O líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa, deputado estadual Venâncio Fonseca (PP), ocupou a tribuna na tarde de hoje (2), para repudiar as acusações proferidas pelo ex-prefeito de Capela, Manoel Messias dos Santos (PSB), o “Sukita”, que acusou o parlamentar de ser o responsável por assassinatos em Sergipe. Venâncio desafiou o ex-prefeito e qualquer um a provar qualquer mal que ele ou qualquer ente de sua família tenha praticado contra quem quer que seja. O deputado disse que já está entregando a gravação do programa de rádio a um escritório de advocacia e confirmou que vai impetrar contra Sukita uma ação cível e outra criminal.
Ao iniciar seu discurso, diante das galerias lotadas na Assembleia Legislativa, Venâncio saudou o prefeito de Capela, Ezequiel Leite (PR), que acompanhava o discurso. “Durante os 20 anos de minha vida pública, pensava que jamais iria ocupar novamente esta tribuna para fazer uma defesa de minha pessoa e da minha família sobre acusações levianas. A primeira vez só sabe Deus e eu! A minha família sofreu durante um ano! Tinha que ficar caladinho, sem poder falar porque não adiantaria nada. Eu sempre ficava como suspeito na morte do meu conterrâneo e adversário Joaldo Barbosa”, disse, acrescentando que existiam insinuações de todos os lados, de adversários políticos a setores da imprensa.
Em seguida, Venâncio disse que seus filhos choravam com aquela situação, mas “os envolvidos pagaram o que deviam. Eu dizia que o tempo era senhor da razão! No momento certo nós daríamos a resposta. E, graças a Deus, após um ano, tudo foi apurado e esclarecido. Sergipe acompanhou a tudo e se entristeceu com um dos crimes mais bárbaros da história do nosso Estado”, disse. O líder da oposição lembrou que, no ato da posse do segundo suplente, deputado Francisco Gualberto (PT) – o primeiro suplente estava envolvido no assassinato –fez um discurso forte e emocionado, na presença da viúva e findou sendo abraçado e elogiado pelo então prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (IN MEMORIAM).
Sukita
Mais adiante, Venâncio entrou no “caso Sukita”. O deputado destacou toda a tramitação do projeto Carnalita na Assembleia Legislativa, onde Capela ficou detentora de 80% do que for arrecadado da exploração do minério e 20% ficando para Japaratuba. “No primeiro momento houve aquele embate político, inclusive com a participação do governo do Estado. Mas o prefeito de Capela manteve sua posição firme e ampliou o debate. Aquilo envolveu toda a classe política e foi parar em uma audiência em Brasília (DF), coordenada pelo senador Valadares (PSB), com a participação do governador Jackson Barreto (PMDB), da bancada federal de Sergipe e de senadores de outros Estados, além do representante da Vale do Rio Doce”.
Venâncio lembrou que, após aquela audiência, houve outra reunião com advogados de ambos os lados, com prefeitos e assessores para que se chegasse a um consenso. Lembrou que o prefeito Ezequiel Leite contratou um dos principais escritórios do ramo no Pais com especialização em direito tributário e minérios. “Buscava-se ali uma acomodação. Tudo foi se clareando, tanto que o projeto foi aprovado aqui na AL, por unanimidade. Eu ainda fui acusado, indevidamente, de relatar a Carnalita por Sukita. A relatora foi a deputada Maria Mendonça (PP). Foi tudo acordado com o governo e abalizado pelo senador Valadares. Não havia qualquer contestação”.
Em tom mais irônico, Venâncio disse que “o ex-prefeito Sukita, um conhecedor profundo de direito constitucional, catedrático em direito tributário e com conhecimento vasto na área mineral, começou a querer aparecer, a querer ganhar espaço na mídia. Atacou a Assembleia como um todo chamando os deputados de irresponsáveis. Ele entende muito é de maquiagem e de moda. Como eu não entendo disso, prefiro não comentar”.
Venâncio disse que Sukita deveria ter buscado o governador e pedido para ele não enviar para a Assembleia um projeto que seria contrário, e não ficasse denegrindo a imagem das pessoas. “Ele pega um carro de som e a partir das 7 horas da manhã percorre, rua a rua, para esculhambar todo mundo. Ataca o prefeito, os deputados e os vereadores. Não se salva das agressões de Sukita. Eu queria que ele estivesse aqui, para eu ver a cara dele com as bochechas vermelhas, mas não por vergonha, mas por cinismo e maquiagem! É um homem-bomba! Ele esvaziou e veio a solidão política”.
Agressão
Venâncio garantiu que já tem a cópia da entrevista em que Sukita o acusou de assassino e revelou que vai acionar o ex-prefeito de Capela na Justiça. “Sukita terá que provar a acusação irresponsável que fez contra mim! A pessoa fazer uma acusação dessas sem provas? Perguntar no rádio se tem um homem que matou mais gente em Sergipe que Venâncio? Quantas pessoas ouviram aquilo? A coisa foi tão irresponsável que chegou ao ponto de um ex-vereador, meu adversário político ferrenho de São Domingos, me ligar e ficar solidário. Quem não deve, não teme! Eu tenho vários defeitos, mas uma qualidade: o respeito às famílias”.
Em seguida, Venâncio lembrou que quem mais fez e faz oposição na AL contra os governos de Marcelo Déda e Jackson Barreto é ele. “Mas ninguém nunca me viu faltar o respeito com o governador. Nunca me viu destratar um secretário ou assessor. Faço críticas construtivas e estou com minha consciência tranquila. Eu desafio a Sukita ou a qualquer cidadão de Sergipe a fazer uma investigação. Vasculhem a minha vida! E estendo a todos os meus irmãos, inclusive às mulheres. Vão atrás de qualquer delegacia, fórum ou Ministério Público. Não vão achar nada! Prove que eu mandei matar alguém ou fiz o mal a quem quer que seja!”.
Por fim, Venâncio classificou Sukita de “coronel maquiado” e disse que “ele não vai macular a minha imagem e nem da minha família com essas barbaridades. Sukita não é um caso de psiquiatria! Ele é maquiavélico! Ele sabe tudo o que está fazendo! Ele é um caso de polícia e da Justiça, O resto é malandragem!”. O deputado citou que, diante do ocorrido, seu irmão, o ex-deputado Cleonâncio Fonseca fez questão de acompanhá-lo na tradicional festa da Sarandaia, em Capela, no sábado (31) a noite.
“Nós somos unidos. Ainda mais nas horas difíceis. São oito respirando por um só pulmão! Fomos para a casa do vereador Fabinho, que fica em frente ao ‘palácio’ do ex-prefeito. De repente chegou todo um efetivo de policiais, com viaturas e armamento. Parecia que teríamos uma guerra em Capela. Foi tudo tranquilo e não houve nada! Para nossa surpresa, Sukita foi à delegacia prestar queixa porque se sentiu ameaçado com a presença de Cleonâncio em Capela. É mole? E agora para entrar no município tem que pedir autorização ao coronel maquiado? Ele pode prestar quantas queixas quiser que nós vamos continuar fazendo política lá dentro, com respeito, gostando ele ou não”, concluiu o líder da oposição, sendo aparteado por todos os deputados presentes na sessão.
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por Habacuque Villacorte, da Agência Alese