A sancristovense Vânia Correia não dormiu essa noite. O cansaço é visível, mas ela não reclama. Afinal, nesta quinta-feira (31), apresentou-se o resultado de meses de trabalho, dedicação e fé. Pelas históricas ruas de São Cristóvão, espalharam-se os tapetes de Corpus Christi, uma tradição secular que o município faz questão de preservar. “Este é um ato de fé, amor e prática religiosa para nós, católicos. Além disto, estamos conservando um manifestação popular que ultrapassa gerações”, frisou Correia.
Vânia coordena a comissão permanente responsável pela organização do evento religioso, formada por representantes da comunidade, da Igreja Católica e do poder público. Nesse trabalho coletivo, diversas equipes foram às ruas da sede, logo cedo, às 5h, para ornamentá-las.
São aproximadamente 1.200 metros de tapetes num total de dez locais adornados: ruas Flores, Leão Magno, Almirante Amintas Jorge, Coronel Erundino Prado, Ivo do Prado e Rosário, além das praças Getúlio Vargas (Matriz), Carmo, São Francisco e o Largo da Igreja do Rosário. Para a confecção, foram utilizados materiais como sal grosso, maravalha, pó de serra, pó de café e casco de ostra.
Coletividade
Com origem no século 13, a confecção dos tapetes de Corpus Christi ocorre cerca de 60 dias depois da Páscoa e celebra a Eucaristia, um dos sacramentos da Igreja Católica que representa a transmutação do pão e do vinho no corpo e no sangue de Jesus. A data é sempre comemorada numa quinta-feira em alusão à Quinta-feira Santa, quando a Igreja diz ter tido início a instituição deste sacramento na última ceia de Jesus.
Para o presidente da Fundação Municipal de Cultura e Turismo João Bebe-Água, Gaspeu Fontes, preservar esse tipo de manifestação popular e religiosa é uma maneira de manter viva a cultura do município e fortalecer práticas coletivas e solidárias. “Ao apoiar as tradições de São Cristóvão, a Prefeitura absorve uma demanda que ultrapassa a religiosidade e permeia as ações da comunidade sancristovense, enriquecendo a vida em sociedade”, frisou.
Sacramento
Feliz por poder compartilhar desse momento de beleza e comunhão, a professora Rosa Maria Bragança, moradora de Aracaju, estava encantada com o espírito coletivo e a perfeição na elaboração dos tapetes. “É a primeira vez que venho a São Cristóvão para ver a confecção dos tapetes de Corpus Christi e estou encantado com o resultado do trabalho feito pela comunidade. Um bonito exemplo de fé e comunhão que carregarei comigo”, argumentou.
A Irmã Conceição ressaltou a importância religiosa da iniciativa. “A confecção de tapetes de rua é uma bonita manifestação de arte popular. No entanto, não podemos esquecer o real sentido da data, que é o sacramento do corpo e do sangue de Cristo”, disse Irmã Conceição, lembrando que o tapete abre passagem para a procissão que ocorre à tarde, depois da missa (a partir das 15h).
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Com informações da PMSC