Se no começo de carreira Oscar era chamado de “novo Kaká”, nesta quinta-feira, o meia do Chelsea provou mais uma vez que correspondeu às expectativas e criou identidade própria. Abençoado pelo craque do Real Madrid como camisa 10 da Seleção, o garoto comandou o Brasil na goleada por 6 a 0 sobre o Iraque, no estádio Swedbank, em Malmo, na Suécia. Ele (2), Kaká, Hulk, Neymar e Lucas marcaram.
Muito embora tenha tido uma atuação destacada, comprovando seu bom momento com Mano Menezes e também no futebol inglês, Oscar contou com a ajuda do seu mestre. Kaká, de volta à seleção brasileira depois de mais de dois anos, deu suas arrancadas, participou de gol e deixou a sua marca. Aliás, o grupo todo comemorou com o meia do Real Madrid, em abraço coletivo.
– É bom conviver com jogadores novos, estou muito feliz. Fiz um gol, participei bem do jogo e saio feliz. O jogo vem celebrar essa alegria. O Mano testou uma forma de jogar e, independentemente do adversário, levei da melhor forma possível com a importância de jogar bem. Daqui para frente é só melhorar – disse Kaká, que não marcava pela Seleção desde 7 de junho de 2010, contra a Tanzânia, em amistoso antes da Copa do Mundo.
Ao ser substituído por Lucas no segundo tempo, Kaká teve o que mereceu: aplausos. Os mesmos que foram direcionados a Neymar pouco depois. O craque do Santos fez um golaço. Na partida desta quinta-feira, porém, o atacante teve uma atuação muito mais cerebral, de criar, pensar o jogo, buscar a bola, do que de atacar com veemência, partindo para o drible. Resultado: participou bem como “armador”.
O placar da partida, claro, não assustou ninguém. Afinal, o Iraque é apenas o 80º colocado no ranking da Fifa. Nem mesmo Zico, sorridente no primeiro tempo. O ídolo do Flamengo e da Seleção é o atual comandante dos iraquianos. Os torcedores do time asiático, aliás, o adoram. Por vários momentos, os torcedores gritaram seu nome.
Malmo ou Bagdá?
costumada e calejada pela recente pressão dos próprios brasileiros, a Seleção pouco se importou com o caldeirão formado pelos iraquianos no estádio Swedbank. Maioria, a torcida do Iraque fez Malmo parecer Bagdá. Só que o time de Mano Menezes jogou com a mesma tranquilidade que se estivesse no Maracanã. Nos bons tempos.
Kaká, Oscar, Neymar e cia não se assustaram com a vibração dos rivais em cada lance, fosse um chute, uma ameaça de contra-ataque ou um desarme, e construíram um ambiente ainda mais tranquilo para o Brasil dentro de campo. Antes de sair o primeiro gol, a Seleção cadenciou bem o jogo e não deu espaços para o Iraque.
O Brasil tentou primeiro em jogada ensaiada de escanteio, com David Luiz chegando como surpresa. Algo que foi treinado à exaustão na Polônia. Depois de os jogadores reclamarem duas vezes por a bola estar murcha, a Seleção se encontrou ainda mais em campo. E Oscar começou a brilhar com seu futebol simples e objetivo.
Aos 21 minutos, Neymar deu lindo passe em profundidade para o camisa 10 tocar na saída do goleiro. Com a vantagem no placar, o time verde e amarelo se soltou ainda mais. Foi aí que Kaká apareceu. Aos 27 minutos, o meia do Real Madrid recebeu de Neymar na esquerda, levou até a linha de fundo e cruzou para outro gol de Oscar.
Na comemoração, os três se abraçaram na grande área, uma cena que muitos torcedores esperam ver na Copa do Mundo de 2014. A partir daí, mais do que antes, só deu Brasil. David Luiz, o homem surpresa da bola parada, quase ampliou, Kaká também e Paulinho surgiu aos 45 minutos para acertar o travessão.
Bem-vindo de volta, Kaká!
A etapa final não poderia começar melhor para a seleção brasileira. Principalmente para Kaká. Aos dois minutos, o meia do Real Madrid avançou em contra-ataque, bem ao seu estilo, entrou na área e chutou de perna esquerda para fazer o terceiro gol do Brasil. Ele estava fora da Seleção desde a Copa do Mundo de 2010, quando o Brasil foi eliminado pela Holanda nas quartas de final.
E como forma de celebrar o seu retorno, todos os jogadores foram comemorar com ele na linha de fundo. Depois, os reservas também o abraçaram. Antes disso, o último gol de Kaká com a camisa do Brasil tinha sido em amistoso pré-Copa, na goleada por 5 a 1 sobre a Tanzânia, no dia 7 de junho de 2010.
Aproveitando o bom momento do time na partida, até David Luiz se arriscou como atacante. E quase fez um belo gol aos cinco minutos, passando por três adversários e batendo rasteiro. O goleiro Noor, no entanto, fez ótima defesa. Ele, aliás, salvou o Iraque por várias vezes, com intervenções muitas vezes complicadas.
Se o zagueiro não conseguiu fazer um gol de atacante, Hulk fez. O jogador do Zenit ampliou aos dez minutos, após ótima jogada individual e chute de esquerda: 4 a 0. A elasticidade no placar, obviamente, fez o time de Mano Menezes diminuir o ritmo. O Iraque ainda quase chegou para marcar, mas se atrapalhou na hora da conclusão.
Mas ainda faltava o gol de Neymar. E ele surgiu em grande estilo. Aos 30, o atacante recebeu dentro da área pelo lado esquerdo e bateu colocado de perna direita. Um golaço. Na comemoração, dedo na boca em homenagem ao filho Davi Lucca. Quatro minutos depois, o camisa 11 deu bom passe para Lucas na entrada da área. O apoiador do São Paulo tirou um adversário do lance e finalizou para fazer o sexto.
BRASIL 6 – Diego Alves, Adriano, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Paulinho (Fernando), Ramires (Sandro), Kaká (Lucas) e Oscar (Giuliano); Neymar e Hulk (Thiago Neves). Técnico: Mano Menezes
IRAQUE 0 – Noor Sabri, Samal Saeed, Ali Hussein (Ahmed Ibrahim), Salam Shaker e Basem Abbas; Khaldoun Ibrahim, Muthana Khalid (Jalal Hasan), Hamady Ahmad e Nashat Akram (Alaa Abdul Zahra); Ahmed Yasin (Mustafa Karim) e Younis Mahmoud (Amjad Radhi). Técnico: Zico
Gols: Oscar, aos 21 e 27 minutos do primeiro tempo; Kaká, aos dois minutos do segundo tempo, Hulk, aos dez minutos do segundo tempo, Neymar, aos 30 minutos do segundo tempo, Lucas, aos 34 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos:Al Hussein (Iraque)
Árbitro: Martin Hansson (Suécia)
Auxiliares: Magnus Sjöblom (Suécia) e Per Brogevik (Suécia)
Local: Sweedbank, em Malmo, na Suécia.
Público: 14.147 pagantes
Por Leandro Canônico e Rafael Maranhão Malmo, Suécia – Globo Esporte