O governador Jackson Barreto esteve em Brasília nesta quarta-feira (21) articulando junto às lideranças políticas sergipanas possibilidades de resolução para o possível fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), localizada em Laranjeiras. Em audiência solicitada pelo governador, todos os parlamentares foram convocados a emitir sugestões e estudos que devem ser levados ao presidente Michel Temer durante reunião já marcada para a próxima terça-feira (27). Ficou acertado que, na próxima segunda-feira (26), Jackson e os parlamentares serão recebidos pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente.
Como encaminhamento da audiência, uma nota em nome do governo de Sergipe e subscrita pelos parlamentares será publicada. Durante a reunião, Jackson afirmou já ter entrado em contato com o governador da Bahia, Rui Costa, para estabelecer relações de apoio mútuo. O governador colocou ainda a possibilidade de entrar com uma ação junto ao governo Federal via Procuradoria Geral do Estado para deter o processo de fechamento.
De acordo com Jackson, o encerramento das atividades da Fábrica não será aceito pelo governo de Sergipe e pelas forças políticas do Estado. “Viemos buscar sugestões para levar ao presidente da república de forma a manter os interesses do Estado tanto do ponto de vista da garantia dos empregos quanto da economia em um momento de crise. Fechar a fábrica ou colocá-la para hibernar significa depreciar todo o equipamento, e o retorno vai ser totalmente inviável”, disse.
O deputado Federal André Moura fez colocações acerca de seu contato inicial com Michel Temer sobre a questão. “Estive com o presidente para tratar do tema. Ele conversou com o presidente da Petrobras, que se comprometeu a receber o governador e a bancada na próxima terça-feira. Entendo que essa luta não é só de Sergipe, é da Bahia também”, comentou.
O deputado federal pela Bahia Davidson Magalhães, que compõe a Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Química, expôs o impacto do fechamento da Fafen para todo o setor no Brasil. “Essa retirada da Fafen vai afetar muito a indústria química brasileira. A produção de amônia, uréia e gás carbônico, que são matérias-primas da indústria química, será extremamente afetada e esse é outro viés de como isso vai impactar a industrialização no Nordeste. Não é um problema só do Estado, pois temos toda uma cadeia da indústria química brasileira que vai sofrer impacto imediato”, disse.
O senador Antônio Carlos Valadares manifestou seu apoio à iniciativa de Jackson pela convocação da audiência. “Governador, quero te parabenizar pela atitude de nos reunir nesse momento importante. Esperamos que o presidente da República cobre da Petrobras”, resumiu.
“Quero parabenizar a iniciativa. O senhor foi rápido, ágil. A proposta para o governo federal é não aceitar o fechamento, mas topamos discutir, por meio da Codise, com a Petrobras e os trabalhadores da empresa uma saída, que pode ser a manutenção dela, uma PPP, o que não pode é fechar. Sergipe e Bahia precisam se unir em torno disso”, declarou o deputado federal João Daniel.
Fábio Mitidieri comentou a política da Petrobras em relação a produção de fertilizantes no País e disse que o encerramento do setor está na contramão dos investimentos agrícolas e em produção de alimentos do resto do mundo.
“Está muito claro a política pública da Petrobras na questão dos fertilizantes. Você pega a produção de ureia e amônia em Sergipe, Bahia e Pará, que vinha crescendo em 2015 e 2016, chegou a 50% em Sergipe e na Bahia, e no Pará, praticamente encerrou. O que demonstra uma contramão da política mundial de investimentos, e saindo do mercado de uma forma abrupta, sem conversar com os governadores, com as bancadas. A produção do Pará saiu de 609 mil toneladas,e m 2015, para 185 mil em 2017, praticamente encerrando a produção. Sergipe tinha 372, 388, quando foi o ano passado, baixou para 290 na amônia, e na ureia baixou de 508 para 374 em 2017, o que demonstra que a Petrobras não quer mais nada com o segmento. E não se preparou para sair do segmento da forma correta. Se hibernar, aquilo ali vai ficar ocioso, ninguém mais vai ter interesse. A sugestão que eu queria colocar era de que, temporariamente, o governo federal pudesse fazer uma isenção de impostos federais ou até uma redução de impostos federais para salvar a empresa, manter o negócio de pé até reverter a situação. Acho que essa questão dos impostos federais seria plausível.”, afirmou.
Ao fim da reunião, o governador agradeceu e estimulou os parlamentares a seguir articulando forças em coletividade em prol do povo sergipano. “Eu acho que, neste momento, cabe aqui ao governador agradecer a cada um dos deputados federais, senadores, ao deputado estadual Pastor Antônio e à vereadora Emília Correia. Nós estamos mostrando que quando os interesses do Estado estão em jogo, a bancada está unida. Estamos dando uma lição de como se engajar na hora das dificuldades. O protagonismo aqui é de todos”, pontuou.
Fafen
O governador foi informado do fechamento da Fafen na segunda-feira (19), após telefonema do presidente da Petrobras, Pedro Parente. A fábrica de Sergipe entrou em operação em 1982 e marcou um novo ciclo do desenvolvimento no estado, com a construção da adutora do Rio São Francisco, a ampliação da rede de energia elétrica, a revitalização da ferrovia que liga Sergipe à Bahia e ainda com a instalação do Terminal Portuário Ignácio Barbosa, em Barra dos Coqueiros, a 36 quilômetros de Aracaju.
Ocupando uma área de 1 Km², a fábrica produz amônia, uréia fertilizante, uréia pecuária, uréia industrial, ácido nítrico, hidrogênio e gás carbônico.
Desde 2014, a Fafen-SE conta com uma planta de produção de sulfato de amônio com capacidade para produzir até 303 mil toneladas/ano, o que equivale a 80% da importação da região Nordeste em 2014. O sulfato de amônio contém nitrogênio na composição e também é excelente fonte de enxofre, muito utilizado no cultivo de milho, cana-de-açúcar e algodão.
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Por ASN