O estádio Lusail, o principal da Copa do Mundo, virou um pedaço de Buenos Aires na tarde de hoje. Apoiada por milhares de fanáticos torcedores e sob comando do craque Lionel Messi, a Argentina chegou a sofrer o empate em 2 a 2 da Holanda no último minuto do 2° tempo, mas venceu nos pênaltis, eliminou os europeus e se garantiu na semifinal do torneio com uma boa dose de drama. O próximo adversário dos sul-americanos é a Croácia, que eliminou o Brasil nos pênaltis mais cedo.
O camisa 10, aliás, brilhou mais uma vez no tempo regulamentar. Foi a partir dos pés dele — que atuou com mais liberdade em um novo esquema tático — que a bola chegou limpa para o lateral Molina abrir o placar. Depois, ele converteu um pênalti com extrema tranquilidade e enlouqueceu os torcedores.
O problema argentino, no entanto, atendeu pelo nome de Weghorst, grandalhão de 1,97m. Ele entrou no 2° tempo e precisou de apenas dois minutos para diminuir. Para piorar, no último lance de partida, o atacante girou sobre a zaga em falta ensaiada e empatou, levando a decisão para a prorrogação.
No tempo extra, os sul-americanos pressionaram e ainda acertaram a trave com Enzo Fernández. Já nos pênaltis, foram mais eficientes e arrancaram, na base da tradicional raça argentina e com a estrela do goleiro Emiliano Martínez, a classificação.
Semifinalistas, Croácia e Argentina se enfrentam na terça-feira, a partir das 16h (de Brasília), e quem vencer se garante na grande final da Copa, marcada para o dia 18.
Do outro lado da chave, Inglaterra, França, Marrocos e Portugal brigam pelas duas vagas restantes da semifinal — as quatro seleções entram em campo amanhã.
Times espelhados e início truncado.
O técnico Lionel Scaloni mudou o esquema de seu time para jogar contra os europeus e espelhou o padrão do adversário ao colocar três zagueiros em campo: Lisandro Martínez, Otamendi e Romero. Os laterais Molina e Acuña, por outro lado, atuaram como alas.
O objetivo, além de anular as principais descidas dos holandeses pelos lados, era deixar Messi com mais liberdade para flutuar atrás do centroavante Álvarez.
A estratégia, no entanto, não foi tão efetiva assim no começo da partida, já que a seleção de Van Gaal diminuiu os espaços e conseguiu anular as investidas sul-americanas — em 20 minutos, a Argentina até martelou, mas finalizou apenas duas vezes ao gol rival.
Messi acha espaço, e Molina marca.
Ele precisa de pouco espaço para brilhar… e brilhou. Aos 34 minutos, Messi, flutuando como pediu Scaloni, recebeu pela direita e conseguiu se desvencilhar da marcação ao conduzir em direção ao setor central do ataque.
Cerebral, o camisa 10 encontrou Molina em um lindo passe diagonal — e em meio a três defensores holandeses, que ficaram pelo caminho.
Ao receber a bola durante a infiltração, o lateral conseguiu dominar e chutar rapidamente para o fundo do gol de Noppert, que tentou abafar o lance sem sucesso: 1 a 0.
O gol prejudicou ainda mais o ritmo dos comandados de Van Gaal, que não conseguiram, até o intervalo, reagir e incomodar o gol defendido por Emiliano Martínez.
Holanda mexe, mas não agride.
Já na volta para o 2° tempo, Van Gaal abriu mão de De Roon e Bergwijn para as entradas de Koopmeiners e Berghuis.
A Argentina, no entanto, continuou dominando as ações da partida e valorizando a posse de bola. Os sul-americanos tiveram chances reais de aumentar o marcador em dois contra-ataques, aos cinco e aos 12 minutos, mas não capricharam na chamada “última bola” — pouco depois, Messi quase marcou em cobrança de falta.
Já na metade da etapa final, foi a vez de o grandalhão Luuk de Jong entrar na vaga de Blind e reforçar o poderio ofensivo da Holanda.
Mudança de Scaloni é premiada, e Messi amplia.
As investidas pelos lados por parte da Argentina não cessaram, e a equipe foi premiada com um pênalti já na casa dos 25 minutos.
Acuña recuperou uma bola rebatida na intermediária e disparou pela ponta esquerda. Já próximo da linha de fundo, o ala cortou para o meio e foi derrubado por Dumfries dentro da área.
Messi, com extrema tranquilidade, deslocou Noppert em chute cruzado, aumentou o marcador e enlouqueceu de vez o Lusail: 2 a 0.
Argentina vacila, e Holanda aproveita.
