O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres, foi preso na manhã de hoje no aeroporto de Brasília. Torres estava de férias em Orlando, nos Estados Unidos, e seu voo chegou ao Brasil por volta das 7h20. A prisão havia sido decretada por Alexandre de Moraes, do STF na terça (10).
Segundo passageiros, o ex-ministro saiu do avião escoltado por policiais federais antes dos demais viajantes. A Polícia Federal confirmou que Torres recebeu voz de prisão após desembarcar, no hangar da corporação. Em seguida, foi levado do aeroporto em um comboio. A previsão é que ele faça o exame de corpo de delito.
Na noite de ontem, usando máscara e boné, Torres foi escoltado pela polícia de Miami enquanto embarcava para o Brasil. Os advogados dele, representados por Rodrigo Roca, informaram à reportagem que devem se reunir com o preso ainda hoje.
‘Atos e omissões’. O ex-ministro de Bolsonaro foi exonerado da Secretaria de Segurança do DF no domingo (8), depois que bolsonaristas golpistas invadiram as sedes dos Três Poderes — o Congresso, o Palácio do Planalto e o STF. No cargo, Torres era responsável pela Polícia Militar, que não conteve os ataques.
Para o governo federal, há indícios de negligência por parte do comando da segurança na capital federal.
A prisão foi decretada a pedido da AGU (Advocacia-Geral da União). Moraes também autorizou busca e apreensão na casa do ex-ministro.
Durante a operação, agentes da PF encontraram uma proposta de decreto para reverter o resultado da eleição. Torres disse que o documento foi tirado de contexto e seria inutilizado. No Brasil, ele deverá esclarecer quem redigiu o texto e em quais circunstâncias.
Ainda nesta semana, o Planalto recebeu informações sobre um encontro de Torres e Bolsonaro em Orlando. Nomeação controversa. Torres já havia sido secretário de Ibaneis Rocha (MDB-DF) antes de ser indicado como ministro de Bolsonaro. Voltou ao cargo no início deste ano, apesar de aliados de Ibaneis desaconselharem a nomeação.
No domingo, após a invasão e a depredação dos Três Poderes, Ibaneis foi afastado do governo por 90 dias. Em depoimento, ontem, ele negou negligência e disse que não foi informado dos riscos das manifestações.
Delegado da PF desde 2003, Torres foi diretor de assuntos legislativos da ADPF (Associação dos Delegados da Polícia Federal), sendo responsável por fazer lobby no Congresso pelos interesses da categoria. Também foi chefe de gabinete do então deputado federal Fernando Francischini (União Brasil-PR), um dos principais líderes da bancada da bala e um dos poucos amigos de Bolsonaro na Câmara.
Por meio de Francischini, Torres aproximou-se do ex-presidente e da família. Chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Justiça no início do governo, mas foi atropelado pelo convite ao ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR).
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Por Caíque Alencar, Vinicius Nunes e Weudson Ribeiro, Do UOL, em São Paulo e colaboração para o UOL, em Brasília