queira pressionar seus colegas, sem diálogo. Fiquei estarrecido, é inadmissível que se faça isso com os colegas”, reclama.
Talysson de Valmir
O deputado Talysson de Valmir (PSC) acrescentou: “Fiquei muito triste quando li a nota da colega Kitty Lima e quero dizer apenas que respeito é via de mão dupla. Se não se dá respeito não pode cobrar respeito”.
Zezinho Guimarães
O deputado Zezinho Guimarães (MDB) disse que conversou com a deputada Kitty e ela saberá conduzir o problema. “Houve excessos e isso é normal no Parlamento, mas o que a gente não pode é perder o brilho do Parlamento; precisamos ter uma ponderação nas redes sociais; às vezes a gente maximiza um problema quando pode resolver internamente. Conversei com a deputada, externei meu ponto de vista e ela vai conversar com os colegas, pois o que a gente pode fazer é preservar a Casa”, afirma.
Luciano Bispo
O presidente da Alese, Luciano Bispo afirmou ser preciso fazer uma reflexão sobre as postagens nas redes sociais.
“Todos nós que somos políticos devemos refletir como devemos proceder nas redes sociais. Eu tenho o maior cuidado para não magoar um colega porque isso aqui é passageiro. Se vier a CPI a Casa vai respeitar ; é um instrumento legal, mas devemos ter muito cuidado com a nossa própria Casa; já somos muito cobrados lá fora. Fico muito chateado quando dizem que não trabalhamos; o Poder Legislativo trabahou muito bem na pandemia, todos se somaram na votação dos projetos em benefício da sociedade. Rede social ajuda, mas também atrapalha e temos que ter muita responsabilidade com isso”, entende.
Luciano Bispo continuou: ” a colocação da deputada Kitty foi indevida e a gente tem que ter cuidado; queiramos ou não somos 24 parlamentares que precisamos defender a Assembleia. Eu gosto quando têm debate e contraditório porque se chega a uma razão; ninguém é dono da verdade, mas uma coisa fundamental em política é saber ouvir, mais do que saber falar, pois quando se ouve bem, fala bem”, aconselha.
Quer receber as principais notícias do SE Notícias no seu WhatsApp? Clique aqui.
Acompanhe também o SE Notícias no Twitter, Facebook e no Instagram.
Por Aldaci de Souza, da Agência Alese