O furto de água é uma prática criminosa passível de penalidade. Infelizmente, muitas pessoas ignoram a lei e cometem irregularidades no consumo, chegando, inclusive, a danificar as tubulações para se abastecer de forma fraudulenta. Esse é um procedimento que pode resultar até em cadeia para os infratores. Mas o que dizer quando o furto é praticado por um agente público, um político com mandato dado pelo povo através do voto popular?
É justamente isso que ocorreu no município de Carmópolis, a 55 quilômetros de Aracaju. Lá, técnicos do Sistema de Abastecimento de Água e Esgoto (SAAE) flagraram uma rede clandestina, conhecida popularmente como “gato”, na residência do vereador Edval Ramos (PSC), localizada no Bom Jardim. Segundo o coordenador do SAAE, Marcos Valério de Rezende, a equipe foi até o local para atender a um pedido de moradores, que solicitavam uma vazão maior para melhorar o abastecimento nas torneiras.
“Ao chegarmos, o diretor de Operações, Paulo Sérgio, verificou os primeiros sinais da irregularidade. Olhamos com cautela e realmente ficou comprovada a ligação clandestina na casa do vereador. O pior de tudo é que o parlamentar não é usuário do sistema, ou seja, sua casa não tem registro no SAAE, o que agrava ainda mais sua situação. Também fizemos imagens para estudar as providências jurídicas que serão tomadas, mas hoje (segunda, 23) prestamos um boletim de ocorrência contra o vereador na delegacia da cidade”, informou Rezende.
Segundo o coordenador, o SAAE tem feito um trabalho intenso de combate às ligações clandestinas, buscando conscientizar os usuários para o risco do chamado “gato d’água”. “Qualquer pessoa, de A a Z, quem praticar esse tipo de irregularidade, será combatido. A empresa é pública e sobrevive de renda. Se há pessoas que não querem pagar pelo consumo, temos por obrigação acabar com esse crime, algo que prejudica também toda a coletividade, pois a pessoa que não paga pela água, desperdiça o líquido, não raciona”, lamenta o coordenador.
Rezende chama a atenção que o abastecimento d’água é um problema enfrentado pela maioria das cidades não só de Sergipe, mas do Brasil. “No caso de Carmópolis há um agravante porque o município não é banhado por nenhum rio. Nossa fonte maior são os poços. Podemos ter água agora, mas amanhã não sabemos. Por isso, qualquer forma de ligação clandestina, que gera uma vazão descontrolada, tem que ser combatida”, frisou o coordenador. A equipe do Jornal do Dia tentou contato com o vereador por telefone, mas não conseguiu.
Informações do Jornal O DIA