Evento realizado em homenagem ao Dia da Consciência Negra, levou a São Cristóvão poesias, exposições e muita música
No último sábado, 17, a quarta cidade mais antiga do Brasil foi palco de um evento cujo objetivo é promover o debate e a reflexão sobre a presença do negro na sociedade brasileira e sua contribuição para a formação da identidade cultural do país. O III Círculo de Ogãs, realizado em homenagem ao Dia da Consciência Negra, levou a São Cristóvão, no seu primeiro dia de atividades, poesias, exposições e muita música.
“São Cristovão é uma cidade de tradição eminentemente católica, que remonta à época colonial e estamos colocando na Praça São Francisco, Patrimônio da Humanidade, expressões que remetem à africanidade para mostrar que existe essa herança”, afirmou Thiago Fragata, diretor do Museu Histórico de Sergipe (MHS), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Secult), e um dos organizadores da celebração.
“Esse evento busca contribuir no sentido de reconhecer a diversidade que forma nossa cultura brasileira e isso é fundamental para agregar valores que estão faltando à nossa sociedade, como a integração e o respeito às diferenças”, alegou Sérgio Lima, representante da ONG Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE).
Atividades do dia
Numa das primeiras atividades do dia, o recital poético “Vozes da África em Percussão”, foram lidos, dentre outros poemas, o icônico Navio Negreiro, de Castro Alves. “Esse é um momento de reflexão poética para mostrar, através das leituras, a herança africana”, explicou Fragata.
Outro ponto alto foi a exposição “Orixás, voduns, inkices do candomblé sergipano”, sob a curadoria de Janaína Couvo. “Essa exposição propõe refletir sobre os terreiros locais. A comunidade de São Cristovão tem um catolicismo forte, por isso há ainda essa questão de se abrir espaço para a realidade dos terreiros. Eles existem, mas muitas pessoas não conhecem ou não se interessam”, contou Neverton da Cruz, presidente da Associação Cultural Amigos do Museu Histórico de Sergipe (ACAMHS).
Para finalizar as atividades, um grupo animado de jovens trouxe expressões da música negra. Tocando percussão e outros instrumentos, eles animavam quem estivesse passando. Parte de um projeto social afro da comunidade, os adolescentes mostraram a africanidade presente na música.
Público
O evento foi um sucesso de público. Com o auditório lotado, alunos de diversas escolas participaram das atividades. Para professora Gláucia Souza por exemplo, aquela foi uma excelente oportunidade de discutir a questão da africanidade no Estado. “Aqui em São Cristóvão foi onde começou a colonização do nosso Estado. O negro também esteve presente, ele colonizou Sergipe. É muito importante que o povo sergipano e o alunado tenham essa consciência para que eles possam ser cidadãos que se respeitem e se conheçam mais, para assim formarmos uma sociedade mais justa”, declarou.
A professora e negra Nívea Maria, concorda com a opinião da colega. “Estou achando muito interessante porque podemos perceber a influência do negro no nosso país e como ele foi importante para a construção do Brasil”. Nívea ainda acrescentou que “esse evento é muito importante porque ressalta a importância da mulher negra na cultura, na economia e na força brasileira”, finalizou.
Próximas atividades
O evento continua na próxima terça-feira, dia 20, com mostra de vídeos, mesa redonda e uma grande roda de capoeira e maculelê. Ele é uma realização da ONG Sociedade para o Avanço Humano e Desenvolvimento Ecosófico (SAHUDE) e a Associação Cultural Amigos do Museu Histórico de Sergipe (ACAMHS), com o apoio da Secult, Casa do IPHAN, ONG Ação e Cidadania João Bebe-Água, ONG Ação Cultural, e da Prefeitura Municipal de São Cristóvão.
Confira a programação abaixo:
20/11 – TERÇA
09h
MOSTRA DE VIDEOS AFRICANIDADE
LOCAL: Casa do IPHAN, Praça São Francisco, São Cristóvão
14h
MESA REDONDA: RITMOS, IMAGENS, AFRICANIDADES
LOCAL: Museu Histórico de Sergipe
Mariana Galvão – A força da percussão como expressão afro
Janaina Couvo – Experiência de registro fotográfico nos terreiros de Sergipe
Anderson Bomfim – Hip-hop, capoeira e samba: herança africana dialogando na cidade
16h
GRANDE RODA DE CAPOEIRA E MACULÊLÊ
LOCAL: Praça São Francisco, Patrimônio da Humanidade
Ascom