O Maracanã mais uma vez voltou a ser o palco de uma conquista da seleção brasileira. Após Copa das Confederações e o ouro olímpico, os comandados de Tite repetiram 1989 e sagraram-se campeões da Copa América em casa. Mesmo sem ser brilhante no reencontro com o estádio após seis anos, a Seleção derrotou o Peru por 3 a 1, gols de Everton, Gabriel Jesus e Richarlison – Guerrero descontou -, e levantou o troféu continental pela nona vez (a última havia sido em 2007, na Venezuela).
A conquista foi sofrida, apesar do placar. Diante de 69.986 torcedores, a Seleção não teve boa atuação apesar da enorme diferença técnica entre as duas equipes e o fim de jogo ainda foi dramático graças à expulsão de Gabriel Jesus aos 24. A torcida só conseguiu comemorar ao som de “o campeão voltou” quando Richarlison marcou o terceiro aos 44.
Assim como no encontro entre as duas equipes na fase de grupos, o Peru começou melhor: Pressionou em seu ataque contra uma Seleção fria, que não parecia disputar uma final no Maracanã. E novamente os brasileiros, mesmo mal, só precisaram de um ataque para abrir o placar, aos 14 minutos, mais uma vez em jogada individual, assim como na goleada por 5 a 0 em São Paulo.
Gabriel Jesus fez um carnaval em cima de Trauco e cruzou para Everton, sozinho, fazer 1 a 0 e se isolar na artilharia da Copa América, com três gols. Um gol para animar os torcedores, mas não a Seleção, que continuou no seu ritmo lento. Fora dois lances isolados, em chute de Coutinho rente à trave, e cabeçada de Firmino, para fora, o que se viu foi um Peru tentando atacar sem qualidade e um Brasil administrando o resultado numa atuação burocrática.
Até que numa boa tabela entre Cueva e Flores, a bola bateu no braço de Thiago Silva dentro da área. Pênalti para o Peru, confirmado após revisão do VAR. Guerrero cobrou bem e empatou, aos 43, também alcançando a artilharia. Foi o primeiro gol do Brasil sofrido nesta Copa América. A defesa não era vazada há sete jogos e Alisson há nove, contando Liverpool também.
O empate era um castigo pela postura brasileira, mas a preocupação durou apenas quatro minutos. Já nos acréscimos, Firmino recuperou a bola no ataque, tocou para Arthur, que passou para Gabriel Jesus, na entrada da área, fazer o segundo aproveitando escorregão do defensor peruano. A reação de Guerrero, distante dos companheiros e sem acreditar foi um aviso do que estava por vir.
Na volta do intervalo, o Brasil resolveu jogar um pouco bola. Sem ser brilhante, passou a criar chances até com certa facilidade nos primeiros minutos, pecando ou na conclusão ou no último passe: Coutinho chutou para fora e deixou de dar dois passes para companheiros, enquanto Firmino finalizou mal. Mas novamente a equipe parou após os 15, deixando o Peru gostar do jogo, cruzando bolas perigosas em sequência para a área brasileira.
E Gabriel Jesus ainda dificultou as coisas ao ser expulso de maneira infantil, aos 24, fazendo falta sem bola em Tapia. O atacante caiu na pilha peruana, após levar entrada dura minutos antes e ficou chorando na entrada para o vestiário. A pressão então aumentou.
Alisson precisou salvar em chute de Trauco e Flores soltou uma bomba para fora. Então Tite colocou Richarlison no lugar de Firmino e Militão no de Coutinho, avançando Daniel Alves para o meio e apostando num contra-ataque. O jogo então ficou tenso, com entradas duras dos peruanos e brasileiros tentando forçar uma expulsão.
Até que, aos 42, Everton arrancou da esquerda, foi para o meio e entrou na área. O atacante adiantou muito e levou ombro a ombro de Zambrano. Pênalti inexistente que a arbitragem marcou mesmo com o auxílio do VAR. Richarlison, ovacionado pela torcida ao entrar, cobrou e marcou aos 44, garantindo a vitória e o título da Seleção no Maracanã, a sua casa.
Por Hugo Perruso e Marcelo Bertoldo, Agência O Dia