Por Thierry Gozzer
Direto de Belgrado, Sérvia, para O Globo Esporte
As meninas da seleção brasileira de handebol não querem que a história escrita no Mundial da Sérvia termine por aqui. Campeãs de forma invicta, vencendo na decisão as donas da casa e um ginásio abarrotado, com 20 mil pessoas torcendo contra, o grupo já pensa nos novos obstáculos que virão pela frente.
Para chegar ao topo do mundo, o Brasil teve que ser frio nos momentos decisivos. Quando a Sérvia apertou a partida, trazendo a diferença para apenas um gol, a seleção teve reação completamente diferente dos campeonatos anteriores. Contra a Espanha, no Mundial de 2011, e um ano depois, nas Olimpíadas de Londres, diante da Noruega, falhas em momentos cruciais tiraram a chance da medalha. E aí veio o choro, como confessa Alexandra Nascimento, melhor do mundo e artilheira da decisão com seis gols na vitória por 22 a 20 na Arena Belgrado.
– A derrota contra a Espanha, no Mundial, nas quartas de final, me fez chorar por uma semana. Perdemos por um gol, no último minuto. Não entendemos nada. E começamos a pensar o que estava faltando para a gente evoluir. Depois, tivemos as Olimpíadas de Londres, e perdemos após estar vencendo por oito gols. Elas conseguiram virar… O que estava faltando? Frieza e experiência. Esse choro nós conseguimos trazer para o Mundial de uma forma positiva. Junto, trouxemos a alegria do brasileiro, que o europeu não tem. Não é fechar a cara e não rir, não é a mesma coisa. Foi alegria e experiência dos anos que apanhamos e choramos. Não perdemos nenhum jogo nesse Mundial, isso é o mais impressionante – diz Alexandra Nascimento.
Para comemorar o título, Alê pediu a música na edição deste domingo do programa “Fantástico”, da Rede Globo. A jogadora escolheu a música “Celebrar”, da banda de axé Jammil e Uma Noites. Confira o vídeo com o depoimento da atleta.
Alê espera que o título brasileiro possa servir de motivação para o crescimento do esporte no Brasil. Muito praticado nas escolas, o handebol ainda busca o padrão de profissionalismo alcançado na Europa, por exemplo. E Alê pede que as novas gerações persistam no esporte.
– As crianças que estão no Brasil, que querem continuar nessa profissão, não desistam. Por favor. Mantenham os seus sonhos. Se nós chegamos, vocês também podem chegar um dia. Sei que o handebol não é um esporte de berço do brasileiro, mas podemos chegar. Mostramos isso hoje – disse Alexandra.
Ciente de que agora o Brasil está em outro patamar internacionalmente, a jogadora garante que as cobranças para 2016 podem vir. E que as atletas estarão preparadas para lidar com esse novo momento, de chegarem como favoritas aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
– Sabemos da nossa responsabilidade. Agora teremos que continuar nosso trabalho até o Rio 2016. Vamos comemorar, mas depois analisar o que erramos, onde podemos melhorar e nesses próximos três anos vamos trabalhar para conseguir uma medalha em 2016, na Olimpíada dentro de casa – finaliza Alexandra.