As Polícias Civil e Militar de Sergipe desarticularam na noite deste domingo, 2, uma quadrilha interestadual de assaltantes de banco, composta de dez pessoas, acusada de assaltar vários instituições bancárias nos Estados do Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba, Ceará e Sergipe. Em Aracaju, o bando agiu pela primeira vez em outubro deste ano, quando roubou cerca de R$ 800 mil do Banco do Brasil, do conjunto Augusto Franco, zona sul da capital.
De acordo com o diretor do Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope), delegado Flávio Albuquerque, as prisões ocorreram em duas situações. Parte do grupo foi surpreendido quando retornava de um dia de lazer no Cânion de Xingó, em Canindé do São Francisco. Os demais integrantes foram presos dentro da pousada, na Orla de Aracaju, onde se instalaram desde a última quarta-feira.
Pelos levantamentos da polícia, a primeira equipe de asssaltantes, três homens e três mulheres, chegou no início da semana passada ao Estado. Os casais se passavam por turistas. Segundo o comandante da Polícia Militar, coronel Maurício Iunes, a partir do dia em que fizeram check-in na pousada, policiais disfarçados de turistas também se hospedaram no estabelecimento e passaram a se aproximar dos criminsos.
“Os policiais foram inclusive ao Cânion de Xingó filmar e fotografar as mordomias da quadrilha”, disse o coronel Iunes.
Embora quisessem mostrar que estavam a passeio, um deles Gecimauro Gomes da Silva, 25 anos, tinha a missão de ficar na porta da agência, nos pontos de ônibus ou até mesmo nas esquinas para fazer um relatório sobre a passagem de carro-forte e quanto tempo levava para abastecer a agência e em quais horários. “Ele era o membro da quadrilha que dizia qual agência deveria ser assaltada”, explicou Flávio Albuquerque.
Feito o levantamento, a quadrilha sempre escolhia o início do mês para executar suas ações. “Eles têm conhecimento de que no início do mês é onde há o abastecimento com maior numerário, por conta disso esta é a época preferida para assaltos”, explicou o delegado. Todos os integrantes são de Pernambuco e já possuem condenações por roubo a banco.
Além de Gecimauro, foram presos Fausto José Ricardo Brito Barbosa, 22 anos, Fábio Francisco dos Santos, 34, Estênio Silva de Castro, 31, Kleyson Oliveira de Santana, 26, André Luis Ramos Monteiro, 34, Jorge Inaldo Paurilio Nascimento Lima, 37, Ana Roberta dos Santos, 25, Ruana Paula Oliveira Silva e Susane Maria da Silva, 24. Após escolher o banco, cabia a Estênio, apontado como líder da quadrilha, trazer os integrantes para executar os crimes.
Característica da quadrilha
Conforme as investigações, uma característica da quadrilha é levar susto aos seguranças da agência para facilitar a imobilização. “Eles sabem que a porta giratória do banco é blindada, mas os vidros laterais são comuns, por isso eles compram uma marreta se posicionam e detonam o vidro. Assustados, os vigilantes são rendidos e depois vão a tesouraria, onde o carro-forte tinha acabado de deixar o dinheiro e levam todos os malotes”, disse o coronel Iunes.
Contra os criminosos, a polícia tem filmagens de ações da quadrilha em assaltos praticados em Natal, Maceió e em João Pessoa. ” Temos filmagens deles atuando nesses Estados, inclusive o Fábio Francisco, conhecido como ‘Maozinha’, se apresenta de paletó, bem vestido, para não chamar atenção”, destacou o delegado.
Albuquerque ressaltou que esta quadrilha tem dois líderes, Fábio, que é dono das armas e é o encarregado de liderar o primeiro grupo que chega à cidade. O segundo grupo é liderado por Estênio, que também financia a ação. Para a polícia, é ele quem custeia as despesas do grupo até que haja o assalto.
Tanto o coronel Iunes quanto o delegado Flávio Albuquerque foram categóricos ao afirmar que o crescimento de assaltos a agências bancárias em Sergipe e no Nordeste se deve a fragilidade das instiuições financeiras quanto à segurança. O delegado chegou a comparar a segurança desses locaos com um de uma loja de galeria.
Com a ‘quadrilha do paletó’, como ficou conhecido o bando, foram apreendidos três carros financiados em nomes de ‘laranjas”. Um Honda Civic, um Pálio Weekend, e um Golf, todos com placa de Recife / PE, seis pistolas, uma marreta, dois rádios transmissores, 16 celulares e dezenas de munições.
“Essa é uma investigação exclusiva de Sergipe. Para o Estado é interessante que esses criminosos sejam transferidos para presídios de segurança máxima de outras unidades da Federação para que eles não ensinem suas técnicas a presidiários daqui”, disse Albuquerque.
Além do Complexo de Operações Policiais (Cope), participaram das prisões o Comando de Operações Especiais da PM (COE), Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (Dipol), Grupamento Tático de Motos (Getam) e Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (Copci), policiais do Gabinete do Comandante Geral da PMSE e o Grupamento Tático Áereo (GTA).