Sydnei Ulisses de Melo*
O dia 16 de junho último foi marcado por acidentes que ceifaram a vida de pessoas queridas em Sergipe. Na capital a forrozeira Eliza Clivia, que passava pela cidade, perdeu a vida em um acidente na região central.
No interior, retornando de Umbaúba, o casal amigo Carlos e Tania, foram alcançados pela fatalidade. A amiga Tânia Isabel Fortunato, conhecida por sua dedicação a harmonia familiar e a propagação da fé cristã para todas as pessoas, foi retirada do nosso convívio. A Igreja Batista em Sergipe está de luto por esta perda.
O caso Eliza Clívia ganhou repercussão nacional dado a visibilidade da cantora, é natural que seja assim, afinal o alcance da música, sobretudo nestes dias de festejos juninos, é realmente nacional, mas cabe-nos destacar que só em Sergipe morre pelo menos 3 pessoas a cada 2 dias e isso é realmente preocupante.
No Brasil são 50.000 mortes por ano. As pessoas lotam os pronto atendimentos, falta sangue nos bancos dos hospitais, acumulam-se as cirurgias especialmente as ortopédicas, e tudo isso poderia ser minimizado com ações de conscientização feita na base familiar.
É flagrante a indisposição social de discutir o tema e dar novos rumos aos números trágicos do trânsito brasileiro. Em uma ação quase isolada desenvolvemos o tema “Gentileza gera paz no trânsito”, e apesar da nossa disposição e oferta tivemos raríssimas oportunidades de tratar o assunto em escolas e empresas.
O fato é que só voltamos o pensamento a este tema quando a tragédia nos alcança ceifando a vida de familiares, amigos ou pessoas de grande notoriedade. Lamentável que seja assim.
Outro forte indicativo da indisposição social são os reclamos da população toda vez que uma ação para coibir os abusos é implementada. Os radares de controle de velocidade são vistos como ferramenta de arrecadação mesmo restando claro que a aplicação de multa só ocorre quando a velocidade extrapola os limites da via.
As colisões, quase na totalidade provocadas pelos excessos de velocidade em Aracaju, superam a marca de 5000 por ano. Mesmo assim a quem prefira andar acima dos 60km permitido nas vias da capital, aumentando o risco de acidentes e reclamando dos controles, pelo menos até que alguém próximo seja alcançado pelos números do trânsito.
Amanhã é outro dia, e a menos que façamos algo agora, continuaremos perdendo 400 a mais sergipanos todos os anos, e 50.000 lares brasileiros serão entristecidos com a perda de entes queridos.
*Sydnei Ulisses de Melo é instrutor de trânsito