A procuradora regional eleitoral Eunice Dantas, representante do Ministério Público Federal junto à Justiça Eleitoral de Sergipe, pediu arquivamento da representação movida contra o deputado estadual Talyson Barbosa, o Talysson de Valmir de Francisquinho, acusado por prática de conduta vedada, popularmente conhecida como compra de voto. Pela acusação, o crime teria ocorrido durante o processo eleitoral supostamente realizado nas eleições no ano passado, quando Talysson conquistou expressiva votação e se elegeu deputado estadual.
Em audiência pública realizada nesta quarta-feira, 25, no Tribunal Regional Eleitoral, a procuradora Eunice Dantas explicou que não tinha como a Justiça Eleitoral dar prosseguimento ao processo judicial em decorrência da fragilidade das provas apresentadas. A acusação divulgou vídeo em que aparecem as imagens do vereador Manoel Dias Júnior, de Areia Branca, e do pai dele, Manoel Dias, recebendo algo [ainda não identificado] do grupo aliado do deputado estadual. Pela acusação, aquela seria a prova de que os acusados teriam repassado dinheiro ao vereador e ao pai dele em troca de voto.
Mas na investigação, conforme destaca a procuradora Eunice Dantas, restou claro que o vereador Manoel Dias Júnior e o pai dele são amigos históricos e aliados políticos do prefeito Valmir de Francisquinho. Fato que não justifica a suposta compra de voto. “Não tem como prosseguir [o processo judicial]”, ressaltou a procuradora. “Ouvidas as testemunhas restou evidenciado que os fatos alegados na representação não ficaram devidamente comprovados [bi caso a compra de votos]”, observou. “Seria ilógico imaginar que houve compra de voto, embora não fique claro o que foi repassado [às testemunhas]”, ressaltou a procuradora, fazendo referência ao nível de amizade cultuado pela família Dias com a família do prefeito de Itabaiana.
Material de campanha
A procuradora destacou ainda que o Ministério Público se viu obrigado a dispensar o depoimento de uma outra testemunha, que seria crucial para manter a acusação contra o deputado estadual. Mas ficou constatado que a testemunha indicada apresenta problemas mentais e, quando prestou depoimento na primeira instância, entrou em contradição.
Ao prestar depoimento nesta quarta-feira, 25, no TRE, tanto Manoel Dias Júnior, o vereador, quanto o pai dele, Manoel Dias, confirmaram que naquele momento em que as gravações foram realizadas eles teriam recebido “uma ordem”, espécie de documento emitido pelo então candidato, para liberar o material de campanha, adquirido no comitê do parlamentar. “Precisava dessa ordem porque estava havendo muita bagunça”, justificou Manoel Dias, o pai, no momento em que foi ouvido na audiência. Em função da relação de amizade, Manoel Dias foi ouvido em juízo como declarante e não como testemunha.
O advogado Fabiano Feitosa, que atua na defesa de Talysson Barbosa, ficou satisfeito com o entendimento da procuradora Eunice Dantas e está confiante que o procedimento será arquivado pelo Tribunal Regional Eleitoral. O juiz Joaby Gomes Ferreira, membro do TRE, que atua como relator do processo, encerrou a audiência após a oitiva e a manifestação da procuradora regional eleitoral e do advogado Fabiano Feitosa, mas ainda não julgou o processo.
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Por Cassia Santana