por Paulo Sousa, redação Caju News
O professor e vereador Morgan Prado (PDT), que apoia a gestão da prefeita Rivanda Batalha (PSB) na Câmara Municipal, e que vem sendo duramente criticado pelo Sintese por sua ausência à sessão que resultou na aprovação de um projeto de lei prejudicial ao magistério, concedeu entrevista ao Caju News e revelou com exclusividade os motivos de sua saída da base de apoio a deputada estadual Ana Lúcia (PT) e posterior adesão ao grupo liderado pelo deputado estadual Gilmar Carvalho (PR).
Na entrevista o polêmico parlamentar, que se diz decepcionado com o Sintese, também faz uma avaliação da administração municipal e da própria Câmara de Vereadores. Morgan chega a desafiar alguém provar que ele tenha votado contra os professores. E vai mais longe: “renunciarei meu mandato no dia que eu votar contra professor ou qualquer trabalhador”.
Confira a entrevista concedida ao jornalista Paulo Sousa.
Caju News: Professor Morgan Prado, o senhor é um vereador que faz parte da base aliada à prefeita Rivanda Batalha ou da oposição?
Morgan Prado: Hoje eu faço parte do melhor para São Cristóvão. Professor Morgan Prado foi eleito para ser independente naquela casa. Então eu voto em tudo que for bom para São Cristóvão. O que vier de ruim eu vou votar contra, independente que venha da prefeita ou que venha da oposição. Foi bom, vou continuar votando, foi ruim, vou continuar sendo contra como fui contra no projeto da Ficha Limpa. Não votei contra aos projetos que prejudica os professores por que eu não estava em São Cristóvão, eu estava fazendo um curso na Bahia, e justamente naquela quinta-feira, o curso era das 14h às 20h e eu não tinha como sair da Bahia e chegar aqui a tempo. Mas pra você ter uma ideia, essa semana eu fui fazer outro curso em Salvador. O curso terminou às 16h, eu deixei meu carro em Lauro de Freitas, peguei um moto taxi pra fugir do congestionamento, peguei o carro e cheguei aqui a tempo, por volta de 7h15 da noite e fui direto pra Câmara pra sessão normal sem problema nenhum. Então, eu não disse a prefeita Rivanda que eu estaria apoiando qualquer projeto dela que beneficiasse a população sem problema nenhum, independente de ser bancada. Eu acho que na Câmara de Vereadores não tem essa de bancada, nós temos que fazer o que for melhor para o povo de São Cristóvão. É obrigação da Câmara fazer isso. Esse projeto que prejudicou os professores foi uma incompetência dos vereadores que lá estão que votaram num projeto sem ler, sem ter o projeto na mão. Tem deles ali que provavelmente não sabem nem no que votou. Naquela votação circulam que também teve o aumento da taxa de iluminação pública. É um absurdo o que aquela casa fez. Eu vou fazer um pronunciamento terça-feira e vou apelar ao vereador Evaldo, pra não desmoralizar mais ainda aquela casa, a gente entrar num consenso de não votar projeto sem ler.
CN: A Câmara está desmoralizada hoje diante do que tem acontecido?
MP: No momento que votam projetos sem a leitura é o cúmulo por que aí vamos supor que se a prefeita quiser mandar um projeto tomando a casa dos vereadores eles votam por que não estão lendo o projeto. A gente precisa ter a leitura do projeto, precisa discutir o projeto e encontrar fórmulas que prejudique menos a população. Essa é o papel da Câmara e é esse o meu papel que vai ser lá dentro. Eu me sinto bem confortado naquela casa por que eu não estou ali pra fazer oposição e favorecer alguém da oposição e nem estou ali para estar na situação pra favorecer projetos que prejudiquem o povo. Eu estou ali pra legislar, então eu vou estar acompanhando tudo. Vou dar meu pronunciamento terça-feira, a prefeita se sinta a vontade na posição dela no que vai fazer, agora a minha posição vai ser independente naquela casa só votando no que for bom pra São Cristóvão.
CN: O senhor acredita que a Câmara está sendo mal conduzida pelo atual presidente?
MP: Eu não digo mal conduzida pelo presidente por que a interferência é mínima, eu digo que tem sido feita coisas naquela casa que não se faz em casa alguma, por que esse projeto sem leitura é o cúmulo do absurdo de uma casa legislativa. Nós estamos ali pra fazer a lei. Ai o camarada vota num projeto que não ler. Ai fica difícil até para a população entender.
