Às margens do Rio Sergipe, uma das mais belas paisagens naturais de Aracaju se transforma para melhor. A urbanização da segunda etapa da Orla do Bairro Industrial está em andamento e prevê uma série de benefícios que prometem tornar ainda mais agradável essa região da cidade. A obra está orçada em R$ 3 milhões.
Os serviços que darão continuidade ao complexo já existente na primeira etapa contemplam, entre outros benefícios, a duplicação da pista de rolamento, num trecho de 150 metros, que passará a ter largura de nove metros e canteiro central com um metro de largura. Após a conclusão, duas pistas com 400 metros de extensão, além de 2,5 metros de estacionamento, aprimorarão a mobilidade para moradores e visitantes. Uma nova calçada de 400 metros, com largura variando de 3 a 5,5 metros, se estenderá ao longo do muro de contenção, que também será construído.
“Vai melhorar 100% da nossa vida aqui na região”, acredita o morador Pedro Andrade de Santana, 65 anos, há 22 anos residente da localidade. Ele afirmou que o acesso à região era bastante complicado por conta dos barracos que ocupavam aquela área e foram removidos durante a obra.
O governador Jackson Barreto compartilha da mesma opinião do morador. Para ele, a obra consolidará o espaço como ponto turístico da capital. “Este é um projeto de urbanização que vai tornar nossa cidade mais bonita, melhorando a qualidade de vida da população que aqui reside, além de consolidar esse belíssimo cartão postal da capital sergipana, onde poderemos contemplar a beleza do rio Sergipe que banha a nossa Aracaju. Essa obra incrementará também o turismo na zona norte”, declarou Jackson.
Paisagem turística
Além da urbanização e tratamento paisagístico, que darão uma nova cara a antes mal tratada orla, também faz parte da obra nova iluminação com 12 postes de 16 metros de altura e 26 postes decorativos, com lâmpadas de vapor de mercúrio de 80 watts. Para o lazer de sergipanos e turistas, serão construídos um restaurante contemplativo do Rio Sergipe e um calçadão com bancos.
Elisabeth Bispo dos Santos, 50, tem um estabelecimento comercial há oito anos na Orla do Bairro Industrial. Com a falta de iluminação, ela é obrigada a encerrar suas atividades antes do anoitecer. “A obra vai favorecer o comércio e a vida das pessoas. Antes tinha favela, barraco, obstruindo a vista do rio. Agora vai ser muito melhor e vai valorizar o turismo local”, afirma.
A obra, que está sendo executada pelo governo do Estado por meio da Companhia Estadual de Obras Públicas (Cehop) da Secretaria de Estado da Infraestrutura e do Desenvolvimento Urbano (Seinfra), também integra a implantação das redes de drenagem pluvial e esgotamento sanitário.
“Contaremos com piso táctil em concreto, rampa para cadeirantes, bancos, guarda-corpo em concreto e madeira, sinalização horizontal, lixeiras e ícones em granito com vários desenhos para valorizar a beleza e o aspecto aprazível que essa belíssima vista do rio oferece. Esperamos, com isso, que o turismo na zona norte se desenvolva”, disse o secretário Valmor Barbosa.
João Batista de Santana, 68, mora há 30 anos no Bairro Industrial e vê a urbanização da Orla como essencial para uma melhor qualidade de vida dos ribeirinhos e uma grande oportunidade para o comércio e turismo local.
Além da urbanização da Orla, o governo do Estado realiza também os serviços de pavimentação asfáltica da antiga Rua Fortaleza, passando pela avenida General Calazans, até a rua Curitiba. Somada aos investimentos previstos para a região, a exemplo da construção do Aracaju Parque Shopping, a nova Orla vai transformar o Bairro Industrial, um dos mais antigos de Aracaju, num novo polo de investimentos.
