Diante da possibilidade cada vez maior de Jair Bolsonaro cumprir pena em regime fechado, aliados do ex-presidente projetam um clima de vitimização que, segundo essa tese, geraria uma comoção popular capaz de fortalecê-lo politicamente.
De acordo com matéria produzida pela jornalista Marcela Mattos e publicada na revista Veja deste sábado (15), o ex-presidente já está condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe e cumpre, há mais de 100 dias, pena em regime domiciliar por ter descumprido medidas cautelares impostas ao longo do processo.
A expectativa é que os recursos contra a condenação se esgotem até dezembro, quando Bolsonaro passará a cumprir a pena definitiva.

STF deve encerrar nas próximas semanas processo por tentativa de golpe e definir o lugar em que o ex-presidente cumprirá os 27 anos de pena – Foto: arquivo/Veja
Nos últimos dias, o Supremo Tribunal Federal promoveu incursões no Complexo Penitenciário da Papuda, o presídio de Brasília, para avaliar as condições do local em receber o ex-presidente. Pessoas próximas a Bolsonaro ressaltam preocupação tanto com a saúde dele, fragilizada em decorrência das diversas cirurgias após o atentado a faca em 2018, quanto com o efeito psicológico, abalado desde o início da domiciliar.
Um dos aliados mais próximos diz não acreditar que Bolsonaro seja transferido a um regime fechado. “Se o colocarem na cadeia, ele sobe para 55% nas pesquisas”, afirma esse político.
Conforme esse cálculo, a população tenderia a acreditar que o ex-presidente sofre uma perseguição da Justiça e, assim, partir para algum tipo de reação, o que poderia fortalecer um representante do clã Bolsonaro numa disputa presidencial – sejam os filhos Flávio e Eduardo ou a ex-primeira-dama Michelle. Políticos do Centrão rechaçam essa possibilidade e trabalham por uma candidatura sem um nome da família.
A projeção estimada internamente é exagerada. Apesar disso, pesquisa Quaest divulgada na última quinta-feira, 13, indicou uma recuperação da avaliação de Bolsonaro, a despeito de estar preso e inelegível. O ex-presidente registrou 39% das intenções de voto num eventual segundo turno com o presidente Lula, que registrou 42% – em agosto, quando foi para o regime domiciliar, o ex-capitão marcava 35%.
Por outro lado, não houve a mobilização esperada durante a prisão domiciliar imposta ao ex-capitão. Entre governistas há uma leitura de que, 100 dias após a determinação, os apoiadores já tenham digerido o desfecho e tratem Bolsonaro como uma página virada – justamente o cenário temido por aliados do ex-presidente que trabalham contra a transferência a um presídio comum. A decisão sobre o cumprimento da pena caberá ao ministro Alexandre de Moraes.
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Por Marcela Mattos, Revista Veja




















































