O Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), deu mais um passo firme rumo aos caminhos que levam à conservação da natureza. Isso porque na manhã desta quinta-feira, 25, em comemoração alusiva ao Dia da Mata Atlântica (27 de maio), tornou pública a criação da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Mata do Cipó, que tem aproximadamente 60 hectares de Mata Atlântica e está localizada entre os municípios de Siriri e Capela.
A solenidade que oficializou a Mata em Arie ocorreu na sede da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santo Antônio, e teve a participação do secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Olivier Chagas, que fez questão de lembrar da assinatura do Decreto nº 30.523, ocorrida em fevereiro de 2017, pelo governador Jackson Barreto, oficializando os trâmites para que a Semarh pudesse cuidar de uma área que precisa da ajuda do poder público e da sociedade para não ser extinta.
“Na prática, a mata ganha uma proteção legal para que essa área seja devidamente preservada. O Estado está fazendo a sua parte, conversando com a comunidade, ambientalistas e os gestores municipais. Eu fico feliz que, na minha gestão, enquanto secretário do Meio Ambiente, o governo tenha criado essa unidade de conservação. O compromisso do nosso governador Jackson Barreto de autorizar a criação e permitir que a Semarh trabalhasse para isso foi fundamental. Não posso esquecer do compromisso dos municípios de Siriri e Capela, o compromisso da comunidade, dos estudantes, dos professores, daqueles que abriram os olhos para ter a consciência de que é urgente que a gente cuide do meio ambiente, a casa que Deus nos deu para morar de uma maneira saudável e sustentável”, disse Olivier durante longo discurso.
Olivier também externou a satisfação em criar a área em sua gestão e fez uma ponderação, alertando a comunidade, principalmente os estudantes, para a preservação da natureza. “Estamos tornando pública essa unidade de conservação. Era o sonho da Semarh, assim como dos ambientalistas, de tornar isso aqui realidade. O ser humano, ao longo da história, se preocupou muito mais com interesses individualistas, de lucro e, por conta disso, devastou o meio ambiente. Aqui nós estamos numa área de mata atlântica, área essa que só tem preservada 10% em Sergipe. Na caatinga também só sobram 10% do bioma original e, por conta disso, estamos todos nós pagando um preço muito alto. Se a gente trata mal a natureza, a gente acaba com a água, a fauna e flora”, concluiu, em meio a uma saraivada de aplausos.
O prefeito de Siriri, José Rosa, agradeceu ao Governo pela iniciativa e parceria. “Estou muito feliz por esse dia histórico. Não tenho dúvidas de que o nosso povo vai saber conservar essa área, tão importante para todos. Agradeço a Semarh pelo empenho e estaremos aqui com os olhos abertos para cuidar da Mata do Cipó”.
De acordo com o superintendente de Biodiversidade e Florestas da Semarh, Elísio Marinho, a Mata do Cipó tem uma área de manancial muito rica, com diversas nascentes, compondo o Rio Siriri, que abastece o município de Dores. “Além da biodiversidade, essa área estava carecendo de ser preservada devido à questão hídrica. É uma área relativamente pequena, onde será construído um viveiro florestal. Essa unidade já nasce com um diferencial: a comunidade é a parceira, porque ela sabe que, sem a mata, não haverá rio e não haverá água para consumo. Vamos ter um conselho gestor formado por três municípios (Siriri, Dores e Capela), pela comunidade e as usinas Campo Lindo e Taquari, que também fazem uso da água”, explicou ele.
O secretário de Meio Ambiente de Siriri, Marcel Santana, convocou a comunidade a cuidar da mata. “É um momento ímpar para Siriri. Agradeço a Semarh pelo agraciamento. Nós, moradores da cidade, somos os responsáveis para preservação da unidade, porque as matas e os rios são o que a gente tem de mais raro. Portanto, vamos cuidar dela”.
O professor do departamento de Ecologia da Universidade Federal de Sergipe, Adalto Ribeiro, que esteve desde o início elaborando os estudos para a criação da unidade, disse que a efetivação da unidade se deve, sobretudo, ao diálogo com a comunidade, que abraçou o projeto. “O Estado ainda tem poucas áreas protegidas e ainda há áreas com potencial muito grande. É um embate que não deve ser tomado apenas de decisões políticas, mas também a parte debaixo do sistema. Aqui deu certo, porque nós chamamos a comunidade para conversar, que se colocou interessada”.
Mata do Cipó
A Mata do Cipó é uma área de pequena, de 59,6755 hectares e perímetro de 4.181,89 metros, e com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-la com os objetivos de conservação da natureza.
Sob a coordenação geral da Semarh de Sergipe, os estudos para a criação da Unidade de Conservação da Mata do Cipó foram iniciados em agosto de 2013. As pesquisas em campo foram realizadas por 15 pesquisadores. Entre a equipe multidisciplinar estão zoólogos, botânicos, entomólogos, engenheiros florestais e ecólogos, integrantes do grupo da pesquisa da fauna e flora de Sergipe (Biose) e dos departamentos de Biologia e Ecologia da UFS.
Outras Áreas de conservação
Além da Mata do Cipó, a Semarh gerencia ouras unidades de conservação: a Mata do Junco, em Capela; o Monumento Grota do Angico, em Poço Redondo, a APA Litoral Sul, e o Morro do Urubu, em Aracaju.
Presenças
Também participaram do evento a vice-prefeita de Siriri, Zelena Oliveira; o presidente da Câmara de Vereadores de Siriri, Jamson Cruz; o secretário de Educação de Siriri, Rogenildo Barros; a superintendente da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, Rosa Cecília; representantes da Emdagro, Incra, Fetase e Seagri, a comunidade do Povoado Mata do Cipó; além da Filarmônica Sagrada Família e o grupo de Capoeira da cidade.
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Ascom/Semarh