A Delegacia de Riachão do Dantas concluiu as investigações sobre a morte de quatro pessoas após a ingestão de bebida alcóolica no povoado Vivaldo, na zona rural do município. Como parte do procedimento investigativo, foram feitos exames pelo Instituto de Analises e Pesquisas Forenses (IAPF) e pelo Instituto Médico Legal (IML), que constataram, nos corpos e no recipiente, a presença de uma substância utilizada em lavouras, para o controle de pragas.
O procedimento investigativo contou com as oitivas de familiares, da responsável pela venda do produto, do esposo dela e também de testemunhas que sabiam do comércio de bebida alcoólica no local. A Delegacia de Riachão do Dantas solicitou exames aos setores de toxicologia e necroscopia do IAPF e do IML. Nas análises, foram verificadas as presenças de álcool etílico e de metomil, substância química utilizada no controle de pragas em lavouras.
O delegado Alisson Lial explicou que as investigações verificaram que as mortes ocorreram por uma conduta na qual não havia a intenção de matar, mas que não foram acidentais. “Foram decorrentes de uma conduta culposa, ou seja, não houve a intenção. A senhora fazia a coleta das substâncias vegetais na mata e no quintal de casa. A coleta era feita e não passava por um processo de lavagem. Era tão artesanal que a lavagem do recipiente não era adequada”, detalhou.
“Ela passava água no recipiente de refrigerante, adicionava a cachaça limpa e após isso comercializava. Segundo ela, há cerca de dois anos ela fazia a comercialização sem nenhum incidente. Ela e a irmã fizeram o consumo e passaram mal, sendo atendidas pelo Hospital de Riachão do Dantas e, em seguida medicadas e liberadas. No dia 21, houve a venda para uma das vítimas, que veio a óbito. No dia seguinte, a venda para mais três pessoas que também passaram mal, sendo que houve novos óbitos”, complementou o delegado.
O perito criminal do Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF) Ricardo Leal destacou que o trabalho pericial envolveu a análise dos recipientes onde a bebida estava armazenada. “Nesse caso, analisamos as três garrafas e um galão azul. Em apenas uma garrafa encontramos o veneno. Possivelmente, as vítimas ingeriram a cachaça que estava presente na mesma garrafa. A substância que encontramos é um praguicida, o metomil, utilizado no combate de pragas em algodão e hortaliças”, salientou.
O diretor do Instituto Médico Legal (IML), Victor Barros, reforçou que o processo de identificação da substância contou com exames nos corpos das vítimas. “Constatamos na primeira morte a presença do praguicida Em seguida, três pessoas também fizeram o uso da bebida alcoólica e vieram a falecer. O IML também fez a necropsia e a coleta de amostras biológicas, e encaminhou ao IAPF. Então foi feita a identificação de altas concentrações do composto, e foi apontada a causa da morte dessas pessoas”, frisou.
Desse modo, a causa da morte foi atestada como a ingestão da substância. As investigações resultaram no indiciamento da responsável pela venda da bebida alcóolica contaminada e do esposo dela pelo crime de adulteração ou falsificação de substância ou produto alimentício.
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Matéria extraída do site da SSP/SE