Uma história no mínimo absurda. Quatro irmãs, sendo a menor de 06 anos de idade e a maior de 11, relatam que teriam sido estupradas por mais de dez vezes pelo namorado da mãe e por uma suposta quadrilha de pedófilos. O caso foi relatado ao Conselho Tutelar da 7ª Região, na última sexta-feira (11), pelo pai e pela avó paterna das crianças.
De acordo com o depoimento das meninas, a mãe teria “alugado” as próprias filhas, que eram levadas por alguns homens, num carro, para uma fazenda no município de Itaporanga D’Ajuda, a 29 quilômetros de Aracaju, capital de Sergipe. Lá, elas teriam sido abusadas por vários homens, entre eles, o namorado da mãe.
“Eu ouvi ela [a mãe] falando no telefone com o namorado e disse que podia levar a gente. Aí a gente foi dormir. De madrugada, ela acordou a gente e o namorado dela tava com uns homens em um carro esperando pra buscar nós (sic). Levaram a gente pra uma fazenda, que tinha muito mato e muita criança. Quando chegou lá, mandaram a gente tirar a roupa e ficar abraçando eles. Depois deram uma injeção na vagina da gente, a gente gritava, chorava, mas eles mandavam a gente calar a boca. Me jogaram em um colchão e abusaram de mim”, relata a maior, de 11 anos.
O pai das meninas, que não quer ser identificado, foi casado com a mãe por cerca de oito anos. Eles estão separados desde 2012, mas o pai diz que sempre buscou manter contato com as filhas, que ficaram morando com a mãe, no interior de Sergipe.
De acordo com o pai, as meninas chegaram a ver crianças sendo assassinadas na fazenda citada. Desde que as meninas vieram passar férias em Maceió, onde o pai mora, ele teria notado um comportamento diferente. “Achei que as meninas estavam muito assustadas, com medo de tudo, aí comecei a desconfiar”, conta o pai.
Como achou que algo estranho estaria acontecendo, o pai não deixou mais que as meninas voltassem para a casa da mãe. Elas, então, relataram que estavam sofrendo abusos sexuais por parte do namorado da mãe. Mas, somente na semana passada, toda história teria sido revelada.
De acordo com o conselheiro tutelar da 7ª Região, Fernando da Silva, há exames de conjunção carnal que comprovam que as meninas sofreram abusos e foram violentadas. “A menor, inclusive, estava muito mal e foi descoberto que, com apenas 06 anos de idade, está com DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis). Além disso, ela tem dificuldades para dormir, fica gritando à noite e tem medo de homens”, relata Fernando.
Segundo o conselheiro tutelar, os exames realizados pelas meninas ainda no fim do ano estão na Delegacia de Crimes Contra a Criança e o Adolescente. “Já solicitamos a cópia desses exames para poder levar o caso adiante”, afirma Fernando da Silva.
O ex-marido conta que quando questionada sobre os relatos das filhas, a mãe teria dito, por telefone, que tudo era mentira, invenção da cabeça das meninas.
Ao dar seu depoimento, o pai emociona-se e diz que a última coisa que achava que poderia acontecer com suas filhas seria esses supostos abusos. “Eu quero justiça e que as providências sejam tomadas conforme a Lei”, enfatiza o pai.
O homem abaixa a cabeça ao ouvir uma das filhas dizer, em depoimento que a mãe falava que “podia abusar, só não podia matar”. Segundo o homem, a mulher, que é auxiliar de enfermagem, estaria ganhando dinheiro ao oferecer as próprias filhas. Para ele, as injeções dadas nos órgãos genitais das meninas teriam sido “facilitadas” por ela, e se tratavam de anestésicos.
As meninas dizem que não denunciaram antes por medo, porque a mãe teria feito ameaças. “Meu pai ligava pra saber da gente e ela ficava do lado, dizendo pra não contar nada. Eu tinha medo. Neste momento, não quero mais voltar pra lá”, diz a filha mais velha.
A irmã mais nova diz que lembra perfeitamente como tudo acontecia. Segundo relatou, ela teria sido amarrada em uma cadeira, com uma corda, recebido a injeção na vagina e, logo depois, um homem colocava seus órgãos genitais na boca dela, e fazia ela ingerir excrementos, como urina e fezes. Além disso, ela e todas as outras três irmãs sofriam abusos. As quatro meninas confirmam toda a versão.
“O caso chocou a todos nós aqui no Conselho Tutelar e pretendemos levar adiante, até à Polícia Federal ou ao Ministério Público de Sergipe, se for preciso. Eu tenho filhos e me coloco no lugar desse pai. Essas meninas estão com muitos traumas, perderam a infância. As sequelas ficarão pro resto da vida”, declara Fernando da Silva.
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Informações postadas inicialmente no Portal ne10.uol.com.br