Pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) divulgaram nesta segunda-feira (17) a descoberta de um caso de paciente com Covid-19 que teria desenvolvido a síndrome de Guillain-Barré. Esse é o primeiro relato científico no qual o material genético do Sars-CoV-2 foi identificado do fluido cerebroespinhal.
A doença afeta o sistema nervoso e apresenta sintomas como a perda de força que começa em membros inferiores. A síndrome ocorre quando o próprio sistema de defesa do corpo ataca os nervos periféricos.
O estudo foi divulgado no dia 15 de maio na revista científica ‘The Pediatric Infectious Disease Journal’, da Sociedade Européia de Doenças Infecciosas Pediátricas, atribuindo à pesquisa a primeira identificação do tipo do mundo.
Segundo a pesquisa, a descoberta ocorreu após análise do RNA de uma paciente de 17 anos, moradora de Aracaju, que aparentava complicação neurológica.
“Alguns casos dessa doença rara têm sido diagnosticados em pessoas com Covid-19 em todo o mundo, mas o entendimento até o momento é de que a patogênese desta condição neurológica quando associada à Covid-19 era apenas imunomediada. Este estudo acrescenta informações importantes sobre a forma como o novo coronavírus pode levar a alterações importantes no sistema nervoso”, disse o coordenador da publicação e chefe do laboratório de Patologia Investigativa da UFS, professor Paulo Ricardo Martins Filho.
No caso relatado na publicação, o intervalo entre o início dos sintomas da infecção causada pela Covid-19 e o surgimento de condições neurológicas provocadas pela Guillain-Barré foi de apenas uma semana, ocorrida no mês de fevereiro.
Segundo a UFS, até a publicação do estudo, os pesquisadores levantaram 42 casos de pacientes com a síndrome rara associada à Covid-19 no mundo. Porém, diferentemente do caso relatado em Sergipe, os 25 pacientes submetidos à coleta do líquor tiveram o resultado negativo quanto à presença do material genético do Sars-CoV-2 no líquido cerebroespinhal.
A médica neurologista do Hospital Universitário de Aracaju e pesquisadora, Lis Campos Ferreira, disse que a paciente já teve alta e está clinicamente muito melhor. “Ainda tem fraqueza muscular, mas já consegue andar sem ajuda. Continua em seguimento neurológico ambulatorial e reabilitando na fisioterapia”. Ao todo, sete pesquisadores de Sergipe participaram do estudo.
Doença rara
Guillain-Barré é um distúrbio autoimune, no qual o sistema imunológico ataca os nervos do próprio corpo, tendo origem geralmente por uma infecção anterior à síndrome. O risco provocado pela doença se eleva quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios, podendo levar a pessoa à morte ao comprometer o funcionamento do coração e dos pulmões.
Há cinco anos, o Brasil sofreu um aumento expressivo no número de diagnósticos da doença por causa da associação à epidemia do zika vírus. Porém, ainda não há registros oficiais sobre a incidência da síndrome rara na população brasileira.
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Fonte: G1SE