A orientação de forma prática voltada para o homem do campo, sempre foi régua e compasso do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), e não foi diferente durante o curso de Olericultura Básica promovido a alunos de Propriá, que teve fim na última terça-feira, dia 31.
As operações desde os tratos culturais de uso da terra, como irrigaçao, adubaçao, aplicados no cultivo orgânico foram discutidos amplamente durante os três módulos da capacitação. Cada módulo teve duração de 24 horas e contou com 15 alunos. A Olericultura Básica representa atividade muito importante para o trabalhador rural. Com mais essa ferramenta, ele pode visar a produçao de hortaliças para o seu próprio consumo e como atividade comercial.
De acordo com o presidente do Conselho Administrativo do Senar, Eduardo Sobral, o curso foi criado para atender a uma solicitação do Sindicato Rural Patronal de Japaratuba, que por sua vez, foi procurado pelos agricultores do baixo São Francisco.
“Alguns dos alunos são técnicos agrícolas formados pelo Instituto Federal de Sergipe, outros são agricultores antigos, no entanto, todos tinham o mesmo objetivo, aumentar a produção, mas com uma ressalva, tudo deveria ser produzido de forma orgânica”, conta Sobral.
Outro ponto importante do curso, é que com o aprendizado, os alunos podem multiplicar as informações, oferecendo a assistência a outras famílias que também trabalham com agricultura familiar.
De acordo com o engenheiro agrônomo e instrutor do Senar, Thiago Tavares, todo o curso foi pensado para a produção de alimentos orgânicos. Eles aprenderam a parte básica da agricultura orgânica que é o planejamento de horta, na segunda fase, o significado da agricultura orgânica, para que ela serve, quais os benefícios de uma agircultura mais saudavel, onde o meio ambiente e a saúde das pessoas estão em primeiro lugar, depois foi iniciada a parte prática, trabalhando diretamente com a horta.
“Fizemos substratos de maneira alternativa com material que tem disponibilizado na região que eles vivem, apresentamos material e seus beneficios e fizemos adequações à realidade deles”.
No futuro, a produção dos agricultores deve ser em escala comercial. “Eles já estão sabendo que o produto orgânico tem um preço diferenciado no mercado, que é um nicho específico”, explica o instrutor.
Em outra oportunidade, o Senar deve voltar à região para ajudar nos problemas que eles possam a vir a enfrentar com o desenvolvimento das mudas. Essa será a continuidado do curso.
Agricultores
“Cresci os dentes na agricultura e com uma bomba de veneno nas costas”, relembra o agricultor Uilson José dos Santos, de 74 anos, que trabalha desde os oito anos na lida do campo. Desse tempo, ele não tem saudades, porque hoje faz questão de utilizar no seu terreno produtos orgânicos. “Tudo que eu planto, consigo tratar sem precisar usar produtos artificiais”, assegura.
Com o curso ele aprendeu muito mais. “A forma de alimentar e de plantar as plantas, fazer canteiros, alinhamento. De forma organizada consigo aumentar minha produção”.
Pedagogo, com licenciatura em química e técnico agrícola, Josival Moreira, do povoado Santa Cruz, em Propriá, não se cansa de aprender. No Senar, ele também já participou dos cursos como os de associativismo, apicultura, psicultura, entre outros. “Quanto mais aprendo, melhoro a minha produção”, diz.
Junto com os colegas está montando a Associação de Técnico em Agropecuárua do Pólo Propriá (ATAPP). Com a entidade, o sonho dos participantes do curso é conseguir montar uma feira em Propriá, especializada em produtos orgâncios. “O foco da agricultura familiar é ter 100% de independência. E é isso que estamos tentando conquistar”, ressalta.
Maria José Góis da Silva, do povoado Mussuipe, em Neópolis, percorre uma distância de 30 quilômetros, para participar do curso, mas não se sente cansada. “Vale a pena fazer o curso, aprendi a semear, a fazer adubo orgânico e até substrato, antes eu não sabia fazer nada disso”.
Ela tem um lote de arroz e a produção serve para comercializar e no sustento da família. “Tudo o que eu aprendo aqui, levo para minha plantação. Então sei que vou crescer ainda mais”, comemora.
Cândida Oliveira – Assessoria de Comunicação