Herculano Barreto Filho – Jornal Extra Globo
O casamento do sargento da Marinha Fábio Gefferson dos Santos Maciel, de 33 anos, durou menos de seis horas. Ele ouviu o “sim” da noiva por volta das 20h30m deste domingo, no Clube Nautilus, na Ilha do Governador, diante de cerca de 200 convidados. Ao sair da festa, correu, brincando com uma das madrinhas, e tropeçou.
Uma tulipa, guardada no seu bolso esquerdo, quebrou e fez um corte na veia femural. O sargento não resistiu ao ferimento e morreu às 2h16m da madrugada desta segunda-feira, a caminho do Hospital Paulino Werneck, também na Ilha. De acordo com o cirurgião vascular Eduardo Fávero, o militar poderia ter sobrevivido se tivesse recebido um atendimento de emergência por um especialista.
Fábio planejava o casamento desde o começo do ano, quando começou a construir uma casa na Ilha, para morar com a noiva. A obra ficou pronta há uma semana. Familiares dele vieram de Manaus, de avião, só para assistir à cerimônia.
Segundo uma amiga do casal, a viúva estaria inconsolável, dizendo toda hora “só quero o meu marido de volta”.
Sangue no chão
O acidente causou tumulto em frente ao salão de festas. Assustada, uma moradora foi até o portão de casa, para ver o que estava acontecendo.
— Vi uma noiva chorando na calçada, com um buquê de flores ao lado. Mas não sabia o que tinha acontecido. Só escutei uma gritaria na rua. Achei que fosse briga — diz a moradora, que preferiu não se identificar.
Ontem de manhã, ainda havia sangue no chão, lavado por funcionários do salão de festas. Eles ainda não sabiam que o sargento havia morrido logo após o casamento.
— Ele morreu mesmo? Pensava que tinha sido só um acidente. Ele estava tão feliz… Antes de sair, abraçou todos os funcionários da casa — lembra o gerente Rodrigo Gonzalez, que visitou a viúva ontem à tarde, após ser informado pelo EXTRA da morte.
Casa pronta e planos de um bebê
Os últimos meses foram de sacrifício e preparação para um casamento pensado em todos os detalhes. Há oito meses, Fabio contraiu empréstimo só para construir a casa onde iria morar com Geise, na Ilha.
Antes, vivia num apartamento alugado. Mas passava a maior parte do tempo com Geise, que morava com a mãe, também na Ilha. A casa ficou pronta há apenas uma semana. E ficou como a viúva queria.
— Ele não aproveitou nada — lamenta o cunhado Marcos Assen.
O casal também fez questão de cuidar de todos os detalhes do casamento. Da decoração à escolha do cardápio da festa. Na semana passada, Fabio e Geise ensaiaram a cerimônia para que tudo fosse perfeito. Ao chegar na festa, Fabio disse, segundo os convidados:
— A festa é nossa! E de vocês também!
Num telão, passavam fotos antigas do casal, que já planejava ter um filho no próximo ano.
Casa pronta e planos de um bebê
Os últimos meses foram de sacrifício e preparação para um casamento pensado em todos os detalhes. Há oito meses, Fabio contraiu empréstimo só para construir a casa onde iria morar com Geise, na Ilha.
Antes, vivia num apartamento alugado. Mas passava a maior parte do tempo com Geise, que morava com a mãe, também na Ilha. A casa ficou pronta há apenas uma semana. E ficou como a viúva queria.
— Ele não aproveitou nada — lamenta o cunhado Marcos Assen.
O casal também fez questão de cuidar de todos os detalhes do casamento. Da decoração à escolha do cardápio da festa. Na semana passada, Fabio e Geise ensaiaram a cerimônia para que tudo fosse perfeito. Ao chegar na festa, Fabio disse, segundo os convidados:
— A festa é nossa! E de vocês também!
Num telão, passavam fotos antigas do casal, que já planejava ter um filho no próximo ano.
Enterro em Manaus
Transferência
Segundo parentes de Fabio, a Marinha arcou com os custos do deslocamento do corpo de Fabio para Manaus, e com as passagens dos parentes dele.
Marcas no sapato
Carlos Alberto Nogueira, de 46 anos, tio de Geise, estava com a roupa usada no casamento quando foi ao IML, ontem de manhã. Os sapatos ainda estavam sujos de sangue. “Não deu tempo nem de trocar de roupa”.
Festeiro
Nogueira descreve Fabio como um cara alegre, que gostava de se reunir com amigos. “Ele gostava de ir à praia, ao pagode, de beber a cervejinha dele. Era amigo de todo mundo”, lembra.
O último abraço
Amiga do casal, Fabiana Sena ajudou nos preparativos do casamento. Antes de se despedir de Fabio, ela recebeu o último abraço do militar. “Ele disse: ‘Aí, cabeça. Vai lá em casa amanhã (hoje), porque eu vou assar uma carne’. Depois, me abraçou e eu fui embora”, conta.
Perfil
Fuzileiro serviu no Haiti em 2006
Fabio e Geise estavam juntos há sete anos. Fuzileiro, ele chegou a servir no Haiti, numa missão da força militar da ONU, em 2006.
A data do casamento foi anunciada pelo militar com cinco meses de antecedência. E com festa.
O sargento fez um convite informal a amigos no mesmo dia em que criou o perfil numa rede social da internet, ilustrada com uma foto do casal. “Gente, vou casar dia 18 de novembro de 2012… em breve estarão sendo convidados formalmente…”, publicou.
Natural de Manaus (AM), Fabio saiu da cidade natal há oito anos. Ele tinha 33. Deixou cinco irmãos, com idades entre 39 e 17 anos. A relação com os parentes era próxima, apesar da distância.
Na semana passada, oito parentes viajaram de Manaus para o Rio só para festejar o casamento dele com Geise.
No fim de semana, eles se reuniram na casa de Fabio para um churrasco com mocotó, regado a cerveja.
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