Morador e presidente da Associação dos Moradores e Comerciantes do bairro Industrial, Marcos Anjos lembra que o bairro Industrial completou 95 anos em janeiro de 2015 e que com tantos anos de existência, nunca recebeu tantas melhorias em tão pouco tempo. “É uma série de ações positivas como a obra da 1ª etapa da Orla do Bairro Industrial, iluminação da avenida Euclides Figueiredo, a malha viária de acesso ao Parque da Cidade, a reformas dos colégios estaduais Augusto Ferraz e Castelo Branco, a chegada da empresa Almaviva que ofereceu a oportunidade do 1º emprego aos jovens do bairro, reforma da praça Amintas Jorge e iluminação do campo do Confiança”, detalha.
Proinveste
Além dos investimentos na revitalização da Orla, o bairro Industrial e adjacências recebem ainda recursos do Proinveste. O montante de R$ 12 milhões está sendo investido na urbanização do loteamento Santa Tereza e no bairro Porto D’Anta.
No Santa Tereza, a obra contempla esgotamento sanitário, drenagem e pavimentação, criando uma avenida que trará mais fluidez ao tráfego de veículos. “As ruas dos loteamentos serão urbanizadas. Até o momento, quatro ruas já se encontram pavimentadas. Após conclusão do esgotamento e estação elevatória, vamos pavimentar o residencial Santa Tereza. A obra da Orla vai se encontrar com a obra desse residencial, com a da Avenida Euclides Figueiredo, do Porto D’Anta e vamos ter uma melhoria muito grande em toda essa região”, pontuou Valmor Barbosa.
Bairro histórico
O bairro recebeu o atual nome em 13 de janeiro de 1920, mas já foi também conhecido por Maçaranduba, seu primeiro nome, que logo depois mudou para Chica Chaves, em homenagem à figura popular local que até hoje é lembrada em espaços que levam seu nome. Finalmente, o Bairro Industrial recebeu esse nome devido à grande concentração de indústrias. A primeira etapa da orla que devolveu a autoestima aos moradores foi inaugurada em 2003, pelo então prefeito Marcelo Déda.
O historiador Antônio Lindivaldo, do departamento de História da UFS, conta que os primeiros moradores do bairro foram atraídos pelo crescimento da nova capital. O local, que recebeu as primeiras fábricas de tecidos, foi cenário da primeira greve têxtil de Sergipe e inspirou o livro ‘Os Corumbas’, de Amando Fontes, lançado em 1933.
“O bairro industrial é um lugar especial da nossa história aracajuana. Se formos olhar do ponto de vista da história cultural, enxergaremos o mesmo como um espaço construído por gente de etnias diferentes. No início, não estava integrado ao perímetro urbano da capital e era conhecido como um arrabalde “Chica Chaves” ou “Massaranduba”. Muitos negros, parte da última geração de escravos e seus descendentes, fixaram-se nessa localidade para trabalhar nas fábricas de tecidos. O trabalho nessas fábricas era uma alternativa aos ex-escravos e homens e mulheres ansiosos em melhorar suas vidas. A seca castigava o sertão, os conflitos de terras aumentavam e tanto outros fatores que colaboravam para a migração do pobre para as cidades. A nova capital, fundada em 1855, passou a atrair essa leva de gente sonhadora a partir das primeiras décadas do século XX e uma das alternativas foi morar na “velha Chica Chaves”
“Também famílias ricas, como os Cruz e os Ferraz, enxergaram naquela localidade um bom lugar para investir seu dinheiro e por lá, fundaram a Sergipe Industrial e a Confiança. No romance Os Corumbas de Amando Fontes, por exemplo, encontramos alguns registros importantes dessa localidade, corresponde as primeiras décadas do século XX. Fontes aponta o mundo das fábricas, o interior e o cotidiano fora delas, via a saga da família os Corumbas, que sai do campo para a cidade e se reinventou no novo espaço. O autor narra outras facetas do cotidiano da gente pobre. Foi nessa localidade que ocorreu a primeira greve têxtil de Sergipe. Também lá surgiram os primeiros times de futebol financiados pelas fábricas. Ao redor dessas indústria, surgiram as vilas operárias. Também nesse bairro, algumas pessoas de melhor poder aquisitivo tinham casa para veranear na parte da orlinha”, relata.
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