Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
Em clássico equilibrado no Engenhão, Seedorf vê seu time ser derrotado pela segunda vez seguida, após jogada de raça de outro maestro
No duelo dos maestros, aquele que suportou até o fim saiu vencedor. Melhor, foi aplaudido de pé pela massa. Com assistência em toque de raça de Juninho Pernambucano, Alecsandro marcou o único gol do clássico contra o Botafogo, na noite desta quarta-feira, no Engenhão, aos 41 minutos do segundo tempo, e fez o Vasco dormir na liderança do Campeonato Brasileiro, passando o Atlético-MG, que entra em campo na quinta, por um ponto.
Em sua segunda aparição, o holandês Clarence Seedorf teve boa atuação, correu e participou mais do jogo, mas não foi capaz de se destacar como seu público gostaria. Assim, o Glorioso estaciona na oitava posição, por ora, com 17 pontos, e atinge seu terceiro compromisso consecutivo vencer na competição – e a segunda derrota seguida.
Diante do panorama do início do jogo, era de se esperar que o Botafogo, aclamado pelo técnico cruz-maltino como um adversário de difícil encaixe para o Vasco, pudesse ser superior de novo, a exemplo dos outros dois encontros de 2012. Renato e Vitor Júnior, de longe, criaram as primeiras chances e inflamaram sua torcida. Posicionado à esquerda e recuado em relação à estreia, no último domingo, Seedorf ajudou a reduzir os espaços de Juninho, Carlos Alberto e dos laterais. Assim, o vice-líder do Brasileirão não mantinha a bola no campo de ataque.
Essa estrutura, porém, não durou muito mais do que dez minutos. A começar pelo alto, o Gigante da Colina começou a destruir o esquema de Oswaldo de Oliveira. De cabeça, Alecsandro parou em milagre de Jefferson, à queima-roupa, tentativa que se repetiria mais tarde. Logo depois, Nilton acertou chute de esquerda que também parou nas mãos do goleiro.
Assustado, o Glorioso perdeu o controle da partida, passou a errar passes antes mesmo de as jogadas chegarem a Vitor Júnior, Andrezinho e Elkeson, o trio avançado. Aos 14, a grande oportunidade da etapa: Carlos Alberto deixou dois no chão ao ameaçar bater e acertou a trave. Neste momento, já havia a inversão dos números gerais. Era o Vasco quem mandava. Ainda assim, os minutos seguintes foram de bola presa entre as intermediárias e pouca evolução.
Para estender a lista de lances desperdiçados, Wendel concluiu torto, sozinho na área, após Juninho achar Carlos Alberto, e este lhe passar a bola. Ao apito final, a equipe cruz-maltina somava nove finalizações, contra duas do rival, que, por sua vez, até melhorou no terço derradeiro, com Seedorf mais ousado, em busca de assistências. Nada que tirasse o sono do goleiro Fernando Prass, mero espectador em grande parte do tempo.
Na volta do intervalo, a única mudança foi ocorreu por ordem clínica e técnica. Saiu Lucas Zen, já com cartão amarelo e dores no joelho esquerdo, para a entrada de Jadson. Mas o vascaíno Wendel logo pediu para ser substituído e deu lugar a Fellipe Bastos. A alteração fundalmental para o clássico foi a de postura do Botafogo, que se adiantou e tornou a equilibrar as ações.
No entanto, três das investidas acabaram em impedimento, provando a eficiência da linha de defesa do Vasco. O restante se limitou a cruzamentos afastados por Dedé e Douglas. Pela esquerda, Márcio Azevedo fez um pouco mais: arriscou direto, sem ângulo, e Prass afastou com os pés, aos 11 minutos. Do outro lado, Bastos obrigou Jefferson a espalmar uma bola no cantinho, e ainda houve reclamação de pênalti de Lucas em Carlos Alberto.
Aparentando cansaço, a equipe de São Januário recuou. Cristóvão agiu e fez duas trocas: Carlos Alberto por Felipe – pela qual foi chamado de burro pela torcida – e Eder Luis por Barbio. No embalo, aos 29, Oswaldo sacou Seedorf, que chegou a jogar com uma pequena badagem na cabeça após choque e, desta vez, já foi bem mais participativo, para lançar Fellype Gabriel.
O Botafogo, então, tentou estabelecer uma pressão, mas não era organizado o suficiente. Já o rival parecia não ter meio-campo com a nova formação, embora Auremir, em jogada individual tenha deixado Alecsandro em boas condições na pequena área, mas o atacacante não alcançou. O ritmo que a partida havia perdido, porém, foi reencontrado, com fortes emoções. Os goleiros entraram em ação em lançamentos no mano a mano com as defesas.
Até que, depois de erro na saída de bola de Antônio Carlos, Felipe tocou para Barbio, que passou rapidamente para Juninho na área. Mesmo caído, o ídolo vascaíno venceu os zagueiros e conseguiu assistir Alecsandro, que, sozinho, só teve o trabalho de empurrar para a rede e comemorar o gol da vitória, aos 41. No desespero do empate, o Glorioso partiu para cima e só teve um gol anulado, por impedimento, marcado pelo mesmo Antônio Carlos.