CN: Em relação ao projeto que prejudicou os professores, o senhor disse que não votou por que estava em um compromisso na Bahia. O senhor tinha conhecimento que este projeto seria votado naquela data?
MP: Aquele projeto foi anunciado que iria para aquela casa na primeira reunião com o promotor de Justiça Fábio Pinheiro, na qual eu estava presente, o Sintese e a deputada Ana Lúcia. E chegou o secretário de Assuntos Parlamentares Armando Batalha e deixou bem claro que iria mandar um projeto revogando as tabelas de 2010 e 2011. Ele deixou claro que ia colocar. No primeiro dia de sessão na Câmara, ele também deixou claro que ia mandar o projeto, não só esse dos professores, mas tem mais projeto que ele vai mandar por que ele deixou claro na explanação dele. Por exemplo, dos médicos deve chegar alguma coisa lá por esses dias também, por que ele deixou bem claro que iria mandar projetos nesse sentido. Ele deixou claro que o atendimento para a população estava ruim e não ia permitir, ia criar um mecanismo de produtividade para os médicos. Ele deixou claro que os médicos iam trabalhar recebendo uma remuneração x e o complemento dessa remuneração seria na produtividade. São essas ações que tem sido feito naquela casa que precisa ter as discussões das coisas. Ele disse que estava encaminhando o projeto na quinta-feira pra ser votado. Eu deixei bem claro pra ele que eu votaria contra. Como ele já tinha ali naquele momento 10 vereadores a favor, o voto do professor Morgan não ia alterar em nada. Seria 10 a 5. Perderia do mesmo jeito como foi 10 a 4. Então meu voto não ia interferir naquele momento. Mesmo assim quando terminou a reunião eu disse: prefeito não mande esse projeto, vai prejudicar os professores, vamos procurar outro mecanismo já que o senhor quer enxugar essa folha. Eu disse que tenha ideias pra chegar a esse enxugamento sem prejudicar a categoria, mas ele disse que era uma decisão de governo, que ia mandar e ponto final. Eu não tinha mais o que fazer. Meu apelo eu fiz pessoalmente a quem estava encaminhando o projeto. Não tinha condições de ficar na votação por que eu já estava inscrito em um curso lá em Salvador, que começava na quinta e terminava domingo, e quando a gente se inscreve não pode estar ausente do curso senão como é que eu vou justificar a minha inscrição? O que tá precisando se fazer em São Cristóvão, é que a categoria, os professores e futuramente os médicos, os fiscais de tributos cheguem aquela casa para puxar os vereadores para o seu lado e não está brigando com vereador por uma questão política partidária. Agora infelizmente, eu fui representante da categoria, acho que a minha vida toda. Eu ajudei demais a construir o Sintese em São Cristóvão e no estado, ajudei bastante. Agora hoje eu me sinto ofendido, bastante decepcionado com a companheirada que por uma questão política minha pessoal de sair do agrupamento político que o Sintese apoia e passar para outro agrupamento não precisava crucificar o professor Morgan e nem prejudicar a categoria. Deveria deixar a questão política partidária do lado e continuamos todos juntos brigando, discutindo, procurando alternativas para melhorar a vida do professor. Eu fui o principal o principal mentor do plano de carreira de São Cristóvão, na época de Armando Batalha, em 2004. Nós aprovamos quase na porrada, mas aprovamos. Praticamente o plano de carreira de 2004 foi aprovado graças a professor Morgan e professor Flávio, que era secretário de Administração. Encabeçando isso aí, o piso em São Cristóvão que fomos o primeiro a pagar, São Cristóvão integralizou piso, pagava piso dentro do mês, dando exemplo para esse estado como é que se administra a coisa pública e dando exemplo até para o próprio governo do estado, por que não adianta a gente ir para a briga e perder. Briga é para brigar, mas é para bater os dois lados e é para ganhar os dois lados. Um só ganhando não vai dar certo. Foi o que aconteceu na rede estadual. Eu hoje estou prejudicado na rede estadual em 22% do ano passado. Cadê a repercussão do Sintese nisso ai? Não tem por que quem foi negociar não foi o professor Morgan. Então é assim que eles agem e estão agindo comigo. Então eu peço a Ângela, Joel e a Francisco, quem tiver liderando o movimento em São Cristóvão que me procure para a gente conversar e encontrar alternativas. Todas as audiências que o Sintese conseguiu com a prefeita Rivanda fui eu que consegui. O Sintese não conseguiu