Lutar, lutar, lutar! Para vencer, vencer, vencer! Mais do que uma canção, a mensagem embutida no hino do Atlético-MG foi uma ordem para time e torcida nesta histórica noite de quarta e madrugada de quinta-feira no Independência. Vitória por 2 a 0 no tempo normal e posterior triunfo nos pênaltis, por 3 a 2, colocaram o Galo na final da Libertadores da América pela primeira vez. Victor, desde já eterno, foi novamente salvador. Pegou o último pênalti, de Maxi Rodríguez, e garantiu a classificação – como fizera contra o Tijuana nas quartas de final.
Bernard, logo com três minutos, fez o primeiro gol do Atlético-MG. Havia uma eternidade para encontrar pelo menos mais um. E ele saiu no final, após um apagão no estádio, com Guilherme. Nos pênaltis, em um drama sem igual para a torcida alvinegra, Alecsandro, Guilherme e Ronaldinho Gaúcho fizeram, Jô e Richarlyson perderam e Victor pegou a última batida – depois de Casco e Cruzado também errarem.
O jogo teve incidentes. Terminou apenas na madrugada de quinta-feira. No primeiro tempo, parou por nove minutos para atendimento ao goleiro Guzmán. Na etapa final, parte do sistema de iluminação do Independência caiu, e a bola ficou sem rolar por 11 minutos. No momento da interrupção, o Atlético estava mal na partida. No retorno, fez o segundo gol. E foi aos pênaltis. E foi à final.
1 a 0 em um primeiro tempo de 54 minutos
O Independência nem precisava de um gol tão cedo para chacoalhar o time do Atlético-MG. A torcida nem precisava de um presente tão precoce, tão grande, para gritar mais e mais e mais. Mas aconteceu. Três minutos, apenas três minutinhos, e o Galo já pulou na frente.
O passe de Ronaldinho foi uma preciosidade. Ele encontrou um daqueles espaços que só os craques percebem. Recebeu, pensou durante meio segundo e já acionou Bernard. Entre os zagueiros, deixou o garoto livre, como quem diz: “Vai, filho, faz”. Enquanto o jovem meia-atacante encaixava o corpo para marcar o gol, o camisa 10 já erguia o braço direito, iniciando a comemoração. O Horto entrou em surto. Gol de Bernard, gol do Galo!
O time mineiro ficou elétrico. Cada bola valia a maior das divididas. Cada jogada valia o maior dos esforços. Lutar, lutar, lutar. Diego Tardelli cresceu no jogo aos poucos. Marcos Rocha apareceu bem pela direita. Ronaldinho centralizou as ações pelo meio. Jô brigou lá na frente. Mas do outro lado estava um bom time, um time perigoso. O Newell’s jamais deixou de avisar que poderia fazer um gol. Chute de Maxi Rodríguez, bem defendido por Victor, foi um sinal.
Mas o goleiro que roubou as atenções no jogo foi Guzmán. Fez duas defesas fundamentais, em lances parecidos, um contra Bernard, outro contra Josué. Os brasileiros receberam na área, pela esquerda, e bateram cruzado. O goleiro se agigantou na frente deles.
Em outro lance, foi atingido, involuntariamente, pela chuteira de Tardelli. Cortou a cabeça e machucou o nariz. Ficou nove minutos sendo atendido. Passou parte da etapa com a cabeça enfaixada e pedaços de algodão enfiados nas narinas. Parecia saído de uma guerra.
Por causa do atendimento a Guzmán, o primeiro tempo foi a 54 minutos. E foi aí que quase saiu o segundo gol do Galo. Jô girou sobre a zaga, avançou área adentro e levou um encontrão de Victor López. Não houve atleticano no mundo que não tivesse pedido pênalti. Mas a arbitragem nada marcou.
2 a 0 no segundo tempo de 58 minutos
O Atlético-MG voltou mal no segundo tempo. Logo na largada do período, Diego Tardelli foi agarrado na área. Pediu pênalti, novamente negado pela arbitragem. Parecia um presságio de mais pressão, de mais sufoco. Mas não seria tão fácil.
O problema é que o Newell’s voltou ligado do intervalo. Marcou melhor. E quase empatou em rápido contra-ataque. Casco recebeu na área, frente a frente com Victor, e se enrolou com a bola.
O Galo ficou nervoso. O rendimento caiu. Erros se multiplicaram. A cada minuto, o Newell’s parecia mais confortável em campo. E aí caiu a luz. Parte dos refletores perdeu a energia. O jogo ficou 11 minutos parado. Quando foi retomado, era outro Atlético.
Entraram Alecsandro e Guilherme, na cartada final de Cuca. Cartada decisiva. Após arremesso lateral, a bola viajou para a área do Newell’s e voltou no pé de Guilherme. O chute foi forte, seco, no peito do pé. O Independência soltou um urro coletivo. Gol! Gol do Atlético!
O jogo, incrível, seguiu vivo. Luan, outro a entrar, poderia ter feito o terceiro, o da classificação. Não aconteceu. A decisão foi aos pênaltis. E aí deu Galo.
As cobranças
Alecsandro foi o primeiro a cobrar. Bateu bem, no ângulo. Scocco, com uma cavadinha, empatou. Guilherme bateu o seguinte, e marcou. Vergini igualou. E aí Jô perdeu o primeiro. Bateu para fora, rasteiro. Sorte do Galo que Casco, na sequência, também errou.
Lá foi Richarlyson chutar o quarto: alto, muito alto, para fora. Mas a noite era do Atlético. Cruzado também chutou extremamente mal. Para a cobrança final, o Galo teve a segurança de Ronaldinho, com ótima cobrança. Caiu toda a pressão nos pés de Maxi Rodríguez. Victor respirou fundo, fez um sinal afirmativo com a cabeça. E entrou para a história do Atlético-MG.
Do EM, Wanderson Lima, em Belo Horizonte (MG)