Ao condenar a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em Brasília, o deputado estadual Francisco Gualberto (PT) usou a tribuna da Assembleia Legislativa para afirmar que se trata de uma tentativa de golpe jamais vista na história brasileira. Para o deputado sergipano, existe um tripé que age intensamente para retomar o poder a qualquer custo. E esse tripé está constituído, segundo Gualberto, pela grande mídia, comandada pela Rede Globo, a burocracia do Estado e o poder econômico da burguesia.
“Estão querendo criminalizar e desmoralizar a política. Vender a ideia de que todo mundo é corrupto, é ladrão, de que na política nada presta. Fazer o falso combate à corrupção usando o critério seletivo”, apontou Gualberto. “É dessa forma que o novo golpe está sendo gestado, mas temos certeza que o povo brasileiro não vai admitir que esse golpe seja vitorioso. A democracia há de vencer, assim como os avanços da Constituição de 1988”.
Para o deputado, o golpe é contra o projeto que começou no governo Lula, com a distribuição de renda através do Bolsa Família, projetos de expansão da iluminação pública, construção de milhares de moradias populares, entre outras ações que levaram dignidade ao povo mais carente. Quanto ao pedido de impeachment, Francisco Gualberto sustenta que não há acusações que possam sustentar um pedido dessa natureza contra Dilma Rousseff. “Pedalada fiscal não se justifica”, garante. “O que a elite quer é voltar a governar como sempre governou. Esse é o desejo deles”.
Pelo o que é divulgado na imprensa, recursos públicos do governo federal destinados às diversas ações sociais foram pagos com atraso aos bancos estatais, Banco do Brasil e Caixa. “O dinheiro sequer saiu do ambiente público. Esteve sempre no ambiente público e na causa pública”, explicou Gualberto. “Portanto, é o maior golpe que esse Brasil já viu. Porque o golpe armado era escancarado, ele matava, trucidava, jogava pessoas no mar, mutilava. Era fácil de unificar a sociedade brasileira devido à sua violência. Mas esse golpe sutil da elite não. É um moço bonitinho falando na Rede Globo, um Eduardo Cunha atuando no Congresso Nacional, com Aécio Neves. Esse é o golpe mais difícil de combater”.
No seu pronunciamento, de forma didática, o deputado fez uma análise histórica do comportamento da classe dominante brasileira desde a época do golpe no presidente João Goulart, em 1964, que culminou com o início da ditadura militar no país. Gualberto lembrou que Jango acreditava que só através das chamadas reformas de base é que a economia do país voltaria a crescer e diminuiria as desigualdades sociais. Estas medidas incluíam as reformas agrária, tributária, administrativa, bancária e educacional.
“Hoje, na verdade, quem eles querem botar para pedalar é a democracia brasileira. Mas pedalando para trás. Este golpe está em curso”, disse, citando crises econômicas e políticas em vários países da Europa e até na China, mas nem por isso houve pedido de impedimento de governantes nesses locais. “A elite brasileira conta hoje com o tripé para manter a hegemonia do controle sobre o povo brasileiro. Isso para mais tarde vender o que resta da Petrobras, do pré-sal, do Banco do Brasil, por aí”, analisa Francisco Gualberto.
Para exemplificar sua tese de seletividade no tratamento dado pela grande imprensa aos casos de corrupção no país, o deputado lembra que geralmente, em notícias veiculadas, o dinheiro doado pela Odebrecht para campanhas do PSDB, mais de R$ 60 milhões, é algo ‘divino’. Já o dinheiro doado pela mesma Odebrecht ao PT às campanhas é produto de propina, da corrupção. “Por isso a rede Globo é a mãe de tudo o que não presta nesse país”, ataca. “E como é que um deputado federal da estirpe de Eduardo Cunha pede o impeachment de Dilma? Tenho certeza de que a população irá reagir a isso”, afirma Francisco Gualberto.
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Da Assessoria de Imprensa