Precisando de qualquer maneira balançar as redes para sobreviver na Copa, a Holanda foi para cima. Weghorst, atacante de 1,97m, entrou no lugar de Depay — e precisou de dois minutos para aparecer.
Em cruzamento de Berghuis pela direita, o centroavante se antecipou e, de cabeça, diminuiu o placar: 2 a 1.
Logo depois do gol, os holandeses assustaram e quase chegaram ao empate. Berghuis, de novo pelo lado, arriscou de fora da área e acertou a rede pelo lado de fora. A bola contou com leve desvio antes de passar ao lado da meta de Emiliano Martínez.
Clima esquenta em meio à pressão.
Já na casa dos 43 minutos da etapa final e em meio à pressão holandesa, o clima esquentou de vez no gramado.
Após dois carrinhos temerários nos adversários, o argentino Paredes chutou a bola em direção ao banco de reservas dos jogadores europeus e iniciou uma briga generalizada na beira do campo.
Apesar do empurra-empurra, apenas o volante recebeu cartão amarelo do árbitro espanhol Antonio Mateu Lahoz.
Milagre holandês com estrela de Weghorst.
No último lance da partida, já na casa dos 54 minutos, a Holanda conseguiu empatar e frustrou a maior parte dos 88 mil presentes ao Lusail.
Em falta ensaiada — e cobrada com muita coragem —, Weghorst recebeu de Berghuis atrás da barreira e girou sobre Enzo Fernández.
Rapidamente, o jogador de 30 anos calibrou a perna esquerda em meio aos adversários e acertou o fundo do gol argentino: 2 a 2, duelo na prorrogação e decepção argentina no estádio do Qatar.
Prorrogação exaustiva e bola na trave.
Diante do clima quente entre os jogadores, o tempo extra começou de maneira bastante truncada e recheado de faltas.
Com os ânimos menos exaltados, o restante do 1° tempo da prorrogação ficou marcado pelo cansaço. Já na parte final, Di María, pelo lado sul-americano, e Lang, da Holanda, entraram e foram as últimas cartadas dos técnicos.
Lautaro Martínez teve a chance de liquidar a fatura, mas viu seu chute desviar em Van Dijk. Pouco depois, Enzo Fernández também finalizou e, por pouco, não fez o terceiro da Argentina.
Praticamente no último lance do tempo extra, Enzo Fernández arriscou de longe e carimbou a trave de Noppert, levando a decisão para os pênaltis.
Goleiro aparece nos pênaltis, e Argentina avança.
Nas penalidades máximas, melhor para os jogadores da Argentina, que foram mais eficientes e sacramentaram o final de um dos melhores duelos da história da Copa do Mundo.
Messi, Paredes, Montiel converteram suas cobranças para a equipe sul-americana, enquanto Van Dijk e Berghuis pararam em Emiliano Martínez e desperdiçaram seus chutes.
Koopmeiners, Weghorst e Luuk de Jong até marcaram para os holandeses pouco depois, mas depois de Enzo, Lautaro Martínez balançou as redes e colocou os argentinos na semifinal.
FICHA TÉCNICA.
Data e horário: 9 de dezembro de 2022 (sexta-feira), às 16h (de Brasília)
Local: Estádio Lusail (Qatar)
Árbitro: Antonio Mateu Lahoz (Espanha)
Assistentes: Pau Cebrian (Espanha) e Roberto Diaz (Espanha)
VAR: Alejandro Hernandez (Espanha)
Cartões amarelos: Timber, Depay, Bergwjin, Berghuis, Weghorst, Van Dijk (HOL); Acuña, Romero, Emiliano Martínez, Paredes, Messi, Montiel, Otamendi, Pezzella (ARG) Cartões vermelhos: não houve
Gols: Molina (ARG), aos 34 min do 1° tempo; Messi (ARG), aos 27 min do 2° tempo; Weghorst, aos 37 min do 2° tempo e aos 54 min do 2° tempo (HOL);
Público: 88.235 torcedores.
HOLANDA: Noppert; Van Dijk, Timber e Aké; Dumfries, De Roon (Koopmeiners), Frenkie de Jong, Gakpo (Lang) e Blind (Luuk de Jong); Bergwijn (Berghuis) e Memphis Depay (Weghorst). Técnico: Louis Van Gaal.
ARGENTINA: Emiliano Martínez; Lisandro Martínez (Di María), Romero (Pezzella) e Otamendi; Molina (Montiel), Enzo Fernández, De Paul (Paredes), Mac Allister e Acuña (Tagliafico); Messi e Álvarez (Lautaro Martínez). Técnico: Lionel Scaloni.
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Fonte: Bruno Madrid, do UOL, em São Paulo