por Valter Lima, do Brasil 247
O governador Marcelo Déda (PT) está em São Paulo, em tratamento de saúde, mas muito atento aos fatos políticos de Sergipe. No início da tarde, ele voltou ao Twitter para contrapor análise feita pelo jornalista Cláudio Nunes, em defesa da candidatura do deputado federal Rogério Carvalho a presidente estadual do PT, baseado no discurso do governador feito em 2012, quando o parlamentar abriu mão da disputa pela prefeitura de Aracaju em prol do deputado federal Valadares Filho (PSB).
“Naquele discurso o tema era a Presidência do PT até as prévias. É justo avaliar a gestão de Rogério prá ver se deu certo. Ninguém apoiou mais Rogério na política de Sergipe do que eu. Ninguém mais do que eu depositou esperanças no seu futuro. É com essa autoridade moral que eu tenho direito de avaliar se Rogério seria o melhor presidente para o PT hoje. Eu não queria me meter, mas não negarei à militância do PT a minha opinião e o meu voto. Por enquanto, é só”, disse, em quatro postagens direcionadas ao jornalista.
Pelas declarações de Déda ficou subentendido que ele não avalia como positiva a passagem de Rogério pela presidência do partido e que também rechaça a pecha que o próprio deputado passa de que sempre é preterido internamente pelas principais lideranças da legenda. O “ninguém apoiou mais Rogério na política de Sergipe do que eu”, postado pelo governador, é uma referência mais do que clara de que foi pelas mãos de Déda que Rogério cresceu politicamente no Estado.
E isto procede: foi Marcelo Déda quem trouxe Rogério para Aracaju, ainda na sua primeira gestão como prefeito, e confiou a ele uma das principais pastas de um Governo (com mais capilaridade e recursos). De mesmo modo o fez em 2007, ao chegar à administração estadual, colocando-o novamente na Secretaria de Saúde, através da qual Rogério se gabaritou para ser o deputado federal mais votado do Estado. Somadas essas duas ocasiões, são quase 10 anos da presença estratégica de Rogério na gestão.
A frase “Ninguém mais do que eu depositou esperanças no seu futuro”, também publicada pelo governador, deixa explícito que, em algum momento da história recente da política sergipana, ele viu em Rogério um sucessor, provavelmente. No entanto, foi, pelas mãos de Rogério, que Déda enfrentou muito desgaste político, por problemas não superados na saúde estadual. Será que foi aí que o governador perdeu a “esperança”? Do alto da sua “autoridade moral”, como postou no Twitter, Déda ressaltou que voltará a dar novas opiniões e sugestões sobre a disputa interna do PT.
Se não houver recuo ou abertura de diálogo por parte de Rogério, a eleição do partido será decisiva em sua carreira política. Se vence, coloca-se acima dos demais e desponta como uma liderança, quer queira ou não Déda. Se perde, poderá ser sufocado pela rebelião criada agora. O que fará Rogério? Segundo ele, nem Déda pode tirar sua candidatura, somente aqueles que o fizeram candidato, mas estas lideranças (prefeitos, deputados, vereadores) também peitarão o governador?
Abaixo o artigo de Cláudio Nunes, publicado hoje no Portal Infonet:
Pelo discurso de Déda, Rogério presidirá o PT
“É Rogério que vai liderar a minha e a nossa legenda.” A frase foi proferida há um ano pelo governador Marcelo Déda, no dia 24 de Junho, quando do anúncio do nome de Valadares Filho como candidato a prefeito do grupo que apoia o governo estadual.
Como grande orador, Marcelo Déda fez um discurso histórico enaltecendo a grandeza do gesto do deputado federal Rogério Carvalho, então pré-candidato oficial do PT, em abrir mão da candidatura em prol da unidade do grupo.
“É fruto da inteligência estratégica de quem vê na frente e da humildade de quem está se vocacionando a ser liderança. De alguém que sabe que quando a história prepara o nosso lugar, nós precisamos ter a tranqüilidade de não acelerar o relógio. Paciência histórica não é comodismo, nem covardia, é a capacidade de ler no passar dos dias, a mensagem do tempo e esperar as condições objetivas para encarnar num determinado momento, a vontade coletiva de liderar o povo na direção do progresso. E essa paciência Rogério tem”. Discursou Déda.
E Déda foi mais longe afirmando que Rogério teve a “paciência histórica para ler a mensagem do tempo e esperar a sua hora de comandar todo o bloco”, disse exaltando que Rogério não teve medo da campanha difamatória, botou a cara e buscou legitimidade dentro do partido conquistando a maioria dos companheiros. “Mostrou que sabe respeitar, valorizar e construir o seu partido. É líder porque 60% do diretório viu nele a condição de liderar o partido”, reforçou Déda.
E concluiu: “É Rogério que vai liderar a minha e a nossa legenda. É Rogério que vai ser o responsável de levar em suas mãos o estandarte vermelho da estrela, da luta e da vitória, em nome do PT em benefício de toda coligação. Ele soube fazer a sua luta, construir a sua vontade e ouvir a vontade dos outros. As hienas e os abutres que esperavam que o PT jogasse Rogério para ser devorado pela inveja e o ódio quebraram a cara e os dentes, porque o Rogério que voltará às ruas como um guerreiro com a armadura da estrela, é meu presidente,é o nosso presidente que vai presidir o nosso partido aqui no estado”, afirmou.
Como se percebe caro leitor, o governador licenciado Marcelo Déda sabe que o PT está em boas mãos com Rogério na presidência. Até porque Márcio Macedo e Silvio Santos já presidiram o PT por duas vezes cada um. Rogério foi apenas interino.
O problema é que tem gente passando para Déda informações com interesses particulares. Ou melhor: tem gente preocupada neste momento somente com o próprio umbigo voltado para as eleições 2014.