O Nordeste brasileiro alcançou lugar de destaque, não só em nível nacional, como internacional, em se tratando da produção de cachaça. O nosso vizinho, o Estado de Alagoas, desponta como um dos produtores de maior expressão, com incursão no mercado sergipano, a exemplo da cachaça Caraçuípe Ouro, que já se configura como uma das mais conceituadas bebidas do país, tendo sido reconhecida mundialmente no Concurso Mundial de Bruxelas Edição Brasil, algo comparado ao Oscar das Cachaças. A premiação foi ainda para a cachaça Escorrega Ouro, que diferem apenas na classificação e tipo.
Mas não é só no concurso nacional de Bruxelas que as cachaças nordestinas alcançam o destaque. O produto vem ganhando espaço também em outros estados e já consegue desbancar fortes concorrentes de outras regiões.
Em Sergipe, a exemplo da Caraçuípe, outras cachaçarias vêm despontado no cenário nacional. Uma delas é fabricada pela Fazenda Boa Luz, que detém duas marcas, sendo a primeira que leva o nome da propriedade e outra batizada como Xingó e fabricada com diferentes aspectos. A Boa Luz é uma cachaça artesanal que pode ficar armazenada de um a três anos. Ela é armazenada em barril de Carvalho com de 200 litros.
No caso da Xingó, ela se divide em prata e ouro. A prata é envelhecida num barril de castanheira de 20 mil litros. Informa o supervisor de Produção, José Carlos do Nascimento Junior. Já a cachaça ouro, é envelhecida num barril de castanheira e de carvalho, onde permanece armazenada.
Qualidade
O processo artesanal de fabricação da cachaça, segundo Junior, é de grande importância para a constituição da cachaça que passa por um longo processo de filtragem, colheita da cana, fermentação e separação das cachaças. A Xingó prata e ouro é fermentada a 39 graus enquanto a Boa Luz a 41 graus. Hoje, as cachaças fabricadas na Boa Luz são distribuídas para todo o país principalmente para o Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e outros estados. Além disso, a cachaçaria gera hoje 18 empregos diretos.
Outra cachaça vem despontando em Sergipe e segue os passos da Caraçuípe. É a Reserva do Barão, que é considerada a mais conceituada do Estado. O senhor Martinho Barreto, proprietário da cachaçaria disse que começou a implantar a cachaçaria em 2000 em Santa Luzia do Itanhy, na Fazenda Priapú da Feira e em 2002 começou a produção da cachaça artesanal. Um ponto importante citado pelo proprietário é ter o próprio plantio. Ele afirma que é preciso manter as atividades na própria cachaçaria, sem terceirizar.
“Os produtos tem de ser acompanhados por nós em todas as etapas, para que tenham a qualidade necessária”. Essa é uma regra de produção das melhores cachaças do mundo”, atenta Martinho. Ele observou que a cachaça produzida na Fazenda é do tipo ouro e passa quatro anos no barril de carvalho. Ele ressaltou que é de grande importância o controle de temperatura, qualidade da água.
Em 2008, a Fazenda Priapú da Feira, exportava para a Alemanha e descansava a cachaça branca por apenas seis meses em dornas de aço inox. Hoje só produz para envelhecer em barris de carvalho por quatro e seis anos. “Neste período, ocorre uma troca muito forte entre o a cachaça e a madeira, alterando a cor e o sabor do produto final”, explica Martinho Miranda. Ele está se preparando para fazer um teste com barris de jequitibá. Diferente do carvalho, esta madeira de lei não passa para a ‘pinga’ nem cor nem sabor.
Martinho conta que resolveu implantar o alambique para resgatar uma antiga tradição do município, que sempre produziu boas cachaças. “A nossa fazenda pertenceu ao Barão do Timbó, antepassado de minha esposa Vera Lúcia Leite Barreto. Para se ter uma ideia, o primeiro alambique a chegar em Santa Luzia do Itanhy foi adquirido na Inglaterra em 1856 pelo Barão, que empresta o nome a nossa cachaça”, afirma Martinho Miranda.
Ascensão da cachaça
A escalada do Nordeste em direção ao topo do ranking é dada a qualidade apresentada pela cachaça fabricada na região. Antes, apenas a região Sudeste possuía destaque financeiro no setor. Hoje os estados de Pernambuco, Ceará e Bahia se destacam como maiores exportadores nacionais e outras marcas se impõem pela qualidade.
É de grande importância o desempenho nordestino com destilados. São seis as cachaças de qualidade ouro. Alagoas e Pernambuco levantam a bandeira da região e comprovam que o mercado de bebidas tem apenas a crescer no Nordeste. Com 40.000 produtores no Brasil, sendo 98% de pequenos e micro-empresários, que geram 600 mil empregos diretos e indiretos, o mercado de cachaça no país é o que possui maior possibilidade de crescimento. E já são 7 bilhões de reais de movimento anual em sua cadeia produtiva.
Pelo Brasil, 4.000 marcas de cachaça disputam mercado, e as nordestinas cada vez mais se destacam. Segundo o CBRC- Centro Brasileiro de Referência da Cachaça, o mercado informal é ainda elevado em algumas regiões, como o Nordeste, o que elevaria a nossa produção para algo em torno de 2 bilhões de litros/ano. Com exportações de apenas 1% de sua produção anual, o mercado tem potencial pra crescer ainda mais, visto que 70% do consumo de cachaça é realizado em bares e restaurantes e 30% nos demais pontos de vendas. Diante disso, ela é a única bebida, na atualidade, capaz de ter um boom no mercado internacional.
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Da Assessoria de Imprensa