Luiz Paulo Montes, do UOL, em São Paulo
A CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) nunca escondeu o desejo de renovação no vôlei de praia. Para 2016, as equipes brasileiras estão basicamente montadas com veteranas. E para 2020, parece que não haverá muito com o que se preocupar. Afinal, Duda, de só 15 anos, despontou na atual temporada como uma das maiores promessas dos últimos anos.
Siga o SE Notícias no Twitter e curta no Facebook
Em julho, quando ainda tinha 14 anos, a sergipana tornou-se a primeira a disputar três Campeonatos Mundiais no mesmo ano (sub-19, sub-21 e sub-23), e espantou os envolvidos com a conquista do título sub-19 e o vice-campeonato sub-23, com atletas muito mais velhas e rodadas na modalidade.
O resultado na categoria mais próxima do adulto foi o mais ‘espantoso’ devido às circunstâncias. Duda foi chamada às pressas para formar dupla com Thaís, já que Rebecca, que jogaria o torneio, pediu dispensa no dia do embarque. Sem treino algum ao lado da parceira, se apresentou no aeroporto, viajou para a Polônia e jogou dois dias depois.
“Esse ano está sendo muito bom para mim, com conquistas boas. Estou em um caminho muito bom, tenho amor pelo vôlei e não quero sair. Sei que tudo depende só de mim para dar certo”, afirmou Duda, em entrevista ao UOL Esporte.
A garota é tratada como prodígio pela CBV. Mesmo tão nova, treina algumas vezes entre as profissionais que fazem parte da seleção brasileira e disputam o Circuito Mundial. Ali no grupo, aliás, está Maria Elisa, o maior ‘espelho’ de Duda, precoce nas conquistas e no cenário do vôlei de praia.
Internamente, na seleção, há quem acredita que Duda tenha potencial até mesmo para disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Para não ‘pular etapas’, a comissão técnica não pensa nesta possibilidade e pretende dar mais experiência à atleta antes de coloca-la entre as principais atletas do país. O foco é mesmo Tóquio-2020.
“A Duda é craque de bola, tem um potencial enorme, é talvez a nossa maior revelação. O trabalho tem dado certo com ela. Mas a Olimpíada dela é 2020. Falta pouco para o Rio, ela tem só 15 anos, acabou de fazer 15 anos. Eu não descarto nada, ninguém sabe o que pode acontecer. Mas se tudo seguir do jeito que a gente planeja, o objetivo é Tóquio”, afirmou o técnico da seleção feminina, Marcos Miranda.
Para não ‘desperdiçar talento’, o tratamento com a jogadora é para ‘lapidar uma joia’. Frequentemente passa por períodos de treinos em Saquarema e fica com toda uma equipe técnica à sua disposição nos dias em que fica no Centro de Treinamento.
Até mesmo o estudo não é deixado de lado, também por vontade de Duda. Como tem uma rotina agitada e com viagens frequentes, a jovem tem um esquema diferenciado de aprendizado. Quando não pode ir à escola, recebe trabalhos em casa para fazer e não ficar sem nota. Atualmente ela está no 1º ano, e quer cumprir, no mínimo, até o 3º.
“É difícil conciliar, mas eu quero estudar, não vou largar. Faço trabalhos em casa, tudo normal. Só não vou ao colégio, mas fico no CT estudando, fazendo as tarefas. E aí quando acaba a temporada na seleção eu frequento a escola. Eles são bem flexíveis”, explicou.