Por Mateus Coutinho, Fausto Macedo e Ricardo Brandt, enviado especial/Estadão
As investigações da Lava Jato envolvendo contratos de publicidade com órgãos estatais chegaram até às verbas do Tribunal Superior Eleitoral, instância máxima da Justiça Eleitoral no País. Levantamento do Ministério Público Federal a partir dos dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI) mostra que a agência de publicidade Borghi Lowe – investigada por suspeita de operar o repasse de propinas a políticos – recebeu R$ 4,7 milhões da Secretaria de Administração da Corte Eleitoral.
Os dados fazem parte do relatório técnico elaborado pelo Ministério Público Federal para pedir a prisão preventiva – sem prazo para acabar enquanto perdurarem as investigações – do publicitário da Borghi Lowe Ricardo Hoffman, que foi preso temporariamente na 11ª etapa da Lava Jato, deflagrada na última sexta-feira, 10. O juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato, acatou o pedido e destacou que Hoffman operava um esquema “milionário” de distribuição de propinas e que “apenas uma pequena parte de seus delitos foi desvelada”, disse o magistrado na decisão.
Ao todo, segundo o levantamento do MPF, a Borghi Lowe recebeu R$ 118 milhões de órgãos públicos entre 2010 e 2015. A maior parte destes recursos veio da Coordenação- Geral de Material e Patrimônio do Ministério da Saúde, mas R$ 4,7 milhões tiveram como origem a Secretaria de Administração do TSE. O relatório, contudo, não discrimina em que ano foram feitos estes repasses nem os valores de outros pagamentos feitos por órgãos públicos.