O torcedor pegou a seleção brasileira no colo, embalou, ninou e dormiu abraçado a ela. Gritou o nome de seu craque, de seu técnico, lembrou os mil gols de Pelé, que rima com olé, e riu dos argentinos após um acachapante 3×0, em que as superioridades mental e física chamaram mais atenção do que a técnica. A Argentina teve mais a bola no primeiro tempo, teve Messi participativo, mas longe da área, só que um Brasil extremamente bem resolvido, e ciente de suas qualidades e defeitos, explodiu no talento de Coutinho, Neymar (seu 50º gol pela Seleção) e Paulinho, autores dos gols com assistências de Gabriel Jesus e Renato Augusto. O Mineirão, dois anos após o desastre, deixou transbordar orgulho por uma equipe que, enfim, devolve prazer ao brasileiro.
Começou com dois chapéus de Messi e terminou com um gol de Neymar. Uma eficiência cruel do Brasil contra uma Argentina esforçada, determinada, mas carente de velocidade e definição. Enquanto Di Maria nem foi notado em campo, Coutinho saiu da direita para a esquerda, deixou para trás um Mascherano que parece ter deixado o ímpeto em Barcelona, e fez um golaço, parecido com os que tem marcado no Liverpool. No fim, Neymar recebeu de Jesus e, livre, com espaço, deslocou Romero.
Edgardo Bauza voltou com Aguero no lugar de Enzo Pérez, e quem o viu no São Paulo pensou: quando ele está perdendo, coloca um atacante e tira um meia, a tendência é tomar mais. Quando Paulinho driblou Romero e bateu para o gol vazio, a Argentina escapou graças à leitura de jogo de Zabaleta, que salvou quase na linha. Mas Paulinho insistiu e fez o gol merecido. Ele, que ajudou Fernandinho no combate a Messi, apareceu de novo na área e completou para o gol. Daí para frente o estádio virou baile de carnaval. Em campo com Neymar e nas arquibancadas eufóricas. O Brasil afundou seu rival e elevou às alturas seu ego.
O Brasil se manteve na liderança, um ponto à frente do Uruguai (24 a 23), e a Argentina também permaneceu na mesma posição: a sexta, fora da zona de classificação para a Copa do Mundo de 2018. Na próxima terça-feira, a Seleção de Tite vai a Lima enfrentar o Peru, enquanto os hermanos receberão a Colômbia, desesperados por uma vitória.
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Por Alexandre Lozetti e Edgard Maciel de Sá – Globo Esporte, em Belo Horizonte