Alunos dos ensinos fundamental e médio do Colégio Estadual Professora Glorita Portugal, em São Cristóvão, estão participando do II Simpósio da Consciência Negra. O evento, que acontece na própria unidade de ensino, teve início na manhã desta segunda-feira, 18, e se estenderá até esta terça-feira, 19. O simpósio busca resgatar o debate sobre a questão racial no Brasil, levando discussões sobre o tema para a escola.
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Nesta manhã, os alunos assistiram a uma palestra com o tema Capoeira e a Negritude, ministrada pelo professor e capoeirista Adolfo dos Santos Costa. Ele destacou que a capoeira é uma das manifestações da cultura negra e que pode auxiliar na conscientização dos estudantes. Hoje temos o preconceito social e racial, e isso não se muda de uma hora para outra. Esse tema é interessante para que a gente possa tentar trazer esses alunos para a reflexão sobre as relações, para que eles reflitam o seu contexto, até que ponto as pessoas estão sendo preconceituosas, explicou.
Alunos e gestores se mostraram empolgados com o simpósio, que ajuda a quebrar barreiras na mentalidade de todos. Foi o caso de Bruna Nascimento, que estuda no 2º ano. Acho que incentiva as pessoas a verem que o racismo é algo que não pode acontecer. Esse evento ajuda bastante a nos conscientizarmos, pois na escola acontece muita discriminação. É importante saber que todos nós somos iguais e a consciência negra mostra um pouco mais da nossa raça, disse.
A diretora Ivy Santos Sales ressaltou que essa série de palestras e oficinas pode ajudar os estudantes a terem uma identidade cultural. A cultura negra faz parte das nossas raízes. É muito importante nós conhecermos as nossas origens para que os alunos possam ter uma verdadeira identidade cultural com a nossa nação, acentuou.
O aluno Michel Emerson dos Santos destacou que a cultura brasileira tem suas origens na africana. É sempre importante que a cultura do negro seja expressa nas escolas públicas, porque o negro praticamente fez o Brasil. A formação da cultura brasileira vem dos negros. É importante que divulguemos essa cultura, porque foi através dela que se formou a cultura brasileira, afirmou.
Emily Tawane Vieira Prata, que estuda no 7º ano, também está participando do simpósio. Para ela, os debates que estão acontecendo ajudarão a diminuir o racismo na escola, pois estão aprendendo mais sobre a cultura negra. Quem também esteve no evento foi a diretora de Políticas para Mulheres da USES, Larissa Alves, que ressaltou a importância do simpósio para os estudantes.
A escola nos prepara para a vida, nos torna cidadãos, então é justo que nos conscientizemos sobre a cultura negra, para sabermos que a cor da pele não importa, mas sim o nosso caráter e a nossa consciência, para termos uma perspectiva de um futuro melhor, disse.
De acordo com o coordenador do colégio, Eduardo Santos Eliodório, o simpósio foi criado também para comemorar a Lei 10.639/03, que institui o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas públicas. Ele destacou a importância do evento para diminuir o preconceito entre os alunos. Trazendo o conhecimento das questões raciais no Brasil, a gente consegue quebrar um pouco essa questão do preconceito que existe e que é muito forte ainda, pois o Brasil ainda não se entende como um país de pessoas mestiças ou negras, disse.
Atividades
A programação prossegue durante a tarde, a partir das 14h, com a palestra com o tema Contribuições das raízes africanas na dança brasileira, ministrada pela professora da UFS, Jussara da Silva Rosa Tavares. Às 15h acontecerão duas oficinas, uma sobre capoeira regional e outra sobre dança afro-brasileira.
À noite, a partir das 20h, os alunos assistirão a uma palestra com o tema A importância da história e cultura afro-brasileira no combate ao racismo, ministrada pelo professor Andrey Roosewekt Chagas Lemos, da Diretoria Nacional da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO). O primeiro dia do evento termina com uma sessão cultural, às 21h.
Na terça-feira, 19, a partir das 8h, será a vez da palestra sobre Cotas nas Universidades, realizada pelo professor Robson Cardoso Araújo, que é fundador da Sociedade Afro-sergipana de Estudos e Cidadania (SACI). Neste mesmo horário acontecerá outra palestra, como o tema Identidades culturais e tradições afro-brasileiras, ministrada pelo professor da UFS, Genésio José dos Santos.
A partir das 9h, acontecerão três oficinas: Corpo e Movimento, com o professor Milton Leite; Poesia – Roda de contadores de histórias, com o professor Thiago Fragata, e Mostra de Imagens, com graduandos de Geografia da Universidade Federal de Sergipe. Às 10h45 haverá a sessão cultural, com apresentação das oficinas SINTESE Cultural.
Pela tarde, às 14h, o professor Wellington de Jesus Bomfim ministrará a palestra Violência e Juventude Negra. Às 14h50 será a vez do professor Robson Lira, que ministrará a palestra com o tema A música e a consciência negra.
Às 15h30 acontecerão cinco oficinas: Capoeira angolana, Break e B. Boy, Grafite, Rimas – Rap, terminando o Simpósio às 17h com a sessão cultural.
Ascom Seed/Governo de Sergipe