Recentes dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde da Cidade de São Paulo apontaram que o número de novos casos positivos para o HIV triplicou em jovens do sexo masculino, entre 15 a 19 anos, nos últimos 10 anos. Importante salientar que, neste mesmo período, houve uma queda de 22% de novos casos na população geral. Acredita-se que esta tendência também esteja ocorrendo em outras cidades do Brasil.
O que isto quer dizer? Significa que o vírus continua em circulação e que estes jovens rapazes não estão preocupados em se proteger. Não estão usando camisinha. Além disso, muito provavelmente desconhecem a possibilidade da profilaxia pós exposição.
A doença AIDS ficou longe da realidade desta jovem galera. Os portadores do vírus recebem diariamente seu tratamento e – felizmente- a carga viral em níveis baixíssimos permite a vida produtiva e com qualidade. A doença AIDS caiu no esquecimento e para eles categorizou-se como uma remota possibilidade improvável.
Os jovens, que por natureza da própria idade sentem-se atraídos por desafios que os provem potentes super-heróis que tudo vencem, imbuídos da sensação de imortalidade, transam sem camisinha. Afinal, com eles nunca nada acontecerá. Triste engano. Os dados estão aí para provar que não se brinca com a vida.
Resultado: estes rapazes, no auge de sua vitalidade física, para terem uma vida sem sobressaltos e internações hospitalares, devem tomar, todos os dias, sem falhas, antivirais. Problema: estes medicamentos têm efeitos colaterais desagradáveis, que geram extremo desconforto para muitos.
Há que se divulgar também, para todos, homens e mulheres de todas as idades, a possibilidade da profilaxia pós exposição pelo HIV. Poucas pessoas têm conhecimento que, se tiverem exposição ou uma relação sexual suspeita, podem procurar um serviço público de saúde e receber um antiviral que os protegerá de uma possível contaminação pelo HIV. Quanto mais cedo procurarem o serviço de saúde melhor. Idealmente de 2 horas após a exposição até, no máximo 72 horas. Depois disso, a chance de proteção é muito pequena e não estará mais indicada.
Estes dados precisam ser divulgados para todos, especialmente para moças e rapazes. Não só pelas autoridades de saúde, mas por todos nós. Exaustivamente. De preferência falando sua linguagem e utilizando as redes sociais e todas as mídias digitais, que são os meios pelos quais eles se informam do que acontece no mundo.
Será que transar sem camisinha vale o resto da vida inteira tomando remédios?
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por Dra. Ana Escobar/G1/Globo