A enfermeira Adriana Gois, do Samu de Sergipe denunciou as péssimas condições de trabalho ao qual estão expostos os trabalhadores da Saúde, tanto do Estado quanto da Prefeitura de Aracaju. Ela está na linha de frente do combate ao coronavírus. Até a noite de terça-feira, 5, Sergipe registrava 898 casos confirmados de coronavírus, sendo 729 pessoas em isolamento domiciliar, 69 internados e 21 óbitos. A delegada Danielle Garcia, pré-candidata a prefeita de Aracaju, cobrou dos gestores mais respeito aos profissionais da Saúde
Adriana lembrou que os profissionais da Saúde precisam de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para que possam desempenhar seus trabalhos com mais segurança. “Os poderes públicos precisam garantir que a gente esteja protegido. Quando não estivermos na linha de frente de combate ao coronavírus, nossa frente estará completamente aberta. E uma pessoa contaminada pode contaminar uns 10 pacientes e isso se torna exponencial, vira um progressão geométrica”, disse a enfermeira.
Ela lembra ainda que os números divulgados tanto pelo Estado quanto pela Prefeitura de Aracaju são de pessoas que chegaram às unidades com sintomas e os profissionais da Saúde não estão sendo testados. “Existe uma grande subnotificação. Estes números que estamos vendo não são reais. Os profissionais de Saúde deveriam ter prioridade nos testes. Somos expostos ao risco diariamente, estamos nas unidades de retaguarda para o covid e deveríamos ser testados frequentemente”, questiona Adriana.
A delegada Danielle Garcia lembra que o trabalho dos profissionais deveria ser mais valorizado. “Estamos vendo pessoas saírem de suas casas, deixando filhos, pais, marido, esposos, para cuidar da vida do próximo. Isso vai além do profissionalismo. Isso é humanitário, é honroso e no caso do combate ao coronavírus, chega a ser heroico pela gravida da doença. E onde está a Prefeitura e o Estado para garantirem a mínima condição de trabalho? Fazer testes, oferecer EPIs de qualidade e uma estrutura de trabalho é obrigação”, cobrou Danielle.
Os riscos
Emocionada, Adriana afirma que os profissionais de Saúde já trabalham preparados para o que está por vir com o avanço do coronavírus. “Tivemos recentemente a notícia de uma colega nossa que trabalhou aqui no Samu e hoje está em Recife e testou positiva. E estamos nos preparando porque isso acontecerá aqui também. Temos colegas que estão na escala, mesmo com suspeita e atendem em várias unidades”, afirmou a enfermeira.
Ela lembrou ainda que os profissionais do Samu deveriam estar protegidos e equipados, já que atendem pacientes suspeitos. “O uso de um EPI de qualidade deveria ser obrigatório do inicio ao fim do plantão, mas só em caso de atendimento invasivo é que são disponibilizados EPIs. Depois, esses profissionais voltam pra casa e contaminam suas famílias. A gente se expõe no trabalho, mas ir para uma trincheira sem escudo e sem arma, é demais. Devemos fazer tudo, mas sem estrutura e isso mexe no emocional do profissional”, destacou Adriana.
A delegada Danielle Garcia entende que a falta de prioridade dos governos para a preservação da vida e da integridade física dos profissionais é um descaso e um desrespeito a quem está se doando nesse momento tão importante. “Quem é gestor e abandona o profissional que está na linha de frente de uma guerra como essa, está agindo com crueldade. Quem faz isso não respeita o próximo. Está claro pelas palavras da Adriana que falta planejamento, gestão, responsabilidade e isso não é de agora. A pandemia apenas está expondo ainda mais como eles não sabem tratar com respeito o cidadão”, afirma Danielle.
Acompanhe também o SE Notícias no Twitter, Facebook e no Instagram
Por Fábio Viana