O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setransp) informou que 45 ônibus foram retirados de circulação na manhã desta sexta-feira (31) por causa de um protesto dos motoristas de táxis-lotação de Aracaju. Em nota oficial, o sindicato repudiou o protesto e classificou os atos de parar os veículos, mandar passageiros e funcionários descerem e esvaziarem os pneus como ‘vandalismo’.
“Foi um ataque ao patrimônio público, daqueles que estão à margem da lei. É um desserviço de maior dano à população que está tendo seu direito de ir e vir ferido. A Polícia Militar já avisou que vai apreender todos aqueles que estiverem agindo com vandalismo contra o transporte público. As empresas de ônibus estão atuando de imediato nos reparos destes veículos para que o tráfego do transporte coletivo seja regularizado o quanto antes”, informa o documento.
Na manhã desta sexta-feira (31) pelo menos seis ônibus ficaram impossibilitados de seguirem viagem no terminal de integração do mercado, no Centro da capital, e outros dois ficaram parados na Avenida Ivo do Prado por causa de pneus esvaziados. Um veículo ficou na mesma situação na Avenida Gasoduto, no bairro Orlando Dantas, ele e outros ônibus foram impedidos de entrar nos bairros Santa Maria e 17 de Março por causa do bloqueio dos manifestantes.
Segundo Cláudio Santana, representante da Cooperativa de Transporte Alternativo do bairro Santa Maria (Coopetasmar), os manifestantes do bairro Santa Maria não esvaziaram os pneus dos ônibus, só pararam os veículos e avisavam aos motoristas que estavam se rebelando. “Alguém da comunidade pode ter esvaziado os pneus porque os moradores nos apoiam e também querem a aprovação, nós temos quase 30 mil assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular para regulamentar o serviço de transporte alternativo comunitário”, revela.
Santana afirma ainda que mais de 100 carros que fazem o táxi-lotação foram apreendidos ao longo desta semana. “Os cooperados estavam falando que não iriam aguentar a pressão e perseguição da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT). Não tem lei que mande apreender nossos carros e nem ordem de juiz ou de Ministério Público para fazer isso, então quem está comandando essa perseguição aos trabalhadores? Queremos ser legalizados para trabalharmos com tranquilidade. A gente quer encontrar o prefeito João Alves Filho para debater isso diretamente com ele”, explica.
Manifestação x vandalismo
O coronel da PM, Luiz Azevedo de Costa Neto, lembrou que todo cidadão tem direito a se manifestar. “A Polícia Militar não vai aceitar a partir do momento que vira baderna como furar pneus e impedir que trabalhadores cumpram suas funções, retirando-os a força dos ônibus. Conversamos com algumas lideranças do movimento e a PM informou que quem é manifestante será tratado como manifestante e quem é baderneiro será tratado como marginal e vai ser preso”, destaca.
Os atos dos taxistas alternativos aconteceram simultaneamente em vários pontos da capital com lideranças diversas. Carisvaldo de Jesus Santos, presidente da Cooperativa de Fretamento do bairro Coroa do Meio, disse que espera que o movimento seja suspenso para análise de uma melhor forma de pedir a regulamentação do serviço de táxi-lotação e contra fiscalização intensa e apreensão dos veículos.
“Essa ideia de esvaziar pneus não partiu da gente, mas meu papel é ajudar e defender algum cooperado que possa ter feito isso. A PM nos deu uma orientação e estamos aguardando nossa advogada chegar, o importante é que a gente tenha esse apoio das autoridades”, observa Carisvaldo.
O presidente da Cooperativa do Conjunto Santa Lúcia, João Batista de Jesus, completa: “vamos fazer as coisas de acordo com as autoridades para que nada saia errado. Não queremos que a população fique contra nós para que o poder político nos respeite”.
Com informações de Marina Fontenele e Tássio Andrade do G1, em Sergipe