A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta de que a epidemia de dengue deste ano pode se tornar a pior da história. Durante uma coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (28), a entidade revelou que até o dia 26 de março, foram registrados 3,5 milhões de casos da doença nas Américas, resultando em mais de mil mortes. Esses números representam um aumento significativo em comparação ao mesmo período de 2023, preocupando os especialistas.
“Sabemos que a dengue segue um padrão sazonal, com a maioria dos casos ocorrendo no primeiro semestre do ano. No sul, os primeiros meses do ano correspondem à estação mais quente e chuvosa, que favorece a circulação do mosquito Aedes aegypti, principal vetor da doença”, explicou Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Amaricana de Saúde (Opas), braço da OMS no continente.
Brasil, Paraguai e Argentina emergem como os países mais afetados, respondendo por 92% dos casos e 87% das mortes relacionadas ao vírus. A circulação simultânea de múltiplos sorotipos do vírus aumenta o risco de epidemias e formas graves da doença, com pelo menos 21 países das Américas relatando essa situação.
“Isso é motivo de preocupação, pois representa três vezes mais casos do que os relatados na mesma data em 2023, um ano recorde com mais de 4,5 milhões de casos relatados na região”, disse Barbosa.
Apesar da disponibilidade da vacina contra a dengue, o diretor da Opas ressaltou que ela não resolverá o problema imediatamente, pois requer duas doses administradas com um intervalo de três meses entre cada uma. Ele ainda enfatizou que o controle eficaz da doença ainda depende da eliminação dos criadouros do mosquito transmissor.
A OMS também alertou para o papel das mudanças climáticas, incluindo fenômenos como o El Niño, que podem contribuir para o aumento da incidência da dengue.
“As variações climáticas frequentemente resultam em picos na transmissão da doença. Além disso, fatores sociais como o rápido crescimento populacional e a urbanização não planejada também impulsionam sua disseminação”, acrescentou Barbosa.
Também nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde anunciou a lista com as 154 cidades que farão parte da nova fase da campanha de vacinação contra dengue para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
Os municípios estão localizadas em 11 Regiões de Saúde, formadas por cidades fronteiriças que compartilham estruturas como redes de comunicação e infraestrutura de transporte. O objetivo é integrar a organização e a execução de ações e serviços de saúde.
A pasta também afirmou que vai redistribuir 668 mil doses do imunizante que vencerão em 30 de abril, 523 mil em junho e 84 mil em julho para evitar que elas sejam inutilizadas.
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Fonte: Folha de São Paulo