se quer nem marcar as audiências, eu que conseguir fazer esse meio termo para facilitar. A audiência no fórum com o promotor quem marcou foi o professor Morgan. Eu é que tenho corrido atrás, mas agora resolveram me pegar pra Cristo. Está na Semana Santa vamos crucificar o professor Morgan por que não é mais do nosso agrupamento político. Então a gente se sente meio chateado de ver os companheiros levarem por esse lado. O Sintese tem que entender que ali é um sindicato que todos têm o direito de participar. Agora eu não tenho liberdade para mudar de agrupamento para outro? Eu fico chocado de ver como o Sintese está levando as coisas em São Cristóvão. Meu posicionamento vai ser sempre esse, eu nunca mudei e não vou mudar. Eu continuo lutando pelos trabalhadores, eu continuo lutando pelos professores por que eu sou professor. Eu não vou mudar meu estilo de fazer isso ai. Agora na política partidária a coisa é diferente da política sindical. Na política partidária nós precisamos sobreviver. Nós precisamos está em partido que dê condições de você trabalhar. Eu estou buscando o meu espaço. Eu fui expulso do Partido dos Trabalhadores e o agrupamento dizia que se eu fosse expulso todo mundo sairia do partido. Pergunte quem saiu. Ninguém. Morgan foi expulso, Morgan foi multado por que brigou com o partido, Morgan pagou a multa sozinho. Quer dizer que eu só sirvo pra votar? Não, eu sou político e vou ocupar o meu espaço. E se eu resolver ser candidato a deputado estadual vou me crucificar de novo? Eu fico chocado por que o Sintese está levando a coisa para a questão partidária.
CN: O Sintese diz que o senhor traiu a categoria por que não compareceu a sessão para votar contra o projeto do executivo. Qual sua opinião?
MP: Eu quero saber aonde foi que o professor Morgan traiu? Eu nunca votei e nem vou votar nada contra o trabalhador. Eu vou fazer um desafio aqui em primeira mão e quero que você deixe gravado. No dia que professor Morgan votar contra professores de São Cristóvão eu renuncio meu mandato. No dia que eu votar contra um trabalhador eu entrego meu mandato. Eu não vejo uma crítica do Sintese aos outros vereadores. Morgan que não votou é o traidor? Eu não entendo. Eles devem estar enganados. A traição é por que eu saí do agrupamento político. E eu também não traí.
CN: Por que o senhor deixou o agrupamento político da deputada estadual Ana Lúcia para apoiar o deputado Gilmar Carvalho, que é de outro agrupamento político?
MP: Eu almocei com Ana, logo depois da eleição, e disse a Ana que eu trabalhei três eleições. Eu ia para as ruas pedi voto e de tanto insistir saia 500 votos, 2000, 2.500 votos de tanto eu está pedindo. Botava minha moto com som em cima e saia de rua em rua fazendo barulho. Só que agora, eu disse a ela que a coisa mudou por que hoje não é o professor Morgan que vai pra rua. Quem vai pra rua é o vereador Morgan. E ai quando o vereador vai pra rua a cobrança é bem maior. Eu fui pedir pra ela um apoio para que eu pudesse fazer a campanha dela, não é a minha não, por que a minha é daqui a quatro anos. Que ela desse mais um apoio em São Cristóvão para que eu pudesse me locomover, pudesse sair pra rua e atender o povo, por que o povo vai me cobrar. Ela disse que não tinha condições de atender meu pleito. Eu fiquei sem opção, ou seja, eu senti que ela queria que eu saísse. Então se não tem eu disse que não dava para ficar. Aí foi que Gilmar, depois daquela entrevista que eu dei ao Caju News, acredito, me ligou e eu fui conversar com Gilmar. Não foi nem questão financeira. Eu acho que encaixou um com o outro pela nossa história de luta. Com Gilmar foi mais um encaixe, já com Ana foi desencaixe. Ela não quis nem me ouvir direito. Gilmar sentou, me ouviu, a gente conversou. Nós vamos está agindo em conjunto. Eu vou ter o espaço com ele, a ajuda dele para está defendendo comigo os trabalhadores. O único compromisso que eu tenho feito com Gilmar é a defesa dos trabalhadores, que infelizmente Ana não fez questão de ter Morgan do lado dela. Com Ana eu senti a frieza, com Gilmar eu senti o calor humano de está ali um para ajudar o outro. O que eu puder me doar para ajudar na campanha de Gilmar vou me doar, por que quando eu entro é assim. Agora eu no mínimo preciso de respeito, consideração que eu não tive com Ana. Eu acho que ela já queria isso e acho que eu fiz a vontade dela rompendo. E eu não volto atrás não, por que quando eu tomo uma decisão é definitiva.
CN: Qual a avaliação que você faz desses dois primeiros meses da gestão de Rivanda Batalha?
MP: Ela pegou uma prefeitura como se fosse uma empresa falida com muitas dívidas e poucos recursos. Eu reconheço que ela pegou um abacaxi, mas pega abacaxi quem quer, mas ela pegou um abacaxi. Ela está tentando arrumar, ela está preocupada com a certidão negativa do município para trazer recursos para o município. Para você ter uma ideia ela tem R$ 56 milhões de emendas que se não tiver a certidão negativa não chega a São Cristóvão. Eu acho que a gente ainda não pode criticar, a não ser esse projeto desastroso que ela cortou a cabeça dos professores e Câmara esmagou. A não ser esse projeto, eu avalio que ela está num ritmo bom de trabalho. Se ela continuar com esta expectativa São Cristóvão daqui a dois anos vai voltar a ser o São Cristóvão de 20 anos atrás, São Cristóvão vai deslanchar aqui na Grande Aracaju. Fica difícil dá nota por que ela está só trabalhando em folha. A administração de Rivanda ainda não foi pra rua por que ela está só arrumando a casa. Pelas ações dela nesse momento não pode ser boa. No momento que ela corta a cabeça do professor, no momento que ela bota servidor para trabalhar dois turnos, no momento que ela faz toda essa espécie não dá para dá nota boa. Mas nós entendemos que o ajuste tinha que ser feito nesse município. A fórmula que ela encontrou foi essa. Eu sou contra essa fórmula. Eu dou uma nota de 0 a 3 por que está no começo. De repente quando chegar dezembro eu digo 8, 9. É esperar as coisas andarem.
CN: Baseado nos últimos acontecimentos, que nota você daria a Câmara Municipal?
MP: Hoje eu digo que a Câmara de Vereadores está causando prejuízos para a população. Toda vez que vota errado merece zero. Quem vota errado merece zero. Nós temos que votar conscientes e discutindo. Eu dou zero por que os últimos projetos foram votados sem leitura, foram votados pelo número. Eu não tenho como dá outra nota, eu não tenho nem justificativa.
CN: O Sintese diz que São Cristóvão tem dois prefeitos, um de fato e um de direito. É verdade?
MP: Na verdade o secretário de Assuntos Parlamentares tem governado o município. Isso todo mundo sabe e não é novidade para ninguém. Até no Ministério Público nas audiências quem comparece é o ex-prefeito. Mas é uma prerrogativa da prefeita de comandar ou deixar o outro comandar. É uma prerrogativa de autorizar a qualquer um fazer o comando. É uma prerrogativa dela, é uma posição dela. Se isso vai prejudicar ela é um problema também dela. Eu fui secretário der Educação de Alex Rocha e nunca deixei Alex fazer coisa errada na Educação. Eu peitava quando vinha um erro, eu brigava para não acontecer. Aí diziam que eu fazia o governo paralelo da prefeitura. Poderia até ser um governo paralelo, mas pra o bem da educação de São Cristóvão, não para o mau. Agora se a prefeita deixa essas maldades surgirem, não só pelo secretário de Assuntos Parlamentares, mas por outros como a Procuradoria e outros aí têm prejudicado a administração dela, mas é uma opção dela. Eu não posso fazer nada por que ela foi eleita e não quer governar ou está deixando os outros fazerem as coisas é uma opção dela. Infelizmente nada impede que ela delibere qualquer pessoa a comandar. Não tem lei que proíba isso, então acho normal que tenha um de fato e um